Entre a ubiquidade da IA, computação quântica e saúde social: presente e futuro em jogo
SXSW 2025 reforça que a tecnologia avança rápido – a questão é como a humanidade reage
SXSW 2025 reforça que a tecnologia avança rápido – a questão é como a humanidade reage
17 de março de 2025 - 14h53
O SXSW vem recebendo críticas, especialmente por ser menos ousado do que poderia em sua curadoria, já que nasceu como um evento contestador, que sempre desafiou o status quo. Mas é inegável sua relevância e sua capacidade de funcionar como um termômetro do que permeará a sociedade nos próximos anos.
Neste artigo, proponho um primeiro download do evento a partir de três grandes temas que se destacaram: a onipresença da inteligência artificial, os avanços da computação quântica e a urgência da saúde social.
Se a inteligência artificial já dominava o debate nos últimos anos, desta vez sua ubiquidade tornou-se um dado de realidade. Em muitos painéis, nem sequer foi mencionada – não por falta de importância, mas porque já está implícita em tudo.
A futurista Amy Webb destacou o avanço dos sistemas multiagentes (MAS), em que inteligências artificiais operam e tomam decisões sem intervenção humana. No jogo Minecraft, agentes autônomos estão aprendendo a colaborar, criar regras e se comunicar. Mas há um paradoxo: a linguagem humana, com toda sua complexidade e nuances, reduz a velocidade da IA. A solução? O Droidspeak – uma linguagem matemática precisa, sem ambiguidades, que acelera a comunicação entre agentes artificiais.
Outro conceito que ganhou força é o de Embodied AI, no qual modelos de IA são conectados a sensores e passam a interagir fisicamente com o mundo. Essa abordagem contrasta com a IA tradicional, que opera puramente no ambiente digital, sem experiência sensorial ou emocional.
No painel AI Agents and the Future of Human Collaboration, Nickle LaMoreaux, CHRO da IBM, destacou que os agentes de IA atuarão cada vez mais como orquestradores de ferramentas, facilitando interações complexas. Para os profissionais, isso significa a necessidade de desenvolver novas habilidades – não apenas técnicas, mas também julgamento, comunicação, criatividade e colaboração. Saber extrair o melhor dos agentes de IA será crucial.
E há, claro, um debate cada vez mais intenso sobre direitos autorais na era da IA. O painel The AI, Creativity, and the Fight Around Fair Use, trouxe uma questão essencial: como equilibrar inovação tecnológica e proteção dos direitos artísticos? A maneira como esse dilema for resolvido pode definir o futuro da criatividade.
Outro tema que emergiu com força foi a computação quântica. O CEO da IBM e a COO do Google for Quantum AI, foram categóricos: essa tecnologia está avançando rapidamente e teremos impactos concretos ainda nesta década.
Diferente da IA, que opera sobre dados conhecidos, a computação quântica lida com dados não elucidados, reduzindo para minutos cálculos que, em um sistema convencional, levariam septilhões de anos. Isso abre caminho para soluções antes consideradas inviáveis – desde otimização logística até avanços em medicina e mudanças climáticas.
No meio de tanta inovação tecnológica, um tema profundamente humano também se destacou: saúde social e longevidade. Estudos mostram que conexões significativas aumentam a expectativa de vida, mas, paradoxalmente, vivemos uma epidemia de solidão.
O SXSW trouxe uma reflexão urgente: não basta criar tecnologia – é preciso direcioná-la para fortalecer as relações humanas. Há quem diga que o evento “é sobre pessoas”. E é. Mas é mais do que isso. Sem uma abordagem inteligente e intencional, corremos o risco de sermos passivos diante de avanços que podem tanto nos empoderar quanto nos engolir.
O futuro está em jogo. A questão não é apenas o que a tecnologia pode fazer, mas o que faremos com ela.
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