Falar com grandes audiências não é o mesmo que vender muito
O foco deve estar nas pessoas reais com potencial de geração de receita e de impactar diretamente nos resultados dos negócios, dado o alto nível de engajamento e conexão
O foco deve estar nas pessoas reais com potencial de geração de receita e de impactar diretamente nos resultados dos negócios, dado o alto nível de engajamento e conexão
21 de março de 2024 - 15h58
O último painel sobre creator economy no SXSW tocou em um ponto bastante sensível e me gerou reflexão. Com o título Death of the Follower & the Future of Creativity on the Web, o CEO da Patreon, Jack Conte, falou literalmente sobre a morte do termo ‘seguidor’ e explicou, de acordo com o seu ponto de vista, como será o futuro da criatividade no universo da internet, visto tantos avanços, ao mesmo tempo que existem muitas pessoas fazendo o ‘mais do mesmo’.
Quando citou a evolução da internet, Jack Conte abordou como nossa relação com a audiência nas redes foi se moldando: primeiro, temos o alcance, que se enquadra no reach, depois as pessoas nos seguindo, que seria o following, e por fim, os fãs de verdade, ou melhor, os trues fans, que são as pessoas reais com potencial de geração de receita e de impactar diretamente nos resultados dos negócios, dado o alto nível de engajamento e conexão.
Essa linha de raciocínio me faz refletir sobre a importância que grandes empresas dão para possuir números dentro das redes sociais. Muitos acreditam que uma marca deve ser considerada mais relevante que outra apenas porque tem mais seguidores. E é uma questão bem mais séria do que parece, já que existe o “esquecimento” de que esses seguidores são seres humanos por trás dos perfis, com altas chances de contribuir para solucionar nossos problemas de negócios.
Ou seja, tudo que é criado e disponibilizado na internet para o consumo dos usuários é uma experiência real. Por isso, é cada vez mais necessário estabelecer uma conexão genuína com o público, dando atenção e criando uma base fiel, que vai comprar seu serviço, seu produto e suas ideias. Esse é um ponto de alerta para todos que criam conteúdo hoje para internet, sejam as marcas ou os creatos.
O fato é que as marcas sempre estiveram preocupadas em falar para muita gente, em ter um alcance muito grande e conquistar cada vez mais seguidores. Porém, será que é isso mesmo que importa? O essencial deveria ter pessoas de verdade te apoiando, os true fans, citado por Jack Conte. Já passou do momento de entendermos que o foco precisa sim ser os fãs, os consumidores verdadeiros, pois é o que gera resultado para as companhias. Falar com muita gente não significa vender muito.
Afinal, os conteúdos produzidos para a internet podem sim impactar a realidade e a vida real. A creator economy é sobre o quanto você gera negócio por meio do creator. E essa geração de negócio está relacionada ao dinheiro, ao potencial de transformação, a capacidade de resolver problemas e, principalmente, de ajudar a humanidade. É uma visão mais qualitativa do que quantitativa.
Esse último painel mexeu comigo, já que estar pela primeira vez no SXSW tem tudo a ver com a relação que quero trazer para o meu público, para as empresas que a Trope – consultoria de geração Z da qual sou fundador – trabalha, e para as pessoas de maneira geral. Confesso que algumas vezes senti uma desconexão do que estava sendo falado de futurismo com a nossa realidade aqui no Brasil.
Neste momento, sinto que é meu papel e de tantos outros brasileiros, por termos tido a oportunidade do acesso, democratizar as informações e disseminar tudo do que foi ouvido. Minha luta pessoal é conseguir aumentar a participação da GenZ nos próximos anos, que muitas vezes não está presente devido aos preços e altos custos do evento. Porém, é fundamental que tenhamos em mente que o aumento da diversidade e da pluralidade são ganhos significativos, para o SXSW e para a evolução do mercado.
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