Frenesi de ideias no SXSW 2024: sabedoria, tecnologia e inovação

9 de março de 2024 - 13h42

O SXSW 2024 teve início com uma tríade de apresentações de impacto. No primeiro dia do evento, em meio ao frenesi de uma audiência que cruzava rapidamente a cidade para não perder o horário das palestras em diferentes endereços, três renomados palestrantes compartilharam suas perspectivas sobre temas tão diversos quanto a sabedoria do envelhecimento, o design na era da inteligência artificial e o pensamento não óbvio.

Chip Conley, conhecido por sua inovação no setor hoteleiro e como cofundador da Modern Elder Academy, apresentou a palestra “Learning to Love Midlife”, com uma abordagem provocativa sobre a meia-idade e sua transformação. Desafiando a visão tradicional dessa fase da vida como uma crise, Conley a define como uma oportunidade de metamorfose, e a compara a uma crisálida. Uma abordagem que sacode o tema etarismo, que é a nova fronteira do preconceito a ser combatida no mundo corporativo.

Ao destacar que a nova faixa etária que define a meia-idade está entre 35 e 75 anos, Conley apontou uma perspectiva única ao relacionar a idade atual com a expectativa de vida total. Sua palestra abordou a mudança de paradigma necessária ao encarar a meia-idade, desde o planejamento financeiro até escolhas de vida e atividades físicas. Ele defendeu que o idoso moderno é caracterizado pela curiosidade e sabedoria, enfatizando a importância das relações sociais para uma vida longa e satisfatória. Tenho visto um movimento de empresas em busca desse conhecimento que sabe onde estão os atalhos de processos e possui visão ampliada do universo corporativo. Saí da palestra e comprei o livro dele.

John Maeda, conduziu uma das sessões mais aguardadas do evento “Design in Tech Report 2024: Design Against AI”. Com um extenso currículo, que inclui o cargo de VP de design e inteligência artificial na Microsoft, Maeda mergulhou em uma visão sobre a interseção entre design e inteligência artificial.

Sua palestra provocou reflexões cruciais sobre o papel dos designers na era da IA, destacando a importância de pensar criticamente sobre as implicações éticas e práticas dessa tecnologia em constante evolução. Uma abordagem que tenho acompanhado muito de perto com as novas ferramentas de IA que estamos desenvolvendo capazes de observar esses quesitos no criativo. Maeda explorou uma variedade de tópicos relacionados à tecnologia, enfatizando o valor do design como uma força humanizadora – outro ponto onde convergimos pois defendo que a IA não substitui a mão de obra humana, mas a empodera.

Já na palestra de Rohit Bhargava, “The 4 Elements of Non-Obvious Thinking” a última do dia, ele promoveu uma celebração do pensamento não óbvio. Autor best-seller do Wall Street Journal, Bhargava compartilhou sua experiência em identificar tendências e padrões de forma semelhante aos futuristas. Ele foi apresentado por Hugh Forrest, responsável pela forma e conteúdo do SX, com uma das pérolas do evento que o acompanha há mais de uma década.

Com humor afinado, Bhargava relatou sua péssima experiência quando lançou seu primeiro livro e sua tarde de autógrafos naufragou em uma livraria onde ficou em pé com um microfone na mão, a espera de alguém interessado em saber sobre seu livro, quando uma mulher se aproxima, aguarda alguns minutos sentada em sua frente e solta a pergunta: qual música você vai cantar? Sua palestra ofereceu uma visão abrangente sobre como criar espaço para novas ideias, descobrir insights valiosos, encontrar foco e aplicar reviravoltas únicas para impulsionar a criatividade e o sucesso. Bhargava enfatizou a importância de questionar suposições e buscar soluções criativas, encorajando os participantes a adotarem uma abordagem de pensamento não óbvio em suas vidas pessoais e profissionais.

As palestras ofereceram uma visão multifacetada e inspiradora sobre temas que moldam nosso presente e iluminam o futuro. Desde a sabedoria do envelhecimento até o design na era da inteligência artificial e o pensamento não óbvio, saí delas com a provocação de reflexões profundas, incentivado a atuar no meu cotidiano com uma abordagem crítica e criativa diante dos desafios do mundo contemporâneo. É assim o SXSW, em meio ao frenesi de ideias surge o aprendizado e a inovação, assim saímos melhor preparados para enfrentar os desafios do futuro com criatividade e determinação.