Gaming e marcas: o novo território da conexão digital
A competição pela atenção mudou de plataforma – e as marcas precisam acompanhar essa evolução
A competição pela atenção mudou de plataforma – e as marcas precisam acompanhar essa evolução
12 de março de 2025 - 17h11
Por anos, o social media marketing dominou a estratégia das marcas. Do Facebook ao TikTok, as plataformas digitais transformaram a relação entre empresas e consumidores, reduzindo barreiras e criando novas formas de interação. Mas e se esse modelo estivesse se tornando obsoleto? A evolução da Attention Economy aponta para um novo território: os mundos virtuais dos games.
Hoje, a disputa pela atenção é acirrada. A geração Z está cada vez mais voltada para os games. Em média, essa geração passa 180 minutos por dia no Roblox, contra 107 minutos no TikTok e 87 minutos no YouTube. Fortnite e Minecrafts também superam o tempo médio no Instagram, que é de 45 minutos diários. Charles Hambro, CEO da GEEIQ, contou em sua palestra no SXSW que nas redes sociais tradicionais, o tempo médio de engajamento com um conteúdo é de apenas 1,3 segundos. Já dentro de plataformas imersivas como Roblox ou Fortnite, essa atenção se expande para 11 minutos. A diferença é brutal!
Estamos falando de gerações que escolhem o que retém a sua atenção com conteúdo de gaming. 92% dos Gen Z estão mais inclinados a engajar com esses grandes espaços como Roblox e Fortnite e, só 60% deles com o TikTok e 33% com o Facebook. Quando falamos da geração Alfa esse número também tem grandes diferenças: 96% são mais engajados com o mundo dos games, 44% com o TikTok e só 6% com o Facebook. Isso significa que, enquanto consumidores percorrem seus feeds em piloto automático, o universo dos games emerge como um espaço de conexão ativa, onde gerações como a Z e a Alfa interagem, colaboram e constroem experiências.
A evolução da publicidade seguiu um caminho previsível: da TV aberta e revistas para o social media e, agora, para os mundos virtuais. Mas essa transição apresenta um grande desafio para as marcas. Gucci, Versace e outras gigantes do luxo conseguiram criar espaços próprios dentro desses ambientes, mas o que acontece com as empresas que não têm orçamentos milionários para desenvolver universos completos dentro de um game?
Em 2024, vimos um ponto de inflexão para as marcas nos mundos virtuais. Segundo o relatório State of Brands in Gaming & Virtual Worlds IV, mais da metade das marcas que já entraram nesses ambientes digitais o fizeram apenas no ano passado. Esse crescimento não é coincidência: 880 ativações de marca aconteceram em mundos virtuais em 2024, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. Roblox, Fortnite, ZEPETO e The Sandbox lideram esse movimento, tornando-se espaços estratégicos para ativações de marketing. O consumo de conteúdo de games também explodiu: em 2022, 3 milhões de espectadores assistiram a esse tipo de conteúdo.
Aqui entra o papel dos criadores de conteúdo gamers. Ao invés de tentar competir com as estruturas grandiosas de grandes marcas, as empresas podem se conectar organicamente aos públicos desses criadores. Plataformas que já reúnem uma base expressiva de influenciadores especializados em gaming, criam um caminho mais acessível para as marcas entrarem nesses ecossistemas digitais.
A estratégia não precisa ser sobre “ter um espaço dentro de um game”, mas sim estar presente na conversa dos jogadores. Criadores gamers podem apresentar produtos, promover ativações dentro das comunidades e inserir marcas de forma natural, gerando impacto e construindo relevância. O gaming não é apenas entretenimento; é um novo ambiente social onde conexões acontecem.
A atenção do consumidor está cada vez mais dividida entre diferentes plataformas e formatos. Para as marcas que querem continuar relevantes, é essencial entender sua audiência e antecipar seus movimentos. A pergunta não é apenas se elas devem entrar nesse universo, mas como farão isso de forma autêntica.
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