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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Humanização na era da IA

A Inteligência Artificial agora é uma realidade e muito se fala sobre formas mais equilibradas de se usar a tecnologia


17 de março de 2025 - 19h29

Quem já teve a oportunidade de participar do SXSW muitas vezes relata que é uma experiência de pisar no futuro e dar uma espiada para ver o que vem aí. E, se nos últimos anos a Inteligência Artificial era a novidade, agora é uma realidade e muito se fala sobre formas mais equilibradas de se usar a tecnologia. Durante os dias de evento, muito ouvi sobre humanização e ação em comunidade, não só em relação à IA, mas também para driblar o domínio de interesses comerciais e de poder nas redes sociais, que já tiveram um papel mais forte na formação de comunidades e na expressão de ideias de forma democrática, mas que agora moldam opiniões e fortalecem discursos pautados por interesses políticos, por exemplo.
Na palestra “Liberdade de expressão ou liberdade para odiar”, chamou-se atenção para nossas pegadas digitais e como esses dados coletados a partir do uso dessas tecnologias moldam o mundo real. Não tem como ignorar como isso impacta individual e coletivamente e, por mais que pareça óbvio, estamos todos conectados – incluindo empresas e marcas – fornecendo nossos dados e fortalecendo agentes nocivos à liberdade de expressão e de discussões importantes para sociedade. Diante dessa realidade, ações mais incisivas precisam ser tomadas e foi isso que trouxe para a discussão a Lush, marca britânica de cosméticos que decidiu se retirar de plataformas como Instagram e X por acreditar que não são ambientes seguros para seus clientes, impulsionando a #BigTechRebellion e alertando os seguidores sobre suas ameaças.
Em outro momento, numa ativação dedicada à IA, participei de uma experiência de clonagem de voz e conversei comigo mesma pelo telefone. E o recado ao final da experiência era sobre o que já é possível se fazer – criando nas nossas cabeças as mil possibilidades que essa tecnologia abre, para o bem e para o mal – e que só vamos conseguir diferenciar o real do artificial se tivermos relações de verdade muito bem construídas. Mas nos dias de hoje, o que ainda se mantém firme ao real, àquilo que nos comove?
“Não vemos o mundo como ele é, vemos o mundo como nós somos”, disse Frederik Pferdt, que liderou a cultura de inovação no Google por muitos anos, na primeira palestra que assisti nesta última edição. Como é o futuro que eu construo? Parece óbvio, mas não custa lembrar que quando trazemos a responsabilidade do futuro para nós, tendemos a enxergar uma perspectiva melhor. E, de fato, somos nós que construímos o futuro. A partir daí vem o convite de imaginarmos todos os dias como será a vida lá na frente e nos conectar com o amanhã, criando empatia com as pessoas que seremos daqui a 20, 30, 40 anos. O que podemos fazer hoje para ter uma vida melhor amanhã? Ou melhor, o que ainda produzimos hoje que será lembrado fora dos algoritmos amanhã?
Como profissional de marketing e da música, saio com a sensação de que sempre surgirão novidades e formas de nos conectarmos, mas a emoção, aquilo que vem de dentro e conecta artistas e fãs, não tem como ser ignorado e continua insubstituível. Trabalhamos por impacto cultural, isso que vamos sempre perseguir. E, não à toa, o evento que nasceu da música, termina com a agenda de shows mais inovadora, autêntica e surpreendente do mundo, reforçando esse sentimento de conexão através do som e atiçando o que une cada uma das pessoas que viaja até Austin nessa época do ano: a curiosidade.
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