IA, um tema velho, “öpis”, novo!! – rumo ao negócio auto-evolutivo

12 de março de 2025 - 11h42

O South by Southwest (SXSW) 2025, mais do que um festival de tecnologia, cultura e inovação, vem se revelando para mim um profundo exercício de reflexão sobre o que significa ser humano em um mundo cada vez mais moldado pela Inteligência Artificial (IA). Em meio à atmosfera vibrante de Austin, o evento não se limita a celebrar os avanços tecnológicos, mas também a questionar o seu impacto em nossa essência, em nossas relações e em nosso futuro. E, embora a IA não seja um tema inédito, o SXSW 2025 demonstrou que ainda há muito a ser explorado e debatido sobre o seu potencial transformador e os seus riscos inerentes.

A IA, onipresente em praticamente todas as sessões que participei e que, quando olho a agenda das próximas, também se mostra intensamente presente, não há como negar a sua força, capaz de revolucionar indústrias inteiras.

O otimismo é palpável, com exemplos concretos do seu potencial na saúde, na mídia e nos negócios, como demonstrado em diversas apresentações. A IA em membros biônicos, a sua capacidade de combater o desperdício de alimentos e até mesmo a alquimia linguística foram temas que despertaram um senso de admiração e esperança, ou até como solucionar problemas mais complexos em discussões entre elas mesmas, dá para acreditar nisso?

No entanto, o SXSW 2025 não se furtou aos receios que acompanham essa revolução e que alguns não são 100% novidade, como a ética da IA, a governança, a desinformação e o potencial deslocamento de empregos foram preocupações recorrentes, abordadas em diversas discussões. O evento reconhece que a

IA não é uma solução mágica, mas sim uma ferramenta poderosa que exige responsabilidade e cautela.
Mais uma vez, quando olho como todo o que estamos vendo aqui sobre o tema, alguns têm uma perspectiva ainda mais sombria, alertando para o impacto da IA no aumento da solidão, gente para mim isso faz muito sentido. Já outros, a tecnologia, ao invés de aproximar, pode alienar, oferecendo uma imitação da vida em telas que sequestra a conexão humana. Essa dualidade da IA, como ferramenta de progresso e fonte de isolamento, permeia o evento, instigando reflexões profundas sobre o papel da tecnologia em nossas vidas.

O negócio auto-evolutivo: uma nova espécie em ascensão

A palestra “The Auto Evolving Business: AI’s Agentic Near Future”, de Neil Redding, Founder + CEO da Redding Futures, trouxe uma nova camada a essa discussão. Redding apresentou uma visão da IA não apenas como uma ferramenta, mas como uma nova espécie, capaz de interagir e raciocinar de forma semelhante aos humanos, disruptando ecossistemas de negócios e forçando-os a evoluir rapidamente.
Para Redding, essa evolução se dá em cinco estágios:

1. Prompt: O estágio inicial, onde a IA aguarda um comando humano para agir.
2. Participate: A IA se torna um participante ativo, oferecendo sugestões e insights, como um colega de trabalho.
3. Delegate: A IA assume tarefas e responsabilidades, exigindo confiança e autonomia.
4. Initiate: A IA começa a agir por conta própria, identificando oportunidades e tomando decisões.
5. Symbiosis: A IA e os humanos trabalham em perfeita harmonia, complementando as habilidades uns dos outros.

Redding usou a metáfora da floresta devastada pelo fogo para ilustrar essa simbiose. Assim como os cogumelos morchella (morales) surgem após o incêndio, ajudando a regenerar o ecossistema, a IA pode ajudar as empresas a se recuperarem e prosperarem em um ambiente de constante mudança. A chave, segundo Redding, é a participação: a IA não deve ser vista como uma substituta dos humanos, mas sim como um parceiro em um sistema descentralizado e interconectado.

A palestra também alertou para a necessidade de repensar o modelo de negócios tradicional, que busca o controle centralizado e a eficiência máxima. Em vez disso, Redding propôs um modelo mais adaptável e resiliente, que valoriza a participação, a diversidade e a capacidade de aprender e evoluir em tempo real.
Em um mundo onde a IA se torna cada vez mais presente, o SXSW 2025 nos convida a repensar o nosso papel, a abraçar a mudança e a buscar um futuro onde a tecnologia e a humanidade caminhem juntas, em uma simbiose que beneficie a todos.