Inteligência artificial e creator economy redefinem os caminhos da economia criativa

28 de fevereiro de 2025 - 13h18

Pela segunda vez, terei o privilégio de participar do South by Southwest (SXSW), em Austin, Texas, como correspondente da Meio & Mensagem e integrante da Missão Internacional CreativeSP – uma iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e da InvestSP, que impulsiona a internacionalização da economia criativa paulista. Além disso, também estarei representando a Creators Platform, startup que fundei e na qual recentemente assumi o cargo de CPO (Chief Product Officer).

A empresa tem como missão fortalecer o ecossistema de criadores e suas conexões com marcas e plataformas, um tema que dialoga diretamente com os debates mais relevantes que estarão em pauta em Austin.

Após a intensa edição de 2024, marcada pela ascensão do Apple Vision Pro e o protagonismo da Inteligência Artificial, o SXSW 2025 já se desenha como um palco vibrante para os debates que moldarão o futuro dos criadores de conteúdo e da relação entre humanos e máquinas. Estarei em busca dos temas mais quentes e controversos, e compartilho aqui algumas tendências que prometem dominar as conversas este ano:

IA como copiloto da criatividade

A Inteligência Artificial foi a palavra de ordem em 2024. Neste ano, ela se consolida como parceira inseparável dos processos criativos. Com esse contexto, um dos nomes mais aguardados é Amy Webb (CEO do Future Today Institute), futurista de renome e presença constante no SXSW. Ela trará seu aguardado relatório anual com as principais tendências tecnológicas, incluindo a evolução da IA generativa e seu impacto na economia criativa e na relação entre humanos e máquinas.

Amy costuma provocar o público com cenários que vão além do hype, levantando as implicações de longo prazo para criadores, marcas e plataformas. A grande questão é: estamos nos tornando reféns das ferramentas de IA ou, de fato, ganhando autonomia criativa?

Emad Mostaque (CEO da Stability AI), criador da plataforma Stable Diffusion, também é presença aguardada. Ele deve reforçar a visão de que estamos entrando na era dos “estúdios individuais”, onde um criador – munido de IA – pode produzir conteúdo audiovisual completo, em escala e com qualidade profissional.

Essas transformações trazem novas possibilidades, mas também geram dilemas: se a IA faz (quase) tudo, qual será o papel humano na criação? Esse será o grande questionamento permeando as conversas.

Creator Economy 3.0: Comunidades, Tokens e Descentralização

As plataformas tradicionais, como Instagram e TikTok, seguem relevantes, mas o SXSW 2025 sinaliza uma nova onda: a descentralização da influência e da monetização. A economia dos criadores evolui para um modelo em que tokens sociais, comunidades pagas e plataformas próprias ganham força, garantindo aos criadores mais autonomia e menos dependência dos algoritmos.

Essa mudança será detalhada por nomes como Li Jin (Fundadora da Atelier Ventures), uma das primeiras a teorizar sobre a Passion Economy, e que agora defende abertamente a descentralização da Creator Economy por meio da Web3. Para ela, o futuro do criador passa pela diversificação de receitas e pelo fortalecimento de microcomunidades.

Complementando essa visão, Tiffany Zhong (CEO da Zebra IQ) traz sua expertise sobre a Geração Z e explica como os criadores da nova geração estão explorando plataformas emergentes e, cada vez mais, monetizando a relação direta com seus seguidores.

A linha tênue entre criação e simulação

Com IA generando textos, imagens e até influenciadores virtuais, os limites entre conteúdo autêntico e sintético estão cada vez mais nebulosos. Alex Kantrowitz (Jornalista e criador do podcast Big Technology) deve provocar discussões sobre o impacto disso na confiança dos consumidores e nas marcas. Vivemos na era das deep fakes na política e campanhas publicitárias usando rostos artificiais – no SXSW 2025, o debate se intensifica: como garantir transparência e proteger a autoria dos criadores humanos?

A discussão envolve ainda Kat Cole (CEO da Athletic Greens e investidora em criadores), que acompanha de perto o surgimento de influenciadores híbridos (parte humano, parte IA) e vê o mercado se dividindo entre entusiasmo e receio.

Microcriadores e Nano-influenciadores como potências locais

Na contramão da massificação, cresce o valor das vozes regionais e dos micro influenciadores. Marcas estão percebendo que o engajamento genuíno surge, muitas vezes, em nichos e comunidades locais. Esse movimento será explorado em paineis que discutem como plataformas como Roblox e Twitch estão democratizando as possibilidades de monetização para criadores de pequeno porte.
David Baszucki (CEO da Roblox) deve apresentar casos sobre como jovens criadores estão construindo negócios milionários dentro do ecossistema da plataforma, desenvolvendo experiências imersivas e monetizando diretamente suas audiências.

IA e Criadores: Renda ou Dependência?

Por fim, um dos temas mais delicados do SXSW 2025 será a relação de poder entre criadores e as plataformas de IA. Se por um lado essas ferramentas prometem produtividade e inovação, por outro, há o risco de aprisionamento em ecossistemas controlados por big techs.
Esse embate será pano de fundo para as falas de Lisa Su (CEO da AMD), que abordará o impacto dos chips de alto desempenho no avanço da IA e na criação de novos ambientes imersivos, e de Emad Mostaque, que reforçará a defesa de ferramentas de código aberto como alternativa ao monopólio das gigantes.

Minha Missão no SXSW 2025

Como correspondente da Meio & Mensagem e parte do CreativeSP, estarei imerso nesse caldeirão de tendências, identificando as discussões que vão além do hype e realmente apontam para os futuros caminhos da economia criativa e do mercado de conteúdo.

Entre a automação criativa e a busca por autenticidade, IA e criadores estão redefinindo juntos os rumos da comunicação e do entretenimento. Acompanhe minha cobertura direto de Austin!

Vai pra Austin esse ano e está de olho nessa programação? Nos vemos lá!

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