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SXSW

John Maeda: a força dos agentes de IA e do arrependimento humano

VP de engenharia e design computacional da Microsoft divide tendências em tecnologia, mas faz ode à autenticidade e conexão humana


10 de março de 2025 - 15h20

John Maeda

John Maeda apresentou exemplos de programas desenvolvidos com IA para demonstrar quais são os possíveis usos e avanços da tecnologia (Crédito: Divulgação)

Todo ano, o autor, vice-presidente de engenharia e head de design computacional para inteligência artificial da Microsoft, John Maeda, sobe ao palco principal do South by Southwest (SXSW) para dar detalhes do Design in Tech Report, seu relatório anual sobre tendências em design e em tecnologia.

Nos últimos dois anos, o foco da sua apresentação foi inteligência artificial – sobretudo com a intenção de acalmar as angústias do público sobre os avanços da tecnologia. Para Maeda, a IA vai ajudar profissionais a se livrarem de tarefas mais burocráticas ou que não desejam fazer – que poderão ser delegadas à tecnologia. O executivo também teme que o público tenha medo dos avanços da tecnologia e deixe de fazer uso dela, o que faz com que parte da população deixe de se beneficiar de seus usos.

Ao contrário dos anos anteriores, desta vez, Maeda não fez grandes reflexões sobre o avanço da tecnologia. Na sua palestra, ele decidiu apresentar exemplos de programas desenvolvidos com IA para demonstrar quais são os possíveis usos e avanços da tecnologia. O executivo não conseguiu dividir com o público presente a totalidade do que tinha preparado para a apresentação. Isso tornou sua apresentação corrida.

No entanto, os exemplos citados por John Maeda deixam algumas tendências claras e também um recado sutil sobre que aspectos humanos deveriam ser valorizados.

Futuro do trabalho

Para Maeda, a inteligência artificial vai transformar práticas de trabalho de designers, mas não deve substituir esses profissionais. Porém, há diferenças relevantes entre a inteligência artificial e o designer computacional. Enquanto o designer cria obstáculos, que são botões ou ações, para que o consumidor consiga executar uma tarefa, a IA remove todos os obstáculos e é transportada para o final do caminho, ou seja, a tecnologia torna a jornada para ação fluida e rápida.

Maeda provocou: “O que acontece com o user experience (UX) se passamos boa parte do nosso trabalho construindo obstáculos e eles não são mais necessários?”

Agentes de IA

O executivo acredita que os investimentos e esforços que antes eram direcionados para o UX vão ser direcionados para o AX, uma sigla para agentic experience, uma vez que os agentes devem nortear a próxima fase da IA. Segundo Maeda, em 1984, Steve Jobs já previa isso. Os agentes são formados por modelos de linguagem, memória, planejamento e trabalham em loop, ou seja, eternamente.

“O loop é um bloco de construção fundamental da computação que é estranho e algo que não pode existir no mundo normal. No mundo real, não podemos fazer coisas para sempre. Se você girar um peão, ele vai parar. E um computador, um loop continuará funcionando”, descreveu.

Vida artificial

Parecido com agentes, artificial life acontece quando regras produzem interações que lembram coisas vivas, como robôs humanoides, braços artificiais.

Relações com IA

A quantidade de chatbots interativos, que criam relações com os usuários, está crescendo. Maeda lembrou que o cientista da computação Joseph Weizenbaum, que criou o primeiro chatbot LLM (large language model), denominado Eliza, em 1966, já alertava pelos perigos das interações e relações formadas com essa tecnologia. Por isso, Weizenbaum decidiu não comercializar a tecnologia.

Barateamento da IA

A chegada do DeepSeek no mercado deixou claro que a IA pode ser uma ferramenta acessível e barata.

Deepfakes

Maeda sublinhou que deepfakes são um problema muito exponenciado pela IA, mas que a criação de imagens falsas sempre existiu, desde a fotografia. Ele exemplificou com um fotos de ângulos diferentes de uma mesma pessoa, mas que o fotógrafo vendeu como se fossem pessoas diferentes. O caso exemplifica que a desconfiança deve estar presente não só no uso da IA. “Para tudo, você tem que se perguntar o que vê”, afirmou.

Por não se arrepender mais

Apressado pelo fim do tempo de sua apresentação, Maeda teve que pular várias seções de seu relatório para chegar ao final, uma parte denominada “Pessoas”. Nessa seção, sem contexto prévio ou reflexão posterior – deixando a reflexão para o próprio público – ele citou diversas frases que as pessoas falam antes de morrer.

Muitas delas se relacionam ao arrependimento por não ter coragem de viver a vida que desejava, por trabalhar além do necessário, por não expressar seus sentimentos, não passar mais tempo com amigos e família e por não ter se deixado ser feliz.

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