John Maeda tem um medo: que a IA não seja compreendida e utilizada
Em seu painel anual no SXSW, o VP de design e IA da Microsoft detalhou os próximos modelos de inteligência artificial que vão revolucionar o mercado
Em seu painel anual no SXSW, o VP de design e IA da Microsoft detalhou os próximos modelos de inteligência artificial que vão revolucionar o mercado
Thaís Monteiro
8 de março de 2024 - 22h23
Em sua palestra anual no SXSW para apresentar o também anual Design Tech Report, John Maeda decidiu trazer o “beabá” da inteligência artificial. O VP de design e IA da Microsoft também participou do Featured Speakers Connect, formato novo no SXSW em que alguns participantes são selecionados para uma conversa mais próxima dos palestrantes. Meio & Mensagem foi selecionado para esse evento, no qual Maeda frisou que seu papel é tornar esse conhecimento acessível, para que mais pessoas se beneficiem disso.
“Muito do meu papel é tornar a IA mais acessível para as pessoas. É open source. Eu percebo que ela se torna menos amedrontadora e confusa. Meu medo é as pessoas não usarem a IA, acharem inútil e não explorarem. Por isso criei os ABCs. Tenho medo que as pessoas não entendam rápido o suficiente para conseguir se beneficiar da tecnologia”, afirmou no Featured Speakers Connect.
Maeda defende que é necessário se aprofundar no conhecimento da inteligência artificial. Por isso, trouxe em seu painel explicações breves sobre como funcionam alguns modelos e os ABC’s do que ele considera essencial para iniciar essa jornada de aprendizado.
O A consiste em compreender large models e small models. O B implica em saber diferenciar modelos open source, ou seja, de código aberto, dos de código fechado. Por fim, o C envolve aprender sobre os modos dos modelos, se é mono model ou multimodal. “A terminologia é gigante, mas esse ABC é legal pra começar”, disse.
Ele reforçou que é importante as empresas investirem em design system e treinamento de prompt para acompanhar os próximos e acelerados avanços da tecnologia.
Ainda assim, Maeda defende a importância da originalidade humana, das coisas feitas à mão e construídas por seres humanos. Ele trouxe exemplos de sites, jogos e experimentos durante a apresentação. “As pessoas na indústria criativa têm uma humanidade que os faz ver humanidade. As empresas vão estar atrás disso”, disse no Featured Speakers Connect.
Assim como conversation design, base dos modelos de linguagem, a inteligência artificial existe desde 1960. Dr. Weizenbaum foi um dos precursores do modelo quando criou um bot que reproduzia o que o cientista escrevia e fazia novas perguntas a partir disso. Maeda comparou o bot a uma espécie de terapia. “Se ele falasse algo sobre a mãe, o bot perguntava mais sobre os pais dele”, explicou.
O VP comparou os LLMs (sigla para Large Language Models, em inglês) a uma imagem JPEG borrada de internet. Isso significa que eles captam informações e entregam coisas similares a algo real ou espontâneo. Segundo ele, os LLMs funcionam a partir da previsão. Com base em dados conhecidos, a tecnologia pode prever informações, conteúdos e preencher lacunas.
Ainda que esse seja o modelo mais popular atualmente, muito por conta do ChatGPT, outros modelos devem dominar a narrativa daqui para frente: os unified models, que integram múltiplos modelos em uma só IA; e o function calling model, que compreendem o pedido do usuário e exercem funções diversas a depender do pedido, e não entregam somente respostas em texto, vídeo ou áudio.
Ele também introduziu o modelo “agentic”, no qual o sistema consegue ter controle sobre várias funções e responder com formatos diferentes que interagem entre si. Tais modelos devem, de fato, impulsionar as indústrias para novos níveis de automação. A latência da tecnologia deve diminuir significativamente.
Maeda sublinhou algumas características humanas insubstituíveis pela tecnologia, como o pensamento crítico. Algo que, na sua opinião, é pouco valorizado atualmente pois demanda tempo e tempo é dinheiro.
“Eu não acredito que vamos automatizar tudo. Eu acho que os humanos são incríveis. Humanos são bons em fazer coisas que importam para humanos. As máquinas são máquinas”, afirmou.
Para ele, o humano entrega originalidade para as criações e, por isso, o ser humano não deve deixar de criar, mesmo com auxílio da tecnologia.
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