Mais tempo para criar melhor
Onipresente em Austin, a AI Generativa torna os profissionais mais criativos e gera um bom gancho para conversas interessantes no SXSW 2025
Onipresente em Austin, a AI Generativa torna os profissionais mais criativos e gera um bom gancho para conversas interessantes no SXSW 2025
12 de março de 2025 - 16h56
Ai, ai, ai… essa tal de “EiAi” que não sai da cabeça das pessoas… Pelo segundo ou terceiro ano consecutivo, muitas das conversas de corredor do SXSW – que são as melhores fontes de informação por aqui – são sobre esse tema ou passam por ele em algum momento.
É natural que diante de alguma novidade, as pessoas fiquem teorizando sobre como ela vai impactar o presente e o futuro. No caso do SXSW, onde o índice de futurologistas por metro quadrado é o maior do planeta, as conversas sobre as perspectivas ganham uma dimensão ampliada, anabolizada pelo pioneirismo de pensamento de muitos dos participantes e pela ansiedade – nem sempre bem disfarçada – de outros.
Não posso dizer que sou totalmente imune aos cenários – alguns catastrofistas – que são descritos pelos “especialistas”, mas também tenho que dizer que mantenho os pés no chão. Acho que vivi verões suficientes para conquistar a seguinte convicção: o que quer que venha da tecnologia nos ajuda a ficar mais rápidos, mas o que realmente nos faz melhores é a criatividade humana.
Por exemplo, antes da era digital e dos computadores pessoais, escrever um artigo como esse era um perrengue. Era preciso ter uma máquina de escrever e de ter tempo extra. Afinal, se o autor decidisse mudar um parágrafo de lugar ou mesmo uma palavra, era preciso datilografar tudo de novo.
O computador mudou isso e tornou tudo mais rápido. A internet fez as pesquisas mais rápidas e as redes sociais permitiram que todo mundo pudesse produzir conteúdo e distribuir rapidamente. A cada avanço da tecnologia o acesso à expressão pessoal dá um salto. Hoje, produzir conteúdo é muito mais democrático.
E nisso chegamos ao marketing de influência, que é a especialidade da Mynd, conforme aplicamos AI no nosso contexto, percebemos que ela ajuda muito em identificar tendências, mapear oportunidades e mensurar entregas. O que, definitivamente, a AI não consegue fazer é criar a conexão que um influencer consegue ter com seu público. Isso só nasce de “Inteligência Natural Criativa”.
Por isso, por mais evoluída que a IA Generativa esteja se tornando, o que ela faz é olhar o passado com cuidado e competência cada vez maior e ajudar os autores nas suas pesquisas, reduzir o tempo de produção, eliminar barreiras de idioma e até otimizar os textos (daqueles que tenham humildade suficiente para aceitar o que a AI vai sugerir) — o que a AI não consegue fazer é encontrar um ângulo original, ter uma sacada genial ou produzir algo completamente fora da curva. E vamos combinar: são esses elementos que impactam o mercado porque são eles que fazem as pessoas comprarem e as empresas a faturarem.
Mas, sem dúvida, a tecnologia tem a capacidade de proteger os humanos que criam qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, a humanidade ficou privada de um livro do escritor Ernest Hemingway porque a namorada dele perdeu os originais datilografados. Hoje, graças à nuvem, a gente não perde nada. E graças à AI a gente perde cada vez menos tempo.
E o tempo é importante para a produtividade dos criativos nem tanto para eles produzirem mais, mas principalmente para que eles possam criar melhor. Afinal, a qualidade da produção tende a melhorar quando os talentos têm mais tempo para curtirem o ócio criativo — o que inclui os bate-papos nos corredores do SXSW.
Compartilhe
Veja também
Qual o impacto da fofoca no ambiente corporativo?
Amy Gallo questiona o estigma negativo das conversas informais no trabalho e aponta diretrizes para manter a ética e produtividade
Choque geracional, gig work e os rumos do futuro do trabalho
Futurista Rishad Tobaccowala aponta impacto da IA, diminuição do tempo de trabalho e fracasso das lideranças