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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Minha experiência no SXSW 2022

Retomando o passado para construir o futuro


6 de março de 2023 - 14h48

(Crédito: Amanda Schnaider)

A vida não é estática. Ela é cinética: o movimento e a transformação são as marcas da nossa evolução pessoal e profissional e não a exceção. Por isso não dá pra dizer que grandes mudanças aconteçam do dia para noite. No entanto, consigo olhar para minha história e me guiar por alguns marcadores temporais que cristalizam viradas de ciclo.

Quero falar sobre um desses marcos muito importante, que foi a minha ida ao SXSW 2022. Para aqueles que não conhecem a sigla, trata-se do South by SouthWest, um festival de música, filmes e tecnologia que acontece anualmente em Austin, Texas. O evento reúne mais de 400.000 pessoas e é conhecido por ser um lugar para descobrir as tendências mais recentes na música, tecnologia e entretenimento. Além disso, oferece uma ampla variedade de palestras e workshops ministrados por líderes da indústria. Em resumo, é uma celebração da criatividade e inovação.

Em 2021, eu tive a oportunidade de acompanhar virtualmente o festival, mas a possibilidade de estar presencialmente em Austin foi uma grande conquista. Em muitos momentos durante minha participação, passava um filme na minha cabeça. Para quem cresceu na periferia de São Paulo, bastante afastado do centro, me ver em Austin na posição em que eu estava me fez notar quantas bolhas eu furei ao longo da minha carreira.

A cultura da etnia africana Akan deixou como legado um termo chamado Sankofa, que significa “ir buscar o passado para construir o futuro” e de certa forma isso foi um pouco do que significou minha experiência. Fiquei refletindo muito sobre como minha carreira foi marcada pelo consumo de conteúdos em língua inglesa, pelos quais eu me alimentava de inspirações e referências que me levavam a entregas mais criativas e de maior profundidade.

Se por um lado, é incrível pensar nas possibilidades que a internet nos proporciona de vencer barreiras geográficas, por outro existe uma potência muito grande em estar imerso em outro ambiente, podendo ouvir vozes e perspectivas diferentes sobre os mais variados temas. Tive a oportunidade de conversar com pessoas de diferentes nacionalidades e ir depurando em tempo real os milhares de insights que tinha.

Todos os dias à noite eu fazia um download de todas as anotações do dia e registrava através de uma publicação no LinkedIn – o que foi uma forma muito legal de não deixar com que as ideias se perdessem no tempo. E entre várias das conclusões que tive, uma delas foi sobre a ideia de que não basta mais estar consciente sobre as questões fundamentais do nosso tempo, é necessário evoluir da consciência para o ativismo.

Como o processo Sankofa é justamente o de buscar o passado para construir o futuro, voltei para o Brasil com uma clareza muito grande de minha responsabilidade em gerar maior impacto para os esforços de ampliação da Diversidade e Inclusão nos ambientes corporativos. De lá pra cá, comecei a realizar mentorias pro-bono para lideranças negras, reformulei minha metodologia de mentoria para passar a tratar do tema com lideranças brancas e sensibilizá-los sobre suas responsabilidades.

Terminei o ano com meu propósito muito preenchido com feedbacks de lideranças negras que apoiei, com os espaços que me abriram para sensibilizar grupos maiores de lideranças brancas, com amigos executivos me pedindo apoio para contratação de pessoas diversas e iniciando programas de diversidade inclusão, sem falar na série de 3 artigos que escrevi sobre os desafios das lideranças negras no ambiente corporativo.

Sem dúvidas toda a transformação que passei e o encontro do meu propósito de vida, não começaram com a SXSW 2022, mas atribuo a essa experiência um momento catalisador de sentimentos e ideias brutas que de forma muito intensa passaram por lapidações e ganharam a forma necessária para que eu pudesse avançar mais rápido.

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