Muito além da tecnologia, SXSW é sobre pessoas
O SXSW vai deixar saudades, e as minhas impressões sobre o evento são muitas.
O SXSW vai deixar saudades, e as minhas impressões sobre o evento são muitas.
16 de março de 2023 - 15h29
O SXSW não é apenas um evento que exala tecnologia e inovação, mas que traz consigo todo conceito de diversidade que busca fundir variados setores, indústrias e ”tribos”. Como já ressaltei anteriormente, não se trata de um evento, mas de um aglomerado de vários eventos dentro do mesmo evento.
A grandiosidade do encontro anual, que tem em sua própria forma a multiplicidade de visões e perspectivas, se manifesta na prática com toda a gama de palestrantes, assuntos e conhecimentos que circulam pelos corredores da Austin Convention Center. Muito mais do que tecnologia, o evento é sobre pessoas.
Em 2023, a inclusão, o meio ambiente, o empoderamento feminino e outras pautas sociais estiveram tão presentes no SXSW quanto a tecnologia e a inteligência artificial. De que adianta falar de tecnologia sem falar de pessoas? E de que adianta falar de pessoas e deixar de lado a diversidade e inclusão?
Vários painéis e palestras foram dedicados a esse assunto e eu estive presente em alguns deles. Os temas são abundantes: família e abandono parental, como humanizar o trabalho, ambientes de trabalho flexíveis, e claro, o papel da mulher na revolução tecnológica, que a julgar pelas palestrantes incríveis no evento, já fica claro que é gigantesco.
Um outro ponto abordado no evento é o espaço da mulher no mercado de produção musical. A iniciativa EqualizeHer, que tem como foco aumentar a presença da mulher no mercado da música, foi protagonista numa rodada de painéis. A iniciativa foi fundada por Linda Perry, produtora musical, e @Alisha Ballard, filantropista.
Infelizmente, as mulheres representam apenas 21% dos artistas americanos, 12% dos compositores e míseros 3% dos produtores musicais. Com um evento desse tamanho trazendo bastante visibilidade e empoderamento feminino, a desigualdade de gênero ainda é acentuada nesse nível. Isso só mostra como ainda estamos longe do ponto ideal.
A EqualizeHer torna possível que bandas e artistas femininos, negros e gays se apresentem para um público ávido em ouvi-los, coisa que, em outras circunstâncias, talvez não acontecesse. Um desses artistas é Mama Duke, uma cantora de Hip Hop mexicana, negra e gay com uma presença de palco absolutamente fabulosa.
Um ponto alto no debate sobre inclusão e diversidade foi a palestra do marido da vice-presidente americana Kamala Harris, Doug Emhoff, que tive o prazer de assistir. Com uma vasta carreira em luta pelo empoderamento feminino, a presença de Doug foi um ponto de destaque no imenso rol de painéis e conferências.
Doug Emhoff, de 58 anos e casado com a primeira Vice-Presidente mulher dos Estados Unidos, fez da igualdade de gênero a missão da sua vida. Doug se diz orgulhoso de apoiar a sua mulher em tudo, e fez questão de ressaltar – como eu mesma já ressaltei neste artigo – que embora tenhamos muitos avanços, ainda falta muito para uma igualdade genuína.
Ele é também ex-advogado da indústria do entretenimento e atualmente dá aulas de direito na Georgetown University Law Center, mas a sua principal batalha jurídica é fora dos tribunais e dentro da sociedade, ampliando a consciência sobre a importância de termos mais mulheres em posições de liderança e destaque.
Doug é palestrante perfeito para um evento que acontece em março, o mês em que o congresso americano em 1987 declarou como oficialmente o mês em homenagens a todas as mulheres, sendo mais tarde imitado por outros países como o Brasil. Sem dúvida alguma, uma das partes mais marcantes do evento.
O SXSW vai deixar saudades, e as minhas impressões sobre o evento são muitas. Trago a vocês apenas o que vem à mente por hora, tentando expressar um pouquinho do que tenho sentido nesses últimos dias. Uma coisa eu garanto: é muito maior do que achei que seria, e não estou falando só de tecnologia, estou falando de pessoas.
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