Não deixe de ouvir os sons que embalam o SXSW
A música está cada vez mais entrelaçada ao mundo do marketing de influência, a questão agora é desenvolver novas dinâmicas de parceria
A música está cada vez mais entrelaçada ao mundo do marketing de influência, a questão agora é desenvolver novas dinâmicas de parceria
15 de março de 2023 - 15h06
A minha tatuagem do braço direito revela um pouco da minha paixão pela música – e lógico pela minha esposa, já que é uma homenagem a ela. As notas de Born to Love You, do Queen, marcadas na minha pele, fazem parte da minha história.
Caminhando pelas ruas onde acontece o SXSW é impossível deixar de ouvir as trilhas, sons e ritmos que fazem deste festival um lugar ainda mais especial. Afinal, este é um dos verticais que, por sua qualidade e diversidade, já deixam qualquer um com FOMO (Fear of Missing Out) – a expressão que mais tenho visto em textos por aí. São artistas dos mais variados ritmos – de R&B ao hip hop – mostrando sua visão de mundo e o seu aproveitamento da tecnologia atual. São pessoas do mundo inteiro, de todas as idades e com as mais variadas influências.
Tive a honra de assistir à apresentação de Yogetsu Akasaka, um Monge Budista nascido em Tóquio. Ele começou sua carreira musical em 2005, tocando nas ruas de Londres, Sydney e Nova York como beatboxer. Depois de alguns anos no Monastério, criou o Beatboxing Monk, uma combinação do canto budista com looping ao vivo, beatboxing, handpan e voz. Durante a pandemia, conquistou o mundo transformando a música em remédio para a saúde mental, alcançando mais de 11 milhões de visualizações.
Como um verdadeiro entusiasta da música – quem me conhece sabe disso -, observar como essa indústria se democratizou é muito positivo. Desde a chegada da Vevo, YouTube e das plataformas de streaming, os artistas independentes ganharam força e puderam manter a sua integridade criativa. Cenas do filme ‘Bohemian Rhapsody’, em que um executivo de gravadora tenta “domesticar” o gênio criativo do Queen, deixaram de ser comuns neste novo contexto.
Mas a mudança de dinâmica e a eliminação de muitas das barreiras de entrada que existiam para os artistas no século passado acabaram gerando outras carências. Vários artistas que vão participar do evento estão buscando gerenciamento, gravadoras e agentes para marcar shows em outros lugares. Ou seja, com o lado artístico resolvido, o que falta para os performers é alguém para ajudar com as questões práticas.
Outro indício de que os artistas estão cada vez mais ligados à realidade do mundo dos negócios é o volume de pessoas que, no próprio site do SXSW, buscam parcerias com as mais diversas marcas. Ou seja, podemos notar aqui um movimento para se tornarem influenciadores digitais – o que faz muito sentido.
Se pelo lado dos artistas da música estar perto das marcas é desejável e rentável, para o lado das marcas, a associação com a cultura pop também é um bom negócio. Muitas empresas já entenderam que a relação das suas marcas com a música e outras expressões artísticas ajudam a criar engajamento com o consumidor de forma orgânica e relevante. Ou seja, se a pessoa gosta de um determinado tipo de música e ela está sendo apoiada por uma marca, a tendência é que ela sinta mais simpatia pela marca.
Por isso, empresas de todos os portes estão cada vez mais sintonizadas no “cultural zeitgeist”, ou seja, no que está conquistando a galera. Mapear os comportamentos emergentes – especialmente os dos Millennials e da Gen Z – é fundamental para que as empresas se mantenham conectadas com seus públicos hoje e no futuro.
Observar o que acontece no mundo da música e do entretenimento, entender os comportamentos relacionados com cada expressão cultural e desenvolver pontos de contato com as gerações que direcionam o consumo fazem parte da lição de casa dos departamentos de marketing de muitas empresas e das agências de publicidade e comunicação há décadas, mas o desafio agora é fazer tudo isso em um ambiente crescentemente atomizado e complexo.
O showcase de entretenimento, inovação e debates que o SXSW traz para os profissionais do mercado pode inspirar muitas novas ideias. A minha cabeça agora só pensa em como continuar trabalhando com a música. Espero logo poder contar boas e sonoras notícias para vocês.
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