O cuidado humano e a aceleração tecnológica
Estamos dedicando o mesmo empenho ao cuidado das pessoas quanto vemos no desenvolvimento tecnológico?
Estamos dedicando o mesmo empenho ao cuidado das pessoas quanto vemos no desenvolvimento tecnológico?
18 de março de 2024 - 16h27
Durante todos os dias do SXSW, o destaque para os sentimentos humanos permeou todos os conteúdos apresentados, inclusive em temas tão avançados quanto uma sessão sobre Computadores Quânticos. Parece irônico, mas o fator humano era, recorrentemente, o foco. O aumento da ansiedade e da solidão, uma pauta constante em muitos dos conteúdos, evidencia a latente necessidade de cuidado. Entre as inúmeras palestras, duas se destacaram para mim por suas profundas reflexões sobre a essência humana: “No algorithm for culture”, por Toygun Yilmazer, da TBWA de Istambul, e “I Miss You When You’re Next to Me”, por Jay Shetty, autor britânico.
Toygun nos lembrou que, por mais que a inteligência artificial possua um vasto conhecimento, ela carece da capacidade de experimentar as nuances da existência humana com nossos sentidos, emoções e experiências únicas. Essa singularidade humana, seja ao sentir borboletas no estômago ao ver um filho dar os primeiros passos, ou a emoção de abraçar seu cachorro depois de uma longa viagem, são aspectos que a IA jamais poderá replicar ou compreender plenamente. Por outro lado, Jay Shetty discutiu a ausência de conexão entre as pessoas, mesmo quando fisicamente próximas, ressaltando a importância da vulnerabilidade na criação de laços duradouros.
O SXSW, enquanto o maior evento de comunicação, cultura e tecnologia, introduziu muitos avanços técnicos ao nosso cotidiano, mas claramente inclinou-se para explorar o aspecto humano. Abordou-se complexas reflexões sobre como interagimos uns com os outros, como conferimos dignidade às nossas equipes e como lidamos com conflitos de maneira saudável. O cuidado humano foi o grande protagonista, questionando o propósito de toda essa revolução tecnológica sem as pessoas no centro de nossas atenções.
A experiência no evento reforçou minha convicção de que, para edificar um mundo verdadeiramente interessante e funcional, é essencial valorizar nossos aspectos emocionais e sociais. Devemos garantir que a tecnologia esteja a serviço da humanidade, e não o inverso, sempre questionando: estamos dedicando o mesmo cuidado às pessoas como fazemos com o desenvolvimento tecnológico?
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