Login Newsletters Assinar
De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

O futuro da IA, por Qualcomm, Will.i.am, Amazon e Sir Tim Berners-Lee

Empresas de tecnologia, vocalista do Black Eyed Peas e o fundador da World Wide Web mostram aplicações envolvendo agentes de IA e robôs


13 de março de 2025 - 19h36

A inteligência artificial (IA) se tornou um dos principais tópicos debatidos no South by Southwest (SXSW) a partir de 2023, após a popularização do ChatGPT. Este ano, 132 sessões da programação foram dedicadas à tecnologia. Nesse misto de palestras, painéis, experiências e encontros, alguns subtemas se destacaram, como o avanço dos agentes e da robótica.

IA

Cristiano Amon (Amazon), Will.i.am, Tye Brady (Amazon) e Sir Tim Berners-Lee abordaram a IA em suas participações ao longo do SxSw 2025 (Crédito: Thaís Monteiro)

A força dos agentes

O CEO da Qualcomm, o brasileiro Cristiano Amon, sublinhou que a empresa sempre teve como propósito trazer a tecnologia para a mão do consumidor final. À princípio, o desafio era trazer o potencial computacional dos computadores para a mão do usuário, nos celulares – que criou o smartphone. Atualmente, a Qualcomm trabalha para levar a inteligência artificial para computadores, aparelhos de realidade virtual, aumentada e mista e para carros. Para o executivo, os carros serão computadores em rodas. “Haverá computação inteligente em todo lugar. Não é algo do futuro. Começou a acontecer agora”, disse.

Os agentes devem ser parte importante desse futuro. Atualmente, para reservar uma viagem, pesquisar preço de imóveis ou publicar um conteúdo em redes sociais, o usuário precisa realizar essas tarefas autonomamente. É necessário sair de um aplicativo para outro e executar pesquisas, compras, entre outras atividades. Com a chegada dos agentes, isso não será mais necessário.

O agente irá espontaneamente fazer sugestões de restaurantes, publicações e orçar compras para o usuário baseado no histórico de dados que possui. Ele realizará reservas, pagará por produtos e criará conteúdo para o consumidor. “A IA está mudando a experiência humana de app centric para human centric. Os modelos são treinados para você. É um novo ciclo de inovação”, dividiu.

Nos carros, a IA vai ajudar a administrar problemas do automóvel, na navegação, na sugestão de lojas e restaurantes no caminho, entre outras tarefas. Já óculos de realidade aumentada terão acesso a audição e visão do usuário, podendo ajudar na tradução de um menu, por exemplo, pesquisar quem é a pessoa com quem você conversa no Linkedin, entre outros. “Não vamos mais ficar enterrados no nosso celular”, colocou.

Aplicações na música

Will.i.am, foi convidado surpresa na apresentação da Qualcomm. O músico e vocalista do Black Eyed Peas é fundador da FYI.AI, uma plataforma de computação que usa IA em processos criativos. Ela conta com chatbots que imitam as variações do discurso humano, seja através de sotaques, gírias ou na velocidade da fala, e uma rádio em que personas feitas por IA fazem curadorias de músicas para o usuário.

Para Will.i.am, a inteligência inaugura uma nova fase no mercado musical: a da personalização. “Lembram quando Billy Joel falou: this is your song (“essa é sua música”, em português)? Agora vai ser a sua música mesmo!”, exclamou. A IA ajudará na criação de músicas pensadas para o usuário.

Para o músico, a IA generativa vai começar a refletir sobre o que o humano está falando para ela. Will.i.am demonstrou tais capacidades da IA de sua empresa, que parece pensar sobre o que ele lhe diz e devolver uma reflexão completa, com fala natural e até trocar de uma língua para outra em segundos.

IA em robôs

Atualmente, 75% das entregas da Amazon já são manipuladas de alguma forma por robôs. No painel “From Cages to the Real World: The Dawn of Physical Al”, o chief technologist for robotics da Amazon, Tye Brady, explicou que a big tech utiliza robôs alimentados por inteligência artificial em armazéns para empoderar os funcionários, melhorar as capacidades humanas e fazê-los com que eles possam focar em outras atividades importantes.

“Quando você traz algo dinâmico para a escala, especialmente em uma escala muito grande, é essencial ter uma mentalidade de classe mundial. E a mentalidade que temos é colocar as pessoas no centro do universo da robótica. A mentalidade que temos é permitir que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para realizar seu trabalho de forma mais eficiente, produtiva e também mais segura.”, explicou.

Atualmente, a Amazon tem robôs que auxiliam no armazenamento de produtos. Também é possível ver aplicações da IA junto à robótica em drones, carros autônomos e até na saúde. Para avançar nessas novidades, o executivo frisa a importância de construir confiança entre os consumidores. Dr. Andrea Thomaz, CEO da Diligent Robotics, falou sobre o Moxi, robô que ajuda funcionários de hospitais com atividades não relacionadas aos pacientes.

Para o executivo da Amazon, a mentalidade humana versus máquinas está errada. “Não existe 100% de automação. Isso não existe. E nunca existirá. Permitir que as pessoas sejam mais humanas é o caminho a seguir”, pontuou. Quando bem aplicada, disse, a robótica não é o tópico central das conversas, mas sim um plano de fundo. “Tendemos a superestimar o impacto da tecnologia no curto prazo e a subestimar seu impacto no longo prazo”, afirmou.

Descentralização da IA

Presente no painel junto ao executivo da Amazon, o físico britânico fundador World Wide Web, trouxe contrapontos a respeito da corrida pela liderança no mercado de inteligência artificial. Na visão do físico, as big techs deveriam se inspirar na criação da World Wide Web para desenvolver a IA, ou seja, apostar em uma abordagem colaborativa, com troca de ideias, uma maior padronização.

Para Sir Tim Berners-Lee, a inteligência artificial deveria trabalhar para o ser humano, assim como um médico ou advogado faz. Se for fazer uma IA física, tenha certeza de que está trabalhando para os pacientes. “Quero que a IA trabalhe para mim, tomando as decisões que eu tomaria. Não quero uma IA que tente me vender algo que eu não quero”, disse.

O físico também comentou sobre a ascensão do DeepSeek. Para ele, o caso prova que os Estados Unidos estavam em um sono profundo em relação à China. “As pessoas estão saindo de uma espécie de ‘sono profundo’ em relação à China. Se há um grupo de pessoas em uma determinada região, você acha que elas permanecerão em um único estágio de desenvolvimento? Isso não vai ficar isolado—vai se espalhar para outras pessoas e interagir com desenvolvimentos de código aberto. Talvez o problema que você está analisando seja resolvido por alguém muito em breve. Você acorda amanhã de manhã e pode já haver uma solução por aí”, colocou.

Publicidade

Compartilhe