O futuro da inovação está nas conexões humanas
Como a incerteza e os encontros inesperados impulsionam a criatividade
Como a incerteza e os encontros inesperados impulsionam a criatividade
19 de março de 2025 - 16h51
Este ano decidi abordar o SXSW de um jeito diferente. No primeiro dia, a palestra de abertura do evento sobre “social health” me fez repensar minha abordagem: e se, em vez de seguir um cronograma de palestras (já tinha favoritado muitas), eu focasse mais nas percepções das pessoas? E se minha experiência no evento fosse guiada pelas conexões inesperadas, em vez de um roteiro tradicional?
Fui ao festival com a missão de representar o Brasil em um painel sobre a origem da nossa criatividade. Curiosamente, um dia antes da minha apresentação, encontrei com uma amiga querida – Carol Namora – que me contou sobre uma palestra que ela assistiu sobre incerteza que reforçou o que já acreditava: o brasileiro é criativo porque vive em um cenário de incerteza constante. Essa imprevisibilidade, que pode parecer um desafio, é, na verdade, uma grande vantagem competitiva.
Depois de dar ouvidos a essa ideia, voltei do SXSW com uma convicção ainda mais forte: a incerteza é essencial para a inovação. Fiz questão de ouvir a gravação da palestra da jornalista Maggie Jackson que explicou que nosso cérebro processa a incerteza no lado oposto ao medo, estimulando agilidade, curiosidade e criatividade. No mundo dos negócios, buscamos previsibilidade, mas será que esse é realmente o melhor caminho?
A segurança das respostas prontas pode até ser tentadora, mas a verdadeira inovação nasce da disposição de explorar o desconhecido. Minha primeira vez no SXSW provou isso. Ao abrir mão de um planejamento rigoroso, mergulhei em temas fora da minha rotina, conheci pessoas de diferentes culturas e ampliei minha visão de mercado. Poderia ter ficado na bolha dos conhecidos, mas foram as interações inesperadas que me trouxeram os melhores insights.
A palestra de Kasley Killam sobre “social health” destacou como conexões interpessoais impactam diretamente o bem-estar e o ambiente corporativo. Equipes mais conectadas são mais engajadas e produtivas, mostrando que laços autênticos são essenciais para o sucesso de indivíduos e empresas. Isso reforça algo em que acredito: o presencial segue fundamental. No trabalho, em eventos ou na interação com marcas, a presença física nos proporciona experiências que nenhuma tecnologia substitui.
E aqui surge um ponto de atenção para as empresas: como transformar o espaço de trabalho em um local que realmente estimule colaboração e criatividade? O presencial precisa ser mais do que obrigação; deve se tornar um ambiente de trocas ricas e significativas.
Por fim, a música também se revelou uma das grandes conexões do evento. No SXSW, entrei em bares e casas de shows sem saber o que encontraria e me deixei surpreender por bandas e cantores que nunca tinha ouvido antes. Foi uma experiência que materializou a beleza da incerteza: quando nos permitimos sair do controle, abrimos espaço para novas descobertas.
O SXSW 2025 reforçou algo que já intuía: dados e IA são ferramentas valiosas, mas criatividade, colaboração e conexões humanas são o que realmente movem o mundo. Se queremos inovar de verdade, precisamos abraçar a incerteza e permitir que ela nos guie a descobertas transformadoras.
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