O futuro das redes sociais e do mercado de influência
Inteligência social e a descentralização serão duas grandes forças da próxima década
Inteligência social e a descentralização serão duas grandes forças da próxima década
17 de março de 2025 - 19h14
O futuro das redes sociais não será moldado apenas por novas plataformas e formatos, mas por mudanças estruturais profundas na forma como marcas, criadores e consumidores interagem online. Ao longo dos debates e painéis do SXSW 2025, foi possível identificar duas grandes forças que pautarão a próxima década do social media: a ascensão da inteligência social como ferramenta estratégica e a descentralização das plataformas.
Não é de hoje que consumidores compartilham seus desejos, opiniões e frustrações espontaneamente nas redes sociais. O desafio atual, segundo os especialistas, não é mais acessar esses dados, mas transformá-los em inteligência acionável.
A era da social intelligence vai além de monitorar tendências e memes virais. A análise em tempo real de conversas digitais pode antecipar mudanças no comportamento do consumidor, identificar movimentos culturais emergentes e até inspirar inovação de produtos. Exemplo disso foi a campanha da Philadelphia Cream Cheese, que capitalizou sobre uma reclamação dos usuários sobre o emoji de bagel sem cream cheese, gerando um engajamento massivo e levando a Apple a atualizar o ícone.
O conceito de subculturas digitais também ganha força nesse contexto. Comunidades nichadas — de #BookTok a triatletas do Reddit — moldam o consumo e geram impacto na cultura mainstream. Marcas que souberem identificar e engajar essas microcomunidades terão vantagem competitiva.
Se a social intelligence oferece às marcas mais controle sobre sua presença digital, a descentralização das redes sociais promete devolver esse poder aos usuários. Esse é o princípio por trás do Bluesky, a plataforma baseada em protocolos abertos apresentada por Jay Graber.
A grande inovação do Bluesky está na possibilidade de os próprios usuários escolherem seus algoritmos e níveis de moderação, criando experiências personalizadas sem a imposição de feeds ou regras únicas. Além disso, a descentralização elimina um dos maiores riscos do atual modelo: a dependência de decisões corporativas. Diferente das plataformas tradicionais, onde mudanças bruscas podem desmonetizar criadores ou alterar a dinâmica de alcance orgânico de um dia para o outro, o Bluesky permite que usuários migrem para outras interfaces sem perder sua base de seguidores ou identidade digital.
A lógica é simples: se o modelo de negócios de uma plataforma depende da retenção forçada dos usuários, qualquer decisão tomada pelos controladores pode impactar drasticamente sua experiência. Em um ambiente descentralizado, no entanto, a própria comunidade define suas regras, evitando o que especialistas chamam de “aprisionamento algorítmico”.
Com o avanço dessas transformações, o mercado de influência e branding também precisará se reinventar. A influência baseada apenas no alcance tende a perder espaço para a construção de comunidades altamente engajadas, alinhadas por valores e interesses compartilhados. Marcas que adotarem uma postura de “colaboração” com esses nichos, em vez de apenas disputar atenção com conteúdos virais, terão maior relevância e impacto.
Além disso, o futuro do social commerce dependerá de uma integração mais fluida entre plataformas e jornadas de compra descentralizadas. No Bluesky, por exemplo, a possibilidade de múltiplas interfaces de navegação pode levar ao surgimento de novos formatos de recomendação e curadoria, desafiando a hegemonia das redes tradicionais.
Em um cenário onde inteligência social e descentralização caminham juntas, o papel das marcas e dos criadores não será apenas produzir conteúdo, mas entender profundamente suas audiências e construir experiências digitais mais autênticas, significativas e participativas.
O futuro (ou o presente?) das redes sociais não será apenas sobre onde estamos online, mas sobre quem realmente detém o controle da experiência digital.
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