O futuro do trabalho está na reconexão humana

17 de março de 2025 - 16h23

Em um mundo onde a inteligência artificial avança a passos largos, o SXSW nos lembra de algo fundamental: o futuro do trabalho é humano. A cada sessão no SXSW, a sensação predominante é de que saímos com mais perguntas do que respostas. Uma das perguntas centrais é: como todas as transformações em curso impactam o futuro do trabalho?

Ian Beacraft, especialista em tendências futuras, destacou uma mudança fundamental de mentalidade: do “eu sou o que sei” para o “eu sou o quanto me adapto”. Ele nos confronta com a realidade de que a era em que uma habilidade adquirida perdurava por 30 anos acabou. A velocidade vertiginosa das mudanças faz com que novas habilidades ganhem e percam relevância rapidamente.

Nesse contexto dinâmico, a adaptabilidade emerge como a habilidade fundamental. Quanto mais rápido nos adaptamos, mais rápido aprendemos. E para aprender, precisamos abraçar o novo e sair da zona de conforto. Em um modelo de aprendizado coletivo, criatividade e colaboração tornam-se indispensáveis.

Em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia, o apelo pela valorização das habilidades humanas mais fundamentais repercutiu com força no festival. Conforme já mencionei nesta cobertura, Brené Brown, em sua sessão sobre vulnerabilidade e liderança, enfatizou: precisamos reaprender a integrar habilidades humanas no trabalho, já que elas foram subestimadas nos últimos anos. Habilidades como empatia, vulnerabilidade e conexão, antes subestimadas ou vistas como fraquezas, emergem agora como essenciais.

Na busca por otimização e produtividade, perdemos a capacidade de acolher opiniões divergentes, perceber as necessidades alheias e nos conectar de maneira genuína, demonstrando vulnerabilidades e anseios. Reintegrar essas habilidades significa criar ambientes de trabalho mais humanos e resilientes.

Um terceiro aspecto, apresentado por Laurie Santos e DJ DiDonna, que enriquece a dimensão humana do trabalho, foi a importância dos períodos sabáticos, nos quais as pausas são normalizadas. DJ DiDonna argumenta que a necessidade de descanso e recarregar as energias é intrínseca ao ser humano. A pausa também se revela como um catalisador para a criatividade, a inovação e o fortalecimento da autoconfiança. Ele concluiu sua sessão com uma pergunta provocativa: “Qual história de vida cada um de nós deseja construir? Quando, de fato, priorizaremos o tempo para realizá-la?”

O caminho para o futuro do trabalho e para um mundo mais equilibrado parece residir na reconstrução e valorização de nossas habilidades humanas. O SXSW nos deixou com uma grande lição de casa e profundas reflexões. Que possamos priorizar desde já esse novo caminho em busca de novas respostas. Que tal começar hoje mesmo? Que tal promover um ambiente de trabalho mais humano e acolhedor?