O futuro já chegou: uma visão otimista pós-SXSW
Ao refletir sobre tudo que vi e ouvi no SXSW 2025, percebo que a diferença entre pessimismo e otimismo frequentemente se resume a uma questão de movimento
Ao refletir sobre tudo que vi e ouvi no SXSW 2025, percebo que a diferença entre pessimismo e otimismo frequentemente se resume a uma questão de movimento
17 de março de 2025 - 18h58
Já pensou no que você vai fazer no dia em que não tiver nada para fazer?
Me faço essa pergunta desde que conheci a IA generativa e ela voltou a ecoar na minha mente desde que voltei do SXSW 2025. Em meio às discussões sobre automação, inteligência artificial e o futuro do trabalho, esta simples provocação ressoa com força e nos convida a refletir sobre nosso propósito em um mundo em rápida transformação onde, pelo visto, temos pouco controle sobre o que virá.
Navegando pelos corredores do evento em Austin, me deparei com inúmeras visões pessimistas: “O fim dos empregos como conhecemos”, “A concentração tecnológica nas mãos de poucos”, “A desigualdade digital que separa nações”. As manchetes alarmistas proliferam, e compreendo perfeitamente essa apreensão. No entanto, depois de 22 horas de deslocamento de volta para casa, pude absorver palestras, debates e tendências, e sinto a responsabilidade de apresentar uma perspectiva mais otimista – não por ingenuidade, mas por enxergar oportunidades transformadoras neste horizonte que se descortina.
Vivemos em uma época em que o ciclo de renovação do conhecimento se comprimiu drasticamente. Se antes o aprendizado adquirido na escola e na faculdade servia por 30 anos de carreira, hoje precisamos nos reinventar a cada seis meses. Essa não é uma hipérbole – é a realidade palpável do ecossistema de inovação.
A futurista norte-americana Amy Webb disse no SXSW 2023: “Não estamos apenas criando o futuro, estamos construindo seu sistema operacional.” Hoje, em 2025, vivemos exatamente assim com as atualizações desse sistema operacional, que acontecem com uma frequência insana. É a tal “living intelligence”.
Para o ecossistema brasileiro de startups, essa aceleração representa tanto um desafio quanto uma oportunidade extraordinária. Nossa capacidade natural de adaptação, jeitinho e criatividade nos coloca em posição privilegiada para navegar nesse ambiente de constante disrupção. Em um mundo onde a capacidade de aprender rapidamente vale mais que o conhecimento estático, temos vantagens competitivas que precisamos capitalizar. Por isso, mais importante do que escolher qual modelo de linguagem usar, é pensar em construir soluções em plataformas que permitam flexibilizar e alterar o modelo para a sua realidade do momento.
E se ainda não te convenci de que você não está no controle e deve relaxar e viver a vida, saiba que já tem gente ressuscitando o impossível!
Um dos momentos mais surreais do SXSW 2025 foi a apresentação do projeto de “de-extinção”, que pretende trazer de volta espécies extintas através de edição genética avançada. Aquilo que antes víamos apenas em filmes de ficção científica agora é discutido em painéis sobre bioengenharia com datas concretas para implementação.
Sem precisar ressuscitar mamutes, em ano de COP30 no Brasil, um país cheio de verde (ainda), essa fusão entre ciência, tecnologia e imaginação abre possibilidades inimagináveis para startups brasileiras no campo da biotecnologia, sustentabilidade e preservação ambiental. Nossa biodiversidade única nos posiciona como protagonistas potenciais desse movimento, desde que saibamos alinhar pesquisa científica, capital de risco e visão empreendedora.
Outro tema recorrente no SXSW 2025 foi sobre a importância das comunidades em um mundo hiperconectado. Mas nem precisava. Pensa comigo: se a maioria das palestras é transmitida no YouTube horas depois, por que pessoas como eu viajam horas para estar em Austin? Óbvio!! Para encontrar… brasileiros! A Casa São Paulo no SXSW é o maior exemplo de comunidade. O evento se torna o pano de fundo para encontros informais e conexões verdadeiras, que são impossíveis de se fazer com informalidade e disponibilidade no Brasil. Vale a pena.
Isso pode ser uma oportunidade de ouro para construir a próxima geração de plataformas que utilizam tecnologia avançada para fortalecer laços comunitários, não enfraquecê-los. Nossa orientação natural para relações e nossa experiência em criar soluções para contextos complexos nos dão vantagem competitiva nesse espaço.
Ei, não fique com medo não! Abrace o novo sem medo!
Ao refletir sobre tudo que vi e ouvi no SXSW 2025, percebo que a diferença entre pessimismo e otimismo frequentemente se resume a uma questão de movimento. Aqueles que se sentem passivos diante da mudança tendem ao medo; aqueles que se veem como agentes ativos da transformação encontram esperança e propósito.
Nós, “startupeiros brazucas”, abraçamos esse momento com coragem e determinação. Temos todos os ingredientes necessários para prosperar nesse novo mundo: adaptabilidade, criatividade, resiliência, diversidade de pensamento e experiência em resolver problemas complexos com recursos limitados.
Como disse Belchior, “o passado é uma roupa que não nos serve mais”. Não podemos navegar o futuro olhando pelo retrovisor. Precisamos encarar o amanhã de frente, não com medo, mas com a confiança de quem está pronto para co-criar um mundo mais justo, sustentável e humano.
O futuro não está escrito. Está sendo codificado, projetado e imaginado agora. E nós, empreendedores, investidores e inovadores brasileiros, temos o privilégio e a responsabilidade de ajudar a escrevê-lo.
A questão não é o que faremos quando não tivermos nada para fazer, mas o que escolheremos fazer quando pudermos fazer qualquer coisa.
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