O futuro pertence aos curiosos
O que realmente vai nos diferenciar em um mundo onde todos podem saber tudo?
O que realmente vai nos diferenciar em um mundo onde todos podem saber tudo?
11 de março de 2025 - 18h21
Em 1999, na virada do milênio, o Show do Milhão era um fenômeno. Um programa de perguntas e respostas em que o suspense ia além de quem sabia mais — o que todos queriam mesmo era saber: quanto essa pessoa vai ganhar?
Por muito tempo, ser a pessoa que sabia tudo — a capital de um país obscuro, quem levou o Oscar de Melhor Filme em 1982, o nome científico de uma planta exótica — era o que separava os “interessantes” dos “normais”. Saber coisas era um status, um diferencial.
Mas agora, com 99% da informação do mundo disponível em segundos, qualquer um pode ter essa resposta na ponta dos dedos (ou melhor, na ponta de uma pergunta). Então, o que realmente vai nos diferenciar em um mundo onde todos podem saber tudo?
A chegada da IA generativa mudou isso. Estima-se que entre 40% e 60% dos empregos no mundo serão impactados — ou até extintos —, dependendo da economia. E isso não é só uma questão de tecnologia. É uma transformação social, econômica, cultural e até espiritual.
O que antes levava anos para dominar pode perder valor em questão de meses. Habilidades que já foram indispensáveis podem se tornar obsoletas antes mesmo de você atualizar seu LinkedIn. O que antes era “Eu sou o que eu sei” está virando “Eu sou como eu me adapto”.
Sobre isso, Ian Beacraft, CEO da Signal e da Cipher, e Mike Bechtel, da Deloitte, concordam: o futuro não será mais dos especialistas — será dos generalistas. Aqueles que não apenas sabem, mas que conseguem conectar as coisas. Os que entendem que o valor real não está nos pontos individuais, mas na forma como eles se unem.
E isso é uma notícia excelente para os curiosos. Aqueles que gostam de aprender algo novo, que têm um repertório variado de interesses, mesmo que aparentemente desconexos. Porque é exatamente dessa mistura de referências inesperadas que surgem as grandes invenções — como já aconteceu antes.
Pense na união de cartografia, engenharia de software e geolocalização. Ou na fusão do hip hop com o country que criou “Old Town Road”, o hit absoluto de Lil Nas X.
Mas o desafio — mais um — será fazer isso sem se perder. A era da informação cobra seu preço em atenção e saúde mental. Para que nosso cérebro consiga realmente processar e conectar essas informações, ele precisa de tempo, descanso e, sim, boas noites de sono. Numa sociedade obcecada por performance e resultado, dar espaço para o ócio criativo será um ato revolucionário.
Dito isso, o futuro não pertence aos que sabem tudo — pertence aos que sabem conectar tudo. Aos curiosos. Aos inquietos. Aos que entendem que, no fim das contas, saber a capital de um país distante é legal, mas saber o que fazer com essa informação é o que realmente importa.
Compartilhe
Veja também
Duração curta e novos locais: como será o SXSW 2026
Organização do evento detalha espaços das palestras e restringe acessos às badgets Interactive, Music e Film & TV
Convergência entre IA e XR evidencia a nova era das realidades imersivas
Especialistas no setor de realidade estendida (XR) debateram o futuro das realidades imersivas, passando pela convergência da XR com a IA e pela evolução do metaverso