SXSW
O que podemos aprender com a liderança ‘Good Power’ na tecnologia?
Toda evolução é difícil, exige luta, desafios e resistência, mas só será possível com uma humanidade mais conectada e que investe na união para vencer os desafios do futuro
Toda evolução é difícil, exige luta, desafios e resistência, mas só será possível com uma humanidade mais conectada e que investe na união para vencer os desafios do futuro
20 de março de 2023 - 14h45
E lá vamos nós para mais um dia de jornada intensa aqui no South by Southwest (SXSW). Dia de muito conhecimento e debates sobre o que já está acontecendo no mundo e o que ainda está por vir. Inclusive, acho interessante como esse evento traz várias perspectivas sobre temas que já fazem parte do nosso dia a dia, mas ao mesmo tempo consegue nos trazer inspiração e ideias que mal saíram do papel. Lembrando que o Brasil trouxe a maior delegação estrangeira para um dos principais eventos de inovação, tecnologia e cultura do mundo. Por outro lado, tenho ouvido ao longo das filas de espera e grupos de networking que ainda há pouca criticidade no evento – o que pode ser dito das trilhas principais, mas fora do mainstream o que eu mais ouvi foram críticas à liderança mal conduzida, que leva à falências e falhas em instituições.
Caminho pelo evento, faço curadorias e analiso o que as pessoas estão trazendo aqui em termos de inovação, privacidade, inteligência artificial, web3, etc. Percebo o quanto a criticidade está presente em todos esses momentos, porém fora da linha principal de palestras.
Na quarta-feira, assisti a palestra “Leading with Good Power”, da Ginni Rometty, ex-presidente e CEO da IBM. A executiva, que já esteve na lista das mulheres mais poderosas da Forbes e liderou uma das transformações corporativas de maior risco da história dos negócios (foi responsável pela transição da IBM para uma companhia de dados), explicou que o poder não precisa ser algo ruim para ser potente. Você pode liderar com transparência e carinho, e ainda assim ser uma pessoa de influência e impacto no mundo dos negócios. Ela trouxe o tema da diversidade na liderança para que empresas tenham sucesso, a partir do mesmo paradigma.
Apesar do senso comum e das conotações negativas que ainda permeiam o imaginário das pessoas quando pensam em poder, Ginni ressalta que o poder pode ser usado com respeito e com a intenção de beneficiar as pessoas, além das empresas.
Em uma conversa bastante envolvente e dando exemplos de princípios que ajudaram a sua família a superar as dificuldades financeiras, assim como alimentaram a sua trajetória de 40 anos na IBM para se tornar a primeira CEO mulher e inspiraram o seu trabalho atual, Ginni Rometty afirmou que o “Good Power” é necessário para tornar as coisas melhores para nós mesmos, nossas organizações e para a sociedade. Isso me tocou de uma tal forma que me fez refletir sobre o quanto isso é uma escolha disponível para todos nós. Explorar o seu próprio potencial para criar mudanças positivas seja em sua vida, seu trabalho e no mundo ao seu redor, só depende de você mesmo. Os outros não podem definir quem você é ou será.
Ouvir a perspectiva dela sobre liderança positiva diante de um cenário atual de recentes crises no setor de tecnologia – inclusive, com a quebra de bancos como o recente caso do Silicon Valley Bank – sobre ser responsável, estar preocupada com a sustentabilidade, com a equidade e a justiça foi fundamental para endossar que as mulheres precisam ter espaço e que para isso devemos quebrar barreiras. Falando nisso, o conceito de criticidade e liderança também estava pulsante durante o painel “EarthGlow: An Astronaut’s Perspective”, da astronauta Dra. Sian Proctor, primeira mulher negra a pilotar uma nave espacial e que teve a oportunidade de ingressar em um dos programas da Space X. Sian realizou uma viagem ao espaço durante três dias, compartilhando uma perspectiva única sobre seu tempo lá e como isso mudou sua visão de mundo ao observar a Terra em sua totalidade. A astronauta contou como isso foi transformador na forma como ela passou a perceber e a lidar com as pessoas compartilhando com todos que estavam presentes na plateia os relatos dessa experiência por meio de poesia e muita exploração artística.
Um dos trechos que mais me marcou ao longo da conversa foi o depoimento de um dos astronautas que Sian Proctor compartilhou com o público: se enxergamos uma Terra sem fronteiras, por que brigamos e lutamos tanto uns contra os outros? Estamos todos a bordo da mesma nave.
Com esse questionamento, endosso que uma liderança responsável não é mais uma alternativa, mas sim uma necessidade global. Ter habilidades de motivar e inspirar pessoas de forma positiva se faz necessário nos dias de hoje. Por isso, focar mais em valores que vão ajudar a humanidade a cumprir seu potencial é o que nos guiará a outro patamar. Toda evolução é difícil, exige luta, desafios e resistência, mas só será possível com uma humanidade mais conectada e que investe na união para vencer os desafios do futuro.
Compartilhe
Veja também
Pela segunda vez no SXSW, São Paulo House amplia espaço
Governo do Estado de São Paulo anuncia Espaço Business e feira de negócios para a edição de 2025 da São Paulo House
IA: impactos nas eleições e desafios da falta de regulamentação
Painelistas discutem influência da inteligência artificial nas urnas e criticam falta de regulamentação sobre privacidade e IA nos Estados Unidos