DE 08 A 16 DE MARÇO DE 2024 | AUSTIN - EUA

SXSW

O que podemos aprender com a liderança ‘Good Power’ na tecnologia?

Toda evolução é difícil, exige luta, desafios e resistência, mas só será possível com uma humanidade mais conectada e que investe na união para vencer os desafios do futuro


20 de março de 2023 - 14h45

Crédito: Planet-studio/Shutterstock

E lá vamos nós para mais um dia de jornada intensa aqui no South by Southwest (SXSW). Dia de muito conhecimento e debates sobre o que já está acontecendo no mundo e o que ainda está por vir. Inclusive, acho interessante como esse evento traz várias perspectivas sobre temas que já fazem parte do nosso dia a dia, mas ao mesmo tempo consegue nos trazer inspiração e ideias que mal saíram do papel. Lembrando que o Brasil trouxe a maior delegação estrangeira para um dos principais eventos de inovação, tecnologia e cultura do mundo. Por outro lado, tenho ouvido ao longo das filas de espera e grupos de networking que ainda há pouca criticidade no evento – o que pode ser dito das trilhas principais, mas fora do mainstream o que eu mais ouvi foram críticas à liderança mal conduzida, que leva à falências e falhas em instituições.

Caminho pelo evento, faço curadorias e analiso o que as pessoas estão trazendo aqui em termos de inovação, privacidade, inteligência artificial, web3, etc. Percebo o quanto a criticidade está presente em todos esses momentos, porém fora da linha principal de palestras.

Na quarta-feira, assisti a palestra “Leading with Good Power”, da Ginni Rometty, ex-presidente e CEO da IBM. A executiva, que já esteve na lista das mulheres mais poderosas da Forbes e liderou uma das transformações corporativas de maior risco da história dos negócios (foi responsável pela transição da IBM para uma companhia de dados), explicou que o poder não precisa ser algo ruim para ser potente. Você pode liderar com transparência e carinho, e ainda assim ser uma pessoa de influência e impacto no mundo dos negócios. Ela trouxe o tema da diversidade na liderança para que empresas tenham sucesso, a partir do mesmo paradigma.

Apesar do senso comum e das conotações negativas que ainda permeiam o imaginário das pessoas quando pensam em poder, Ginni ressalta que o poder pode ser usado com respeito e com a intenção de beneficiar as pessoas, além das empresas.

Em uma conversa bastante envolvente e dando exemplos de princípios que ajudaram a sua família a superar as dificuldades financeiras, assim como alimentaram a sua trajetória de 40 anos na IBM para se tornar a primeira CEO mulher e inspiraram o seu trabalho atual, Ginni Rometty afirmou que o “Good Power” é necessário para tornar as coisas melhores para nós mesmos, nossas organizações e para a sociedade. Isso me tocou de uma tal forma que me fez refletir sobre o quanto isso é uma escolha disponível para todos nós. Explorar o seu próprio potencial para criar mudanças positivas seja em sua vida, seu trabalho e no mundo ao seu redor, só depende de você mesmo. Os outros não podem definir quem você é ou será.

Ouvir a perspectiva dela sobre liderança positiva diante de um cenário atual de recentes crises no setor de tecnologia – inclusive, com a quebra de bancos como o recente caso do Silicon Valley Bank – sobre ser responsável, estar preocupada com a sustentabilidade, com a equidade e a justiça foi fundamental para endossar que as mulheres precisam ter espaço e que para isso devemos quebrar barreiras. Falando nisso, o conceito de criticidade e liderança também estava pulsante durante o painel “EarthGlow: An Astronaut’s Perspective”, da astronauta Dra. Sian Proctor, primeira mulher negra a pilotar uma nave espacial e que teve a oportunidade de ingressar em um dos programas da Space X. Sian realizou uma viagem ao espaço durante três dias, compartilhando uma perspectiva única sobre seu tempo lá e como isso mudou sua visão de mundo ao observar a Terra em sua totalidade. A astronauta contou como isso foi transformador na forma como ela passou a perceber e a lidar com as pessoas compartilhando com todos que estavam presentes na plateia os relatos dessa experiência por meio de poesia e muita exploração artística.

Um dos trechos que mais me marcou ao longo da conversa foi o depoimento de um dos astronautas que Sian Proctor compartilhou com o público: se enxergamos uma Terra sem fronteiras, por que brigamos e lutamos tanto uns contra os outros? Estamos todos a bordo da mesma nave.

Com esse questionamento, endosso que uma liderança responsável não é mais uma alternativa, mas sim uma necessidade global. Ter habilidades de motivar e inspirar pessoas de forma positiva se faz necessário nos dias de hoje. Por isso, focar mais em valores que vão ajudar a humanidade a cumprir seu potencial é o que nos guiará a outro patamar. Toda evolução é difícil, exige luta, desafios e resistência, mas só será possível com uma humanidade mais conectada e que investe na união para vencer os desafios do futuro.

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