Onde está a geração Z no SXSW?
Trilha de creator economy e painéis sobre geração Z e Alpha acontecem com baixa presença dessas pessoas nas mesas de discussão
Trilha de creator economy e painéis sobre geração Z e Alpha acontecem com baixa presença dessas pessoas nas mesas de discussão
14 de março de 2024 - 15h45
Estar vivenciando o SXSW tem me causado um mix de sentimentos muito grande. Ao mesmo tempo em que estou feliz de experienciar tudo isso, de conhecer pessoas que no Brasil provavelmente seria difícil de encontrar, somado ao fato de ser a minha primeira vez nos Estados Unidos, estive com uma sensação de não me sentir parte. E com isso, me pergunto: onde estão as pessoas da Geração Z e Alpha por aqui, tão mencionadas em dezenas de painéis? Cadê a diversidade e a pluralidade do evento?
Um ponto que mexeu comigo está relacionado aos creators. Vi painéis e trilhas sobre a creator economy focados no mercado, mas falta a visão de criadores que vivenciam essa realidade e casos fora dos EUA. O Brasil tem uma das maiores delegações, com cerca de 4 mil pessoas, e para a cobertura do festival, poucos creators estão presentes. Faltam pessoas podendo levar o que está acontecendo em Austin para o nosso país, os insights, as tendências e como fazer para conectar com a realidade latino-americana. Não dá para adotarmos uma visão do Norte global, sendo que o cenário de muitos países do Sul é diferente e sabemos a raiz do problema: altos preços da viagem e do evento, somado à falta de adesão e investimento de marcas em creators brasileiros.
No entanto, posso dizer que uma coisa os dois pólos possuem em comum: o crescente interesse pelas gerações Alpha e Z. Estão colocando as duas no centro de algumas discussões. Essas gerações estão chamando a atenção das marcas, porém, ainda não estão sendo muito bem compreendidas. Existem barreiras geracionais e também muitos desafios de ruídos de comunicação para que as empresas e as pessoas decisórias por trás consigam superar. Seja na contratação de força de trabalho, ou como público-alvo direcionador de estratégias de negócios.
A partir dos painéis que assisti, alguns insights me chamaram a atenção, por exemplo: 50% dos adolescentes sentem que não se encaixam e não tem um lugar no mundo enquanto 25% confirmam que se sentem muito solitários o tempo todo ou a maior parte do tempo; O Pinterest foi citado com uma rede social que é um safe space na internet, longe de discursos de ódio ou fake news; Uma pesquisa com jovens dos EUA que revelou que 1 entre 3 garotas se sente mal sobre o próprio corpo depois de checar as redes sociais.
O que podemos concluir? A relação de crianças, adolescentes e jovens adultos com a internet não é uma discussão futura. O letramento somado à instrução é o que vai afetar a cadeia de influência que forma opinião, pensamento e a maneira como as novas gerações sentem e reagem às informações em que estão expostas. Além disso, os hábitos de consumo estão em uma constante transformação, que tende a ocasionar mudanças significativas em um futuro próximo, e talvez as marcas e empresas, por mais que tentem acompanhar, ainda não estão entendendo o que esses novos públicos consumidores querem.
Outro ponto, que é o que mais estou gostando: ver o quanto a delegação brasileira é articulada. As pessoas estão aqui para se apoiar, abertas a ouvir, conhecer, descobrir e a voltar para o Brasil para democratizar informações e acessos. O copresidente e diretor de programação do SXSW afirmou que a estimativa era de 50 mil participantes, sendo 30% de fora dos EUA, e uma boa parte vem do Brasil. No entanto, podemos mais e muitos brasileiros estão se mobilizando para que, nas próximas edições, sejamos não só uma das maiores delegações, mas que possamos aumentar a diversidade no festival, incluindo na programação oficial.
Temos profissionais sensacionais no nosso mercado, mas precisamos realizar movimentos para que essas pessoas ganhem protagonismo e sejam ouvidas, para que possam fazer mais pelo Brasil e gerar transformação social. Inovação é sobre resolver problemas. Então, através dessa articulação e dessa rede social, que não é da tela do smartphone, mas de pessoas no mundo real, torço para que possamos criar esse contexto e estejamos unidos em prol de pautas que contribuem com a evolução das nossas relações.
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