Por que o SXSW ganhou tanta relevância para o mercado brasileiro?
Uma possibilidade seria que o SXSW carrega brasilidade em si e o interesse do brasileiro pelo evento teria a ver com a sua essência
Uma possibilidade seria que o SXSW carrega brasilidade em si e o interesse do brasileiro pelo evento teria a ver com a sua essência
10 de março de 2024 - 15h07
“É a minha oitava vez”, ouvi no avião entre a Cidade do Panamá e Austin. Já no Texas, ao entregar o passaporte para a credencial, mais uma evidência: “a lot of Brazilians here” (muitos brasileiros aqui), a voluntária disse. Há anos o SXSW tem uma forte influência no mercado de comunicação brasileiro com uma presença marcante do português nas ruas de Austin. Uma das maiores delegações estrangeiras há alguns anos.
Além de encontrar pessoas conhecidas em pontos de encontro típicos, como o Pete’s Dueling Piano Bar, o SX (com o perdão do apelido) é marcado por happy hours de veículos de mídia, grupos de WhatsApp para atualizações ao vivo e, claro, ampla cobertura em meios de comunicação especializados. Este ano, mais uma novidade: o Itaú entra como um dos patrocinadores do festival.
Todo esse movimento faz refletir por que um evento fora do Brasil (e que não distribui prêmios) é um dos maiores acontecimentos do nosso mercado. Conversei com pessoas da Mirum, Robson Ortiz e Alexandre Kavinski, que vêm há muitos anos no evento e reuni alguns pensamentos.
Uma possibilidade seria que o SXSW carrega brasilidade em si e o interesse do brasileiro pelo evento teria a ver com a sua essência. A diversidade de assuntos e formatos que o SXSW pode tomar é realmente incalculável – muitas palestras acontecem ao mesmo tempo e, como no Brasil, cabem todos os assuntos e opiniões em um só lugar.
SXSW também é o encontro do mundo, e o brasileiro se interessa em participar. Outros eventos, como o Web Summit, também chamam a atenção do mercado e vêm crescendo. Estes, apesar de menos soltos em termos de conteúdo, ainda são benchmarks importantes. Mas o SXSW não é apenas “quadrado” sobre tecnologia e inovação, é um evento que tem um olhar mais amplo sobre a produção cultural alternativa e mainstream.
Também vejo que por ser exclusivo, o hype atrai o mercado. “Minha filha trocou o Spring Break em uma praia para vir aqui encontrar o pessoal da NASA”, disse Amy Webb em sua tradicional e esperada palestra anual. O evento foi ganhando contornos de festival, com o circuito de filme e música ganhando força em sua composição. O brasileiro não vem necessariamente por isso, mas a estranheza de Austin e o ar de exclusividade e lançamento que o evento traz tornam este lugar realmente único nesta época do ano.
Minha maior hipótese é que a agenda do festival corresponde ao hype. O evento é sensacional.
Na opinião das pessoas com quem conversei, a virada da presença brasileira (e também mais jovem) no evento ocorreu em 2012. Até então, por volta de 2007, quando a Mirum começou a participar, o evento era mais restrito e focado na conexão com os palestrantes que apresentavam ideias inovadoras nas salas de conferências. Não se engane: relatos indicam que, em 2007, pessoas que frequentavam o festival desde os anos 80 e 90 já comentavam que não era mais o mesmo.
E essa é a grande característica do SXSW. Ele nunca é a mesma coisa. O circuito de palestras e experiências pode tomar a forma que você quiser, sendo um festival completamente diferente para cada um que participa. O SX se reinventa de acordo com seu tempo e lugar na discussão do mundo, não envelhece. Espero que continue tendo essa relevância para o nosso mercado por muitos anos à frente.
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