Precisamos falar muito sobre crise climática
O quanto o contexto atual determina o futuro que temos pela frente, e em que medida nossas decisões de hoje vão nos conduzir ao futuro que queremos
O quanto o contexto atual determina o futuro que temos pela frente, e em que medida nossas decisões de hoje vão nos conduzir ao futuro que queremos
13 de março de 2025 - 18h35
Uma das coisas que mais gosto de fazer no SXSW é encontrar nexo entre diferentes conversas. É curioso como trilhas distintas de conteúdo vão convergindo e formando novos sentidos.
No painel (riquíssimo, aliás) em que a psicoterapeuta Esther Perel conversa com a futurista Amy Webb e com Frederik Pferdt, ex-evangelista de inovação do Google, ela abre perguntando ao público sobre o que é o futuro. Colheu termos como “incerto”, “imprevisível” e “tecnológico”. Em seguida, ao questionar novamente as pessoas da plateia, desta vez sobre que futuro elas querem, os termos passaram a ser mais otimistas e positivos, como “excitante”, “pacífico” e “justo”.
A partir daí, a discussão transitou entre o quanto o contexto atual e as tendências que conseguimos enxergar — com a luxuosa ajuda de Amy Webb — determinam o futuro nada otimista que temos pela frente, e em que medida nossas decisões de hoje vão nos conduzir ao futuro que queremos.
Enquanto Frederik propõe que olhemos primeiro para dentro de nós, imaginando onde queremos estar, com quem, engajados em quê e como queremos nos sentir neste futuro — ao invés de nos angustiarmos com o contexto que vemos do lado de fora –, Amy reforça o cenário de extrema incerteza e revela o mecanismo que ela mesma usa para combater a ansiedade: “eu crio regras e boto em prática um plano claro”.
Corta para o painel com Douglas Chan, COO da Climeworks, e Katharine Hayhoe, cientista-chefe da The Nature Conservancy, sobre a tecnologia para remover carbono da atmosfera. A solução da Climeworks é capaz de capturar CO2 diretamente do ar, filtrar, concentrar e injetar em formações rochosas de basalto profundas, onde reage para formar minerais carbonáticos estáveis, armazenando o dióxido de carbono de forma segura por 10.000 anos.
Interessante. Muito! Mas, antes mesmo de soluções de remoção, temos tecnologias aos montes para a redução das emissões de carbono, como energia solar, eólica, carros elétricos e alimentos veganos. E mesmo assim, a situação só piora, e a meta de chegarmos a zero emissão até 2050 parece cada vez mais utópica.
“Dependemos de políticas públicas de descarbonização; precisamos de demanda”, respondeu Douglas Chan ao ser perguntado sobre o que falta para esta tecnologia ganhar escala. A fala do Chan me lembrou imediatamente o método anti-ansiedade da Amy Webb: criar regras e seguir um plano.
Conquistas de direitos como o voto feminino e o casamento entre pessoas do mesmo gênero são consequências da vontade e da pressão das pessoas. De muitas pessoas que lutaram diretamente e de tantas outras que apoiaram e tornaram a luta de alguns o clamor de muitos.
Como reforçou Katharine Hayhoe na conversa com Chan, precisamos falar cada vez mais sobre esse abismo que está logo ali para todos nós, terráqueos, e que vem se definindo em forma de temperaturas recorde, enchentes, incêndios e secas. Hayhoe, cientista climática laureada por suas pesquisas, apontou a comunicação como ferramenta essencial para mobilizar as pessoas em prol do direito a um planeta habitável para todos.
Medidas que promovam a redução e remoção das emissões de carbono precisam ser um clamor de todos. Porque, sem isso, nosso futuro é certo e certamente não é aquele que desejamos.
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