Assinar
De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Progresso x privacidade: o futuro acelerado pela I.A

A oferta de funcionalidades dos aplicativos de mensagens cria desafios complexos em relação à privacidade e aos dados gerenciados por esses serviços


9 de março de 2025 - 16h58

Os primeiros painéis do SXSW 2025 aqui em Austin já me deixaram empolgada por ver que teríamos mais um ano de conteúdo exemplificando com casos reais os saltos tecnológicos que temos vivido e presenciado pela adoção de inteligência artificial.

E não surpreendentemente, as palestras e painéis entre temas que reforçam esses avanços levam diretamente para o quanto ainda precisamos evoluir diante de novos desafios ainda maiores em respeito à segurança da privacidade de todos nós.

Nas minhas conversas com líderes de empresas e gestores de marca nos mais diversos segmentos, é nítido o quanto os últimos anos foram permeados pela implementação de soluções estruturais de gestão e monitoramento da segurança do uso de informação de seus consumidores – um trabalho de décadas acelerado em pouco mais de dois anos.

Especificamente na nossa indústria de publicidade, vivemos a turbulência da preparação de todo um mercado para o fim dos cookies e, embora conceitualmente esse tema tenha se distanciado, a reflexão sobre a privacidade do usuário é algo que nunca mais deixará as agendas estratégicas de marcas, agências e consultorias.

E uma das coisas que mais me fez refletir, até aqui, foi a provocação feita por Meredith Whittaker (ex-iMessage, WhatsApp e outros) em seu painel sobre os desafios apresentados aos serviços de mensagem em relação à privacidade das informações, tanto de usuários quanto das empresas que utilizam esses serviços.

Desenvolvedora, pesquisadora, escritora e atualmente presidente da Signal Foundation, uma organização sem fins lucrativos desenvolvendo e apoiando iniciativas de proteção à liberdade de expressão e soluções open-source de privacidade em serviços de comunicação, Meredith explicou que, embora esses serviços tenham se sofisticado em diversos mecanismos de proteção – como criptografia ponta-à-ponta das informações transacionadas -, esbarramos ainda em um desafio maior em relação à transparência sobre a forma como dados são coletados e utilizados pelos provedores desses serviços.

Hoje, mesmo que mecanismos de criptografia ofereçam proteção na transmissão das informações, fica pouco claro quais e de que forma essas informações são armazenadas e processadas por sistemas de inteligência artificial. Os principais serviços e aplicativos hoje oferecem diversas integrações e funcionalidades utilizando I.A., o que naturalmente traz abertura para utilização dos dados por modelos de linguagem em escala.

Cabe maior rigor da indústria e dos órgãos governamentais, bem como a conscientização dos próprios usuários sobre adoção desses serviços e aplicativos. Afinal, como provocou a própria Meredith, “o único caminho para de fato proteger os dados dos usuários é não coletá-los em momento algum”.
Os temas dispostos no SXSW nos lembram da dinâmica complexa entre os avanços em inteligência artificial e a urgente necessidade de preservar a privacidade dos usuários. O discurso de Meredith Whittaker, inclusive, ajuda a destacar um ponto crucial: mesmo com os avanços nas tecnologias de criptografia, a centralização e a transparência em relação ao uso e armazenamento de dados ainda é um desafio significativo.

A crescente conscientização sobre a privacidade deve permear não apenas as estratégias das empresas, mas também as práticas regulatórias e o comportamento dos consumidores.
À medida em que a indústria da publicidade se adapta às constantes novas exigências de privacidade, fica claro que a proteção dos dados não é apenas uma responsabilidade técnica, mas uma questão ética vital. Que essa conversa se intensifique e leve a ações concretas, garantindo que a inovação em inteligência artificial avance lado a lado com a proteção dos direitos dos usuários.

Publicidade

Compartilhe