11 de março de 2025 - 11h40
O festival South by Southwest (SXSW 2025), realizado em Austin, no Texas, já começou proporcionando uma reflexão profunda sobre a saúde social e enfatizando a necessidade urgente de conexões humanas autênticas em uma era dominada pela tecnologia. Kasley Killam, especialista em saúde social e autora de “The Art and Science of Connection”, destacou na palestra de abertura como a solidão e a fragmentação social se tornaram desafios significativos, reforçando que o avanço tecnológico deve ser aliado do fortalecimento dos laços humanos.
Killam ressaltou que o design das plataformas digitais influencia diretamente a qualidade das interações sociais. Com algoritmos moldando nossas experiências online, estamos realmente mais conectados ou apenas mais isolados em nossas próprias convicções? Essa tendência de reforço positivo cria bolhas que podem levar ao extremismo e à falta de diálogo, fenômeno observado tanto em comportamentos humanos quanto em sistemas de inteligência artificial.
A sessão de Killam contrastou com a apresentação seguinte, feita pelo MIT sobre as dez principais tendências tecnológicas para 2025, que trouxe à tona o ritmo acelerado da inovação. Entre as tendências, a evolução da IA generativa e o avanço dos Small Language Models (SLMs) foram destacados. A promessa de modelos menores e mais eficientes oferece personalização, privacidade e menor custo, tornando-os acessíveis a empresas de diversos portes e diminuindo o impacto ambiental.
A combinação dessas duas sessões de abertura já teria mexido bastante com nossas visões, certo? Aí vem Amy Webb, futurista renomada e CEO do Future Today Institute, nos alertando sobre a nova era da “Inteligência Viva”, um ecossistema onde agentes autônomos já tomam decisões sem interferência humana, replicando comportamentos inadequados observados em seres humanos. Essa autonomia, para a qual não estamos preparados, levanta questões éticas e destaca a necessidade de uma supervisão mais rigorosa no desenvolvimento e implementação dessas tecnologias.
Essa dualidade entre a necessidade de conexões humanas genuínas e o avanço tecnológico levanta questões sobre o futuro do mercado de trabalho. Estudos indicam que, nos próximos cinco anos, a IA poderá criar 170 milhões de empregos globalmente, enquanto 92 milhões poderão desaparecer. Parece um saldo positivo, no entanto, a natureza desses novos empregos e a adaptação da força de trabalho permanecem incertas.
No contexto brasileiro, a adoção da IA tem sido rápida, mas não sem desafios. Casos de uso indevido, como a criação de deep fakes, têm crescido, destacando a necessidade de regulamentação e conscientização da sociedade. Além disso, há preocupações sobre a perpetuação de desigualdades e a concentração de poder tecnológico, levando a um possível “neocolonialismo digital”.
O SXSW 2025 nos desafia a refletir: como podemos harmonizar o avanço tecnológico com a essência das relações humanas? Empresas que conseguirem integrar inovação com empatia e responsabilidade social estarão mais preparadas para liderar um futuro onde a tecnologia enriquece, e não substitui, a experiência humana.