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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Se você vai ao vaticano, você precisa ver o papa

5 coisas que a Amy Webb falou que você precisa saber


12 de março de 2023 - 15h07

Crédito: Roseani Rocha

Amy é uma show-woman de respeito. Uma apresentadora que consegue reunir conteúdo relevante, exposto com uma vibração bastante contagiante e de um jeito muito seguro e contundente de falar. E imprime um ritmo bastante intenso e energético na sua fala. Isso tudo faz com que a gente não consiga piscar por um segundo sequer ao longo dos 50 e poucos minutos da sua fala. Amy também dá uma aula de como montar um arco narrativo que conduz o seu conteúdo de um jeito marcante, além de conseguir encaixar alívios cômicos de uma forma bem cativante.

Por isso, estar no SXSW e não assistir à fala da Amy Webb é como ir ao Vaticano e não ver o Papa. Ou como estar na Disney e não abraçar o Mickey. E embora todo mundo fale muito sobre a palestra dela, vou tentar trazer aqui os meus 5 centavos sobre.

Somos todos futuristas

Essa provocação que Amy fez logo no início da sua fala foi bem legal. Deu pra perceber que a reação positiva foi automática na plateia presente no Ballroom D. Ela defendeu de largada a ideia de que em tempos imprevisíveis e caóticos, torna-se cada vez mais decisivo sermos leitores de cenário e tradutores de futuros. É como eu costumo dizer: somos todos detetives do espírito do tempo. Precisamos estar o tempo todo atento aos microsinais e correlacionarmos eles a cada segundo para encontrar padrões que influenciam as mudanças e o comportamento humano.

Não tem jeito de prever o futuro

Ouvir isso de uma das maiores futuristas da contemporaneidade é algo bastante esclarecedor. Entretanto, Amy explica que o trabalho dela consiste em usar dados e evidências para elocubrar modelos hipotéticos a partir da leitura de sinais e tendências prováveis. Então, ela usa padrões de reconhecimento para tentar aumentar a assertividade sobre o que além de influenciar o futuro, como tudo vai acontecer e se correlacionar no tempo. De certo modo, Amy e seu time criam modelos para explorar as incertezas do nosso tempo. E foi assim que eles chegaram nas 666 tendências que constam no report 2023.

Esse é o fim da internet como conhecemos.

Cada vez mais nós compartilhamos tudo que fazemos o tempo todo. Expomos nossas vísceras gratuitamente sem nem pensar muito a respeito, contribuindo para que grandes empresas façam dinheiro com nossas intimidades, atitudes e tudo mais que fazemos enquanto estamos acordados e postando. Nós e nossos comportamentos são cada vez mais “consumidos” pelas empresas — e não mais somos nós que consumimos como antes. Nós somos o produto, definitivamente. Mas e se a internet estiver se transmutando em algo ainda mais diferente e inusitado. Você não busca na internet porque a internet estará sempre buscando por você. Mais do que nunca, a revolução da inteligência artificial vai entregar mais coisas que você sequer acha que está buscando. Muitas vezes isso vai te parecer cômodo e prático. Em outras, certamente soará invasivo.

Informação é contexto e ambiente. E odor.

Data em todo lugar. Amy trouxe alguns exemplos de como a revolução AI vai espalhar a captação de dados por todo lado, em todos os lugares da sua casa e da sua vida. E em como isso vai gerar novas soluções que vão mudar a forma como nos relacionamos com o ambiente. Deu como exemplo uma tecnologia que o Google está desenvolvendo que mapeia o odor de uma sala, do seu corpo, de um bicho de estimação. Isso mesmo: seu cheiro, os odores emanados pelo seu corpo, é tudo data. Assim, será possível saber quem esteve em um lugar, por quanto tempo e em que estados emocionais esteve, a partir das mudanças de odores que esses estados influenciam (medo, alegria, tesão). Existe uma frente que estuda como um assistene virtual como Alexa pode emanar odores pela manhã junto com o som do despertador. Ou algum odor calmante de noite, antes de dormir. Outra frente dessa tecnologia é descobrir quais os odores um mosquito realmente odeia para que nossos corpos exalem esses odores. Interessante, não? E também assustador.

AISMOSIS = AI + OSMOSE

Amy apresentou esse conceito cunhado por ela para definir como a revolução AI vai se espalhar por todos os aspectos da nossa vida de uma forma onipresente, por osmose, por transferência e impactos sensíveis e subliminares nos mínimos detalhes. Você não vê e não pode tocar. Uma revolução invisível para a gente, para olhos humanos. De uma internet de hábitos de navegação para uma internet em que tudo que você faz, mesmo sem estar com um celular na mão, gera informação — e pode te devolver em serviços ou invasão de intimidade. E Amy alerta: os reguladores vão aparecer bem tarde pra essa festa. As grandes tech-companies defendem a ideia de que você que deve se auto-policiar. Amy afirma que nós aceleramos demais e não definimos um plano. Esse é o momento que vamos da ficção para a realidade.

Amy abriu sua fala agradecendo a todas as pessoas que fazem o evento acontecer e disse: “esse é meu lugar favorito para estar no mundo”. Acredito que a gente possa afirmar que comungamos desse mesmo sentimento com ela: estar naquela sala, naquele momento, também foi o nosso lugar favorito de estar no mundo.

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