South by Southwest by America?
O evento ocorre sob um novo contexto político global, com debates mais polarizados e com a noção de fronteiras em xeque
O evento ocorre sob um novo contexto político global, com debates mais polarizados e com a noção de fronteiras em xeque
27 de fevereiro de 2025 - 16h52
Este ano, embarco novamente para o SXSW. Vou de Copa Airlines, faço escala no Panamá, e não tem como não lembrar do Canal do Panamá. Aí, me bate a dúvida: o canal ainda é do Panamá ou já pode colocar a plaquinha “Sob nova administração”?
Devaneios à parte, o SXSW é um dos eventos mais vibrantes para quem busca se informar, se inspirar e entender o futuro antes que ele se torne presente. É um festival que nos empurra para fora da bolha e nos coloca cara a cara com as grandes questões do mundo.
Para quem trabalha com comunicação e vê pessoas e cultura como o coração de tudo o que faz, estar à frente do que os olhos conseguem enxergar é essencial. Mas tão essencial quanto isso é discutir a realidade que já está diante de nós. É por isso que o SXSW é tão especial.
Se há algo que define esse evento, é seu caráter progressista. Aqui, temas que muitas vezes são tabu em outros espaços – do aborto à legalização de psicodélicos – são discutidos com naturalidade.
E isso não é de hoje.
O SXSW nasceu nos anos 1980 com uma pegada contracultural e nunca perdeu esse DNA. A cada ano, palestras e debates reafirmam essa essência. Em 2016, por exemplo, o então presidente Barack Obama subiu ao palco para falar sobre inovação e engajamento cívico, enquanto Michelle Obama usou o mesmo espaço para discutir empoderamento feminino. Em 2019, Alexandria Ocasio-Cortez levou para o evento um debate sobre desigualdade econômica e o futuro do capitalismo.
A verdade é que o SXSW sempre esteve à frente, refletindo e amplificando os temas que movem o mundo. Mas e agora? Como será este ano?
O contexto político global mudou, os debates estão mais polarizados e a própria noção de fronteiras – políticas e culturais – está em xeque. Ainda tenho dúvidas se o Canal do Panamá é realmente do Panamá, se o Golfo do México é da América e se o Canadá é um país ou apenas um estado.
E me pergunto: essas perguntas (e visão de mundo) vão impactar o SXSW que conhecemos?
Veremos.
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