SXSW 2023 provou que continua sendo um dos melhores eventos do mundo
Estar em Austin e presenciar a retomada do evento como aconteceu este ano é um prazer imenso. O SXSW ultrapassou as expectativas e deixou para trás o medo do presencial
Estar em Austin e presenciar a retomada do evento como aconteceu este ano é um prazer imenso. O SXSW ultrapassou as expectativas e deixou para trás o medo do presencial
16 de março de 2023 - 15h14
Já estive muitas vezes em Austin e confesso que não me lembro de ter visto a cidade tão agitada quanto nestes dias. O movimento esteve intenso, os auditórios lotavam rapidamente com muita gente nas filas, nem todos entravam. Filas por todos os lados. Foi uma verdadeira retomada, muito diferente do ano passado, que ainda acusava o golpe da pandemia. Neste ano parece que todos os caminhos levaram a Austin. Uma alegria para aqueles que, como eu, amam este evento, especialmente Hugh Forrest, Co-Presidente, Chief Programming Officer and Partner of SXSW, que nos recebeu com atenção e gentileza genuínas para, digamos, abrir trabalhos futuros. Ele é realmente um gentleman.
Minha jornada nesta edição chegou ao fim e acabo de chegar ao aeroporto de Miami, em conexão para São Paulo. Como acontece com tudo aquilo que nos entrega conteúdo de maneira intensa, tenho a sensação de ter sido impactado por diversas palestras, análises e pensamentos que me rodeiam enquanto escrevo este artigo. Ao observar o movimento ao meu redor, em um dos aeroportos mais movimentados dos EUA, me conecto imediatamente à palestra Airports: The Epicenters of The Robot Revolution! (Aeroportos: O Epicentro da Revolução dos Robôs), na qual um time de profissionais especialistas em mobilidade, robótica e aeroportos debateu o quanto os aeroportos podem – e devem – servir como modelo disruptivo com foco em um futuro de inovação, guiado pela automação e robótica.
Sendo os aeroportos mini-cidades com transporte, lojas, hotéis, fluxo de pessoas, saneamento etc, a revolução causada nesse ambiente poderá gerar insights para que tenhamos cidades inteligentes no futuro. Quanto mais observo o movimento ao meu redor, mais me convenço de que eles estavam certos. Não só eles, as outras palestras também foram muito produtivas. Uma delas me causou um “revival”de um dos lugares que moldou minha carreira, a Unilever.
Eu trabalhei a Dove nos mercados europeus nos anos 1990 e lá estava a marca, no SXSW 2023, servindo de exemplo em um testemunho espetacular de Conny Braams, Chief Commercial & Digital da Unilever em Londres. Não por acaso aconteceu no BallRoom D, local destinado aos eventos de maior audiência. “As mudanças no cenário do consumidor e do cliente significam que as marcas precisam abraçar a revolução do comércio criativo”, anote essa porque quem disse foi Conny Braams.
Ela estava acompanhada de Michael Kassan, CEO da MediaLink, Jeremi Gorman, President, Worldwide Advertising na Netflix e Tim Mapes, Chief Marketing & Communications Officer at Delta Air Lines. Um time de alta luminosidade cujas ideias brilham sem esforço. Braams, compartilhou com a audiência que os canais de mídia viraram canais de comércio, e vice-versa. “A convergência de mídia, entretenimento e comércio está conectando as linhas entre marketing e vendas. É por isso que na Unilever estamos reunindo marketing e vendas como uma equipe”, isso faz absoluto sentido porque é nessa convergência que ampliamos a eficiência. “Na estrutura interna da Unilever possuimos uma combinação de equipes que trabalhavam anteriormente separadas, agora todas estão juntas em busca de um objetivo comum, indo até o ajuste do design do produto para esta nova realidade”.
O streaming suportado por anúncios é um exemplo de um canal de entretenimento que se torna um canal de mídia e comércio, explica Braams. “À medida que o modelo comercial amadurece, o streaming com suporte de anúncios alcança mais consumidores e tem o potencial de transformar a sala de estar em um mercado: uma oportunidade de construir marcas e converter em vendas ao mesmo tempo.”
E mais, acertadamente ela afirma que “os influenciadores das redes sociais têm o poder de impactar positivamente o comportamento do consumidor”. Concordo plenamente e temos explorado essa “ferramenta” que impulsiona vendas e o posicionamento de marca para nossos clientes.
Sabe o que foi isso? Uma masterclass para uma audiência atenta ao que dizia uma das profissionais mais esclarecidas do marketing global. Já Tim Mapes da Delta afirmou que cada colaborador não é um simples funcionário, mas um embaixador da marca, é ele quem gera o contato da marca com o consumidor. Já seus programas de pesquisas e aplicativos, geram os firts-party data que se tornam fundamentais em uma estratégia de personalização do atendimento.
Em outra apresentação, Molly White, uma jovem engenheira que tem espaço nos principais veículos de comunicação nos EUA – tendo seus artigos publicados no Wall Street Journal, The New York Times e Financial Times, nos permite considerar que ela é levada a sério. O nome do painel já dava o tom: “Popping the Web3 Bubble” (Estourando a Bolha da Web3). Molly acredita que a indústria da tecnologia aposta de olhos fechados em projetos que prometem revolução, mas não passam de mito.
Por conta de sua formação como engenheira, a base da crítica está na análise da tecnologia. “Quando você olha para o blockchain, por exemplo, constata que se trata apenas de um grande banco de dados lento.” São promessas que se esvaziam com o tempo como as cripto e até mesmo a Web3, até surgir algo novo. A promessa da vez é a IA generativa, “mas quando analisamos a fundo, é apenas um modelo de linguagem que existe há muito tempo”, difícil ouvir essas coisas e não parar para pensar no que está acontecendo com os bancos de cripto nos EUA.
Já a proposta de Sandy Carter, SVP e Channel Chief da Unstoppable Domains, foi anunciada já no nome da palestra: “The Metaverse Mindset for Web3, AI and the Future of Business” (A mentalidade do metaverso para Web3, IA e o futuro dos negócios), “estou aqui para falar sobre tudo isso. E é tão emocionante.” Carter trabalhou na Amazon com tecnologia emergente, com AR, VR, IA. Ajudou no projeto do Watson, na IBM, e está atualmente trabalhando em três espaços de metaverso.
Logo de início ela elencou cinco pontos que abordaria e fazem parte, segundo ela, desse universo de metaverso:
1: Olhar sempre para a frente, para ver quais mudanças estão acontecendo.
Porque este espaço é tão volátil. Estamos numa fase que está mudando constantemente.
2: É realmente olhar para essas experiências imersivas que são envolventes e agregam valor ao que você está fazendo. Você sempre vai procurar isso. O Gartner diz que as experiências são a última forma de vantagem competitiva.
3: As pessoas são o centro do metaverso, não a tecnologia. Então vamos falar sobre isso.
4: Vamos conversar sobre identidade digital como um direito humano.
5: A IA como parceira. Você precisa ensinar seus funcionários a aproveitar essas novas ferramentas.
Eu queria citar mais coisas aqui, mas ficaria muito extenso. São muitas as referências e informações que vão surgindo na mente, em meio ao movimento frenético do aeroporto. Por sinal, o meu embarque acaba de ser anunciado, melhor parar por aqui.
Em breve estaremos juntos novamente!
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