SXSW, Ainda estou aqui e o futuro
Ou o que eu espero do SXSW
Ou o que eu espero do SXSW
6 de março de 2025 - 15h05
Cada vez mais eu escuto que queremos ir para o SXSW e trazer aprendizados tangíveis. Como vamos fazer o “download” já endereçando o que vemos lá de forma imediata para os times. A pergunta que eu mais recebo na volta é: “e como podemos implementar o que foi visto?” E veja, acho isso válido mesmo. Aqui o objetivo não é descredenciar esse caminho e sim somar a ele. O festival tem uma caraterística, que inclusive me agrada bastante, que é a da reflexão de possíveis cenários e a busca por pensamentos que saem de intersecções de inovações. São pessoas de diversas áreas discutindo inovações e os possíveis impactos disso. É a possibilidade de imaginar um futuro. E, por que não, interferir na construção dele.
De forma que ir lá com o único objetivo de implementar em cinco passos as últimas inovações vistas, me parece que é perder um tanto do potencial do festival. E aqui entra minha primeira reflexão. Será que conseguimos ir ao festival e por que não expandir à vida sem produtizar tudo em instantes? Ainda cabe dar tempo para buscar caminhos e soluções que não estejam imediatamente vistas e guardar um espaço para o que o tempo pode trazer de bom? Um espaço para falta de certeza misturada ao olhar atento e reflexivo e crítico de para onde podemos estar indo?
Por vezes, vejo um excesso de valor no tático, na priorização da execução sobre a estratégia. E a percepção de que que o que não se materializa em valor imediato não teve valor algum. Mas daí vem o Oscar e me relembra de que muitas das coisas que valem a pena ser lembradas precisaram da ação do tempo para serem construídas e não perderam em nada sua contemporaneidade. O livro de Marcelo Rubens Paiva foi escrito em 2015, de uma história que aconteceu muitos anos antes. O filme foi feito em 7 anos. E não teve nada mais hype esse ano do que esse filme. Longe de mim pregar a morosidade. Mas o extraordinário, o excelente, o que, como disse Walter Salles, “fica na memória” pode precisar de tempo. Narrativas levam tempo para serem construídas. Precisam de tempo para decantar. E é também imbuída dessa meta que eu vou ao festival. Com o objetivo de, sim, ver o que de mais novo tem e traçar paralelos atuais e imediatos. Mas também guardar um espaço na pauta para o que eu não tenho certeza da utilidade, abrir caminho para o que possa refrescar e surpreender. Me propor a pensar e dar tempo para as ideias decantarem antes de cravar caminhos. Para que, com o perdão do clichê, “a direção seja mais importante que a velocidade” e apostar que isso também traga muitos frutos, para as marcas que eu tiver a sorte de caminhar junto no curto, no médio e no longo prazo.
Compartilhe
Veja também
CMO da Rare Beauty: “Solidão é lugar onde marcas podem gerar impacto”
Katie Welch conta como marca de beleza fundada por Selena Gomez construiu uma comunidade de fãs com a premissa do pertencimento e da inclusão
Amy Webb: a inteligência viva e o fear of missing anything
CEO do Future Today Strategy Group descreve a convergência entre IA, biotecnologia e sensores; além de alertar para os efeitos de um mundo em transição