SXSW Imersivo 2024
Este ano, o foco será na narrativa, explorando a capacidade única do XR de criar empatia imediata e profunda
Este ano, o foco será na narrativa, explorando a capacidade única do XR de criar empatia imediata e profunda
6 de março de 2024 - 6h00
Há alguns anos, o curador de Film & TV e de XR do SXSW, Blake Kammerdiener, decidiu incluir conteúdo de realidade estendida na programação e realizar uma mini- exibição de experiências imersivas. A aposta dele deu tão certo que o conteúdo de XR (termo guarda-chuva pra AR, VR e MR) extrapolou a trilha dedicada no SXSW. Se você fizer uma busca rápida por XR, spatial computing ou immersive experiences, vai achar sessões em Gaming, Tech, 2050, Design, Culture, Transportation, Film, Sports e até em Climate.
E quanto mais XR e AI se integrarem, mais sessões teremos sobre esses temas.
Para exemplificar, dentro da programação de 2024, XR aparece nas apresentações do Rohit Bhargava, Sandy Carter, Amy Webb e Neil Redding (todas da trilha 2050); no painel “Immersive Fields of Play” (Sports); “Sustaining Coral Reefs With Digital Twins” (Climate); “Beyond Boundaries: Tech and Humanity Converge” (Design).
Blake também não devia ter imaginado que o XR Experience chegaria em 2024 com mais de 35 experiências imersivas e interativas, envolvendo VR, AR, MR, AI e áudio interativo. Elas serão exibidas principalmente no hotel Fairmont e pode se preparar: tem fila. É um sucesso! Reserve pelo menos uma tarde para a visita.
Este ano, o foco será na narrativa, explorando a capacidade única do XR de criar empatia imediata e profunda. Estúdios consagrados dividirão espaço com produtores que vão exibir suas primeiras obras. A curadoria é apurada.
Um grande lançamento vem do Atlas V, estúdio que lançou “On the Morning You Wake” (vencedor do SXSW 2022) e “Gloomy Eyes”. “Astra” é uma experiência em realidade mista da diretora Eliza McNitt (do famoso “Spheres”VR) que promete nos levar para uma viagem ao cosmos. Será uma viagem longa, já que a experiência tem 60 minutos de duração!
O mesmo estúdio traz também “Emperor”, que aborda a história de uma mulher que tenta se comunicar com o pai que sofre de afasia.
“Her Name Was Gisberta”, única obra imersiva falada em português e que marca a estreia de Sérgio Galvão Roxo no XR, é um documentário que retrata o assassinato brutal de uma mulher trans brasileira no Porto. O caso é muito conhecido em Portugal e ganhou outros contornos e humanidade nas mãos dos realizadores.
Sérgio participará de um painel na São Paulo Experience SPXP (do lado do ACC) no dia 11/03 às 14:30 com a Lyara Oliveira, o Charlie Fink e comigo. Vamos falar sobre o impacto do spatial computing e AI nas artes, na indústria e na vida das pessoas. Todos convidados!
“Letters from Drancy” é outro documentário e faz parte da trilogia “The Journey Back”. Essa premiada experiência relata a história de Marion Deichmann, uma sobrevivente do holocausto. Revivemos com ela a dor da separação de sua mãe e sua jornada ao ser salva pela resistência francesa. Detalhe: Marion estará em Austin no painel “Bearing Witness: The Future of Holocaust Memory Trough Immersive Technology”, com o diretor Darren Emerson e outra sobrevivente, Rodi Glass, que tem sua história retratada em “Walk to Westerbork”.
“Buried in the Rock” trata de imersão, mas também de envelhecimento, com um toque de otimismo. Acompanhamos a jornada do casal Tim e Pam Fogg explorando cavernas na Irlanda. Esse é um ótimo uso do VR: nos transportar para lugares em minutos.
“Soulpaint” tem produção da consagrada Liz Rosenthal e direção de Sarah Ticho e Niki Smit e vai permitir aos participantes explorarem e expressarem criativamente seus sentimentos.
Ainda lidando com os resquícios da pandemia, a saúde mental terá um peso significativo na exibição. Uma das experiências é “Impulse”. Em realidade mista explora o TDAH. Dos mesmos diretores de “Goliath” que foi sucesso no festival há dois anos.
“The Tent” traz dilemas éticos e questiona a natureza do ativismo.
Destaque também para “We Speak Their Names in Hushed Tones” e sua forte narrativa sobre migrantes desaparecidos na Nigéria.
Comentei sobre algumas obras, mas dê uma olhada na programação. Tem muita coisa bacana por lá.
O “XR Experience” representa muito bem o que o Hugh Forrest reforça: SXSW é um festival que gira em torno da criatividade, através de várias abordagens. E nesse espaço imersivo, a inovação está a serviço da criatividade e da conexão. É isso que me encanta.
A realidade estendida também estará presente em muitas casas, como no “Vancouver Take Over” na Canada House no dia 10; nos “Nordics 2050” no dia 12 (com direito à exibição de “Burst World” no Apple Vision Pro) e na casa São Paulo entre 9 a 12, só pra citar algumas. Espere encontrar experiências imersivas em praticamente todas as ativações, como na “Valeo Tech Arena” (com a demonstração do uso de XR em veículos), no “The Healthcare Innovation Lounge” e no “The Immersive Futures Lab” (com festas, palestras, showcases e meetups). Tem até show imersivo na programação: “Ristband: Future X Music”. Outro espaço que recebe XR é o “Creative Industries Expo”.
Além de tudo isso, o festival disponibiliza workshops, pitch, meetups e mentorias sobre o tema. Eu sou mentora da trilha há 5 anos. Indico outros nomes, como: Liz Rosenthal, Eric Krueger, Adrián Lopez, Doede Holtkamp, Lucas Rizzotto e Alana Selkowitz.
Certamente, você será impactado por XR durante o SXSW. Não perca a curadoria caprichada do Blake.
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