“Twitch nunca foi sobre games, sempre foi sobre conversa”, afirma CEO
Dan Clancy, CEO da plataforma de transmissões ao vivo da Amazon, conversou com streamers sobre o atual momento e o futuro do setor
Dan Clancy, CEO da plataforma de transmissões ao vivo da Amazon, conversou com streamers sobre o atual momento e o futuro do setor
Amanda Schnaider
13 de março de 2024 - 22h17
O CEO da Twitch, Dan Clancy, esteve presente no South by Southwest deste ano em um painel ao lado de três criadores de conteúdo e streamers, Mizkif, TheSushiDragon e ExtraEmily, para falar sobre a evolução das transmissões ao vivo.
Clancy começou o papo desconstruindo uma visão comum da maioria das pessoas sobre a plataforma de transmissões ao vivo da Amazon. “A Twitch nunca foi sobre jogos, sempre foi sobre conversa”.
O executivo explicou que os games ganharam notoriedade na plataforma em certo ponto porque os usuários precisavam de um foco, mas que, apesar disso, o que os uniam de fato era, na verdade, a conversa, a comunicação.
A plataforma passou por uma transformação ao longo dos anos. “Quando o Twitch começou, era conhecido como Justin.TV, que basicamente consistia em filmar sua vida, depois, tornou-se sobre jogos e agora muitas mais pessoas, como esses três streamers, apenas filmam suas vidas”.
E essa última etapa cumpre justamente o propósito pelo qual a Twitch foi criada. Ainda como o nome de Justin.TV, a plataforma foi desenvolvida pelo americano Justin Kan, com a proposta de ser um site onde as pessoas gravariam suas vidas, como em um reality show. Porém, essa ideia não deu muito certo. Foi então, em 2014, que a Amazon adquiriu a já Twitch.TV, parte já desmembrada da Justin.TV, por US$ 960 milhões.
A transformação da Twitch veio acompanhada da transformação da indústria da transmissão ao vivo, que passou a fazer parte da maioria das plataformas de redes sociais, mesmo daquelas que tinham o foco em fotos, em seus primórdios, como o Instagram.
No entanto, Clancy destacou que a Twitch se diferencia das outras plataformas no tempo em que as pessoas passam na plataforma acompanhando as transmissões. “As pessoas passam 2, 3, 4 horas assistindo transmissões na Twitch, e isso constrói um senso de comunidade”.
E esse senso de comunidade é que une a experiência na Twitch. “Frequentemente uso a frase ‘transmissão ao vivo centrada na comunidade”’ porque realmente não se trata apenas de alguém transmitindo lá em cima, são todas as pessoas que estão assistindo”, complementou o CEO.
A proximidade da comunidade com os streamers da Twitch faz com ela evolua junto com eles. “Minha comunidade passou de uma que se preocupava apenas com jogos de vídeo, eles ainda estão lá, mas se importam mais com outras coisas, como crescimento, progresso na vida, motivação”, salientou Mizkif.
Neste sentido, Clancy criticou as chamadas redes sociais, afirmando, que a maioria delas é, na verdade, antissocial. “Não é muito social sentar sozinho e ficar deslizando o dedo pela tela”.
Separar o trabalho de streamer da sua vida é impossível para Mizkif. “fazer transmissões não é um trabalho, é um estilo de vida”. Isso porque tudo pode virar conteúdo quando se é um stremear, na visão de Mizkif. Essa dinâmica pode ser cansativa para muitas pessoas, mas não parece ser um incômodo para o creator.
Justamente por ser uma tarefa trabalhosa, que se mistura com a vida, Clancy entende que as pessoas não entram nesse mundo pela fama, porque senão desistiriam. Para ele, os streamers entram nesse mundo por conta do senso de comunidade, que comentou.
Para TheSushiDragon, o futuro das transmissões ao vivo será as microproduções, onde cada streamer também será um produtor. “E assim que as ferramentas se tornarem mais disponíveis, como a inteligência artificial e acessíveis, acredito que as pessoas vão começar a adotar essas ferramentas”, complementou.
Apesar de concordar com TheSushiDragon, Mizkif afirmou que, no futuro, as transmissões ao vivo continuarão sendo minimalistas em muitos aspectos. “As pessoas simplesmente gostam de clicar na transmissão e ter alguém com quem possam conversar de volta e não necessariamente precisando de uma produção massiva ou de qualquer produção”, reforçou.
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