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Cannes 70: Os anos dourados do Brasil em Film

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17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França
Cannes

Cannes 70: Os anos dourados do Brasil em Film

Na década de 1981 a 1990, os filmes brasileiros conquistaram 26 Leões de Ouro e a publicidade do País se tornou mundialmente reconhecida e valorizada por causa do festival


12 de junho de 2023 - 14h17

Descoberta pelo mundo graças aos desbravadores que ajudaram o País a conquistar seus primeiros Leões no Festival Internacional de Criatividade de Cannes nos anos 1970, a publicidade brasileira reunia em meados daquela década todos os ingredientes que a permitiriam brilhar no evento nas décadas seguintes: talentosos publicitários, clientes que começavam a entender a importância de campanhas de sucesso e conjuntura econômica que, por ser complicada, escancarou a necessidade de grandes ideias que conquistassem os corações das pessoas.

Entretanto, até 1980 o Brasil havia conquistado somente 3 Leões de Ouro com comerciais para Conselho Nacional de Propaganda (“Homem com mais de 40 anos”, em 1975), Bamerindus (“Homem frustrado”, em 1976) e Cia de Seguros (“Menino de bicicleta”, em 1978).

Mas entre 1981 e 1990, período que, curiosamente, coincide com a chamada década perdida para nossa economia, o Brasil brilhou com nada menos que 26 Leões de Ouro em Film, a única área existente à época no Festival de Cannes.

Alguns dos maiores clássicos de nossa propaganda datam dessa época. Em 1981, foram 3 Ouros. Um deles para “Adeus” e “Readmissão”, da DPZ e ABA Filmes, que mostravam a suposta saída e a volta triunfal do Garoto Bombril aos comerciais da marca.

Neste mesmo festival de 1981, a MPM conquistou um Leão de Ouro, com o comercial “Pernas”, para o depilador feminino da Walita, com produção da Oficina de Cinema e TV.

Houve ainda um segundo Ouro para a DPZ, por “Perna”, para a J&J, com produção da ABA Filmes.

No ano seguinte, um comercial curioso esteve entre os 4 Ouros brasileiros: “Freiras”, da DPZ e TVC para Johnson & Johnson, com a protagonista pedindo às meninas do internato que passassem creme hidratante no rosto. Ao final, uma garotinha diz que quer passar no corpo todo e, naturalmente, escandaliza a freira.

https://www.youtube.com/watch?v=BZJazm0mN2o

Os outros 3 Ouros de 1982 foram para “Itália”, da MPM e Sol Criação & Cinema para Fiat, também vencedor do prêmio Profissionais do Ano (veja aqui); “Namorados”, da Denver e Uggla Filmes para Telebahia; e para a série de três filmes “Verão”, “Energética” e “Mãe e filha”, da DPZ e ABA Filmes para J&J.

Em 1983, uma peça criada por Duda Mendonça, na fase baiana da DM9, contava a história da paixão de dois pré-adolescentes. Vencedor de Leão de Ouro, o filme “Menino Menina” era uma mensagem de verão das Óticas Ernesto.

A DPZ conquistou dois Ouros em 1983, com “Primeiro beijo”, para o guaraná Taí, da Coca-Cola; e com “Botas”, para Vulcabrás.

https://www.youtube.com/watch?v=pv10P1xJw9I

Os outros dois Ouros de 1983 foram para a MPM, pelos filmes “Telecatch”, para Instituto De Angeli; e “Vocação”, para Hering.

Em 1984, houve apenas um Leão de Ouro para o Brasil, para uma série de três filmes da Ogilvy para Gessy Lever, produzida pela Movi&Art. No ano seguinte, a DPZ voltou ao palco de Cannes para receber um Ouro pelo filme “Amore”, criado para a indústria de brinquedos Estrela e produzido pela Espiral.

Em 1986, a Adag ganhou um Leão de Ouro com o filme “Einstein”, para Q Refresco, produzido pela Cena Filmes. O festival de 1987 premiou com Ouros dois dos maiores clássicos da publicidade brasileira: “Meu primeiro sutiã”, da W/ GGK e Espiral para Valisère, que emocionou ao mostrar as divertidas reações da garota vivida pela atriz Patrícia Lucchesi quando ganha o presente — quebrando o tabu da comunicação desse segmento e mostrando em rede nacional o momento mágico da transformação da menina em mulher; e “Banheiro”, da DPZ e Nova Filmes para Kaiser, o comercial que marca o início da série do baixinho que foi o principal garoto propaganda da história da marca de cervejas.

O terceiro Ouro brasileiro de 1987 foi para “Ginástica”, da W/GGK para o adoçante Assugrim, produzido pela Jodaf.

A W/GGK, de Washington Olivetto, voltou no ano seguinte para conquistar um dos dois Ouros brasileiros de 1988, com um filme que também virou clássico: “Passeata”, para o jeans Staroup, produzido pela Jodaf.

O segundo Ouro do País em 1988 foi para “Mãe e Filha”, da Dech para Phebo, também produzido pela Jodaf.

Fechando a década com chave de ouro, literalmente, o Brasil conquistou 4 Leões de Ouro em 1989 e mais 2 em 1990. Um dos troféus de 1989 foi para o impactante “Hitler”, da W/GGK e ABA Filmes para a Folha de S. Paulo.

A W/GGK conquistou ainda um segundo Ouro naquele ano, com “Estátua”, para o Mappin, produzido pela Jodaf. A Standard Ogilvy & Mather ganhou os outros 2 Ouros, com “Latas”, para Araudite, e “Garotas”, para a Associação dos Fabricates de Absorventes, ambos produzidos pela Jodaf.

Em 1990, os 2 Ouros foram para a DM9 e Cia de Cinema, por “Grávida”, para a Metalúrgica Matarazzo; e para a DPZ e 5.6 Filmes, por “Índio”, para a Rede Globo.

https://www.youtube.com/watch?v=BR0xoxoSsBs

Na década seguinte, embora com menos Leões — foram 9 Ouros em Film entre 1991 e 2000 —, o Brasil manteve o nível em comerciais como o das formiguinhas que eram lançadas ao ar pelo aparelho de som da Philco (da então novata F/Nazca, em 1996); o das pilhas Ray-O-Vac (da Norton, em 1994), que mostrava a troca da câmera e manutenção das pilhas após a máquina parar de tirar fotos; “Leds”, da Y&R para Gradiente, que transformou um prédio em aparelho de som, em 1998; “Cachorro peixe”, da AlmapBBDO para Volkswagen, em 2009; e, especialmente, “A semana”, da W/Brasil para a Editora Globo que foi longe em 2000 e disputou o Grand Prix.

Mas, de 2001 para cá, o desempenho em Film rareou e o Brasil ganhou apenas 3 Ouros entre 2001 e 2010, e outros 3 Ouros entre 2011 e 2020.

O que salvou essa última década foi o Grand Prix conquistado em 2015 pelo filme “100”, da F/Nazca S&S e Stink para Leica Gallery – um filme de dois minutos que homenageia não só o centenário da marca Leica, mas a história da fotografia, ao reproduzir cenas marcantes.

O último Leão de Ouro em Film do Brasil veio em 2019, com “The Endless Ad”, da Wieden + Kennedy para P&G.

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