A versão brasileira do consumidor do futuro
Rafael Araujo, da WGSN América Latina, e Levis Novaes, fundador da Kele Ag, apresentaram uma versão "abrasileirada" do estudo da WGSN "Consumidor do Futuro 2026"
Rafael Araujo, da WGSN América Latina, e Levis Novaes, fundador da Kele Ag, apresentaram uma versão "abrasileirada" do estudo da WGSN "Consumidor do Futuro 2026"
Amanda Schnaider
6 de junho de 2024 - 6h46
A WGSN, companhia global de previsão de tendências, se uniu a Kele Ag, para apresentar durante o segundo dia do ProXXIma 2024 uma versão “abrasileirada” do levantamento “Consumidor do Futuro 2026”.
O estudo global identificou que 2026 será o ano do redirecionamento, onde grandes estruturas começarão a ser repensadas. “Redirecionamento tanto do ponto de vista cultura, quando de comportamento das pessoas”, afirmou Rafael Araujo, head de consultoria da WGSN América Latina.
Com base nessa premissa e em uma metodologia chamada STEPIC – que mapeia os comportamentos emergentes em seis pilares: sociedade, tecnologia, meio ambiente, política, indústria e criatividade – o levantamento chegou em quatro grandes sentimentos principais da população mundial: angústia moral, otimismo racional, anseio e micro alegrias. Consequentemente, esses sentimentos originaram quatro grandes perfis de consumidores para 2026: esperançosos, autônomos, imparciais e sinérgicos.
Os esperançosos são aqueles que, devido ao burnout e estresses da vida cotidiana, estão buscando uma vida mais simples, ressignificando as comunidades a que pertencem, o cuidado e a realização pessoal. Por sua vez, os autônomos são aqueles que estabelecem suas próprias regras e valores, além de encontrarem propósito em uma resistência rebelde e nos coletivos de apoio.
Já os imparciais são as pessoas que se preocupam mais com fatos do que com ficção e preferem a transparência a narrativas charmosas. E sinérgicos são os que querem criar um mundo melhor e, para isso, defendem novos contrafluxos culturais, apoiando-se em simbiose humano-tecnológica.
“Quando falamos sobre isso, não estamos colocando nenhum consumidor em caixinhas, é possível que se enquadrem em mais de um perfil, que vão se consolidar até 2026, mas não necessariamente tudo no mesmo ritmo”, explicou Araujo.
Durante o ProXXIma, Araujo e Levis Novaes, fundador, sócio, CSO e BizDev da Kele Ag, explicaram dois sentimentos e dois perfis nos quais apresentaram mudanças mais significativas em relação ao contexto brasileiro. “A ideia é entendermos como esses sentimentos acabam impactando no perfil de comportamento do consumidor brasileiro quando falamos sobre os próximos dois anos”, complementou o head da WGSN.
Os dois sentimentos selecionados foram: angústia moral e otimismo racional. Araujo revelou que angústia moral é um sentimento de dualidade, “onde vivemos em uma realidade difícil do ponto de vista econômico e climático, e isso acaba entrando em conflito com o que encaramos como propósito e o mundo ideal de se levar a vida”.
Isso também acaba impactando quem tem um poder de compra mais alto. “Quando falamos sobre esse público que vive esse sentimento da angústia moral e tem um poder de compra mais alto, existe uma espécie de vergonha de consumir de uma maneira tradicional, onde o luxo era visto até então como posse”, salientou Araujo. Com isso, a pesquisa observa que o luxo é justamente essa experiência, onde a exclusividade ainda existe, mas agora ressignificada para evitar qualquer tipo de julgamento ou questão moral.
Por sua vez, o otimismo racional leva em consideração que o pessimismo só é justificado quando nada parece mudar, caso contrário, o otimismo é, consequentemente, a resposta mais racional. “O otimismo racional é mais sobre a gente se manter confiante dessa perspectiva de que existe um futuro melhor e tentarmos ainda dissociar de fatos de como é representada a realidade”, esclareceu Novaes.
O fundador da Kele Ag ainda enfatizou que os brasileiros são mais otimistas do que a média global. “As pessoas nascidas em países emergentes têm uma maior taxa de otimismo, ou seja, algo que é para compensar, isso acaba correspondendo a como a cultura de cada lugar se expressa”, complementou.
Os dois perfis de consumidores apresentados frente ao contexto e cultura brasileiros foram: esperançosos e sinérgicos. Segundo Araujo, os esperançosos estão buscando novos ideais e novas formas de se reconectar com conceitos como cuidado e comunidade em si. Já segundo Novaes, os sinérgicos usam muito a tecnologia pensando em acesso. “Ou seja, como a tecnologia pode ser um fator para mudar o mundo”.
Ao final da apresentação, Novaes e Araujo trouxeram ainda quatro aprendizados par ao mercado. O primeiro deles é que acessos e tecnologias são meios para impulsionar mudanças no mundo; valorize das inovações locais pelas soluções que elas resolvem e não pelas condições em que foram desenvolvidas; pense em como sua empresa pode trazer a comunidade para perto para promover impacto hiperlocalmente; e a esperança pragmática e racional incentivará a ação em 2026, dessa forma invista em ações responsáveis e propulsoras de impacto.
Compartilhe
Veja também
Marcos Mion: relação com marcas vem de dedicação mútua
Apresentador da Globo, Marcos Mion acredita que uma relação longeva com marcas dependa de co-criação e dedicação
Como a mídia programática é afetada pela inteligência artificial?
Os vice-presidentes da Epsilon e BETC Havas acham que a partir da consolidação de produtos que usem IA as marcas ficaram mais seguras em explorar as potencialidades da tecnologia