Opinião
Acessibilidade mobile para todos
Estamos criando soluções que contemplam a real diversidade de conectividade e acesso a internet, ou estamos balizando novos projetos com base em nossos ótimos smartphones?
Estamos criando soluções que contemplam a real diversidade de conectividade e acesso a internet, ou estamos balizando novos projetos com base em nossos ótimos smartphones?
2 de agosto de 2022 - 14h37
Em um cenário onde as grandes fabricantes de smartphones estão registrando números astronômicos de faturamento, e as redes sociais parecem atingir o Brasil inteiro, por meio dos influenciadores e seus conteúdos virais, não é difícil imaginar que boa parte do país tenha acesso a internet e esteja amadurecida para novas ferramentas e experiências no mobile. De fato, o Brasil conta com um número considerável de aparelhos. Segundo pesquisa da FGV, o país tem 242 milhões de celulares inteligentes em uso atualmente.
Mas, a verdade é que existe uma grande parcela de pessoas que não têm condições, ou decide não investir quantia significativa para adquirir smartphones mais potentes. Além dos dispositivos intermediários, ainda há uma alta parcela de pessoas com celulares de baixa capacidade, atualmente denominados como low end devices.
Esses aparelhos têm, por característica, 2GB de memória RAM ou menos. Os demais componentes também costumam ser de baixo custo, consequentemente, não contam com grande desempenho, como tela, processadores e afins. Quase metade do mercado brasileiro corresponde a esse tipo de aparelho, o que nos chama atenção para a importância de pensarmos em soluções, projetos e experiências no mobile realmente democráticas.
O termo responsivo, que desde muito tempo permeia nosso segmento, não deve ser visto de forma isolada. Não basta que nos preocupemos apenas se o conteúdo se encaixa bem em qualquer tela, como notebooks ou até mesmo aparelhos de TV. Precisamos adaptar o que entregamos contemplando a acessibilidade de maneira mais ampla.
A forma como este conteúdo deve ser entregue é onde mais devemos agir. Não são apenas as regras de interface que devemos ficar atentos, mas também às condições de acesso do usuário. Ou será que devemos entregar exatamente o mesmo para um desktop conectado em rede cabeada e para um usuário com celular de baixa capacidade em rede móvel dentro de uma estação de metrô, por exemplo? Nem precisaríamos ir tão longe; até mesmo bons celulares conectados em wi-fi ficam com o acesso congestionado em locais como estádios, convenções e aeroportos.
Há um movimento ainda tímido no mercado, mas importante que começa a acontecer no sentido de ofertar condições mais propícias para a democratização do acesso a conteúdos no mobile. Aqui no Terra, por exemplo, temos, há alguns anos, a oferta de uma página de notícias que roda offline, garantindo ao usuário a leitura de alguns conteúdos. Esteja o usuário completamente offline ou com baixa conectividade. Ainda na linha de pessoas com conectividade momentânea reduzida, oferecemos variações mais compactadas das imagens.
Ainda há mais para explorar, como versões adaptativas conforme a capacidade do aparelho (low end device), ou até mesmo, evitar conexões supérfluas caso a bateria do usuário esteja em níveis baixos. Sem falar em identificar e respeitar aquela pessoa que opta por trafegar menos dados, enquanto estiver em rede móvel, opção disponível para usuários Android. No Terra, já conseguimos observar que, diariamente, quase cem mil pessoas navegam com essa opção habilitada.
Conhecer cada vez mais o usuário, suas condições e seu contexto deve ser o objetivo de marcas e empresas que têm como seu principal negócio o ambiente digital. Fazer valer de verdade o já batido mantra de “entregar a melhor experiência”. Em um mundo com IoT, 5G, metaverso e demais novidades, a quantidade de variáveis a serem observadas só aumenta, o que faz com que o nosso trabalho seja ainda mais árduo na busca de produtos e soluções realmente acessíveis para as pessoas.
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