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Diretor de felicidade: por que as empresas estão criando esse cargo?

Chilli Beans e Heineken são exemplos de companhias que já incluíram no organograma profissionais focados no bem-estar dos colaboradores


30 de maio de 2023 - 6h01

diretorias de felicidade

Uma das sessões de felicidade, promovida na Chilli Beans: empresa passou a contar com uma chief happiness officer (Crédito: Divulgação)

Na semana passada, a rede de óticas Chilli Beans anunciou a contratação de uma executiva para ocupar o posto de chief happiness officer. Há alguns dias, foi a vez da Heineken avisar ao mercado sobre a implementação de uma diretoria de felicidade.

Apesar de inusitados em um primeiro momento, esses cargos, ao menos nessas duas companhias, procuram representar um olhar mais atento das empresas aos seus colaboradores. Manter o time interno satisfeito e motivado é algo que as companhias já perceberam que rende não apenas uma produção mais eficiente, como, em última instância, gera mais lucros.

E, em um cenário onde a saúde mental tem ficado cada vez mais em pauta – e onde já se discute até mesmo uma redução de jornada de trabalho para o melhor aproveitamento da vida pessoal – mostrar-se como uma empresa preocupada genuinamente com seus colaboradores passa a ser ainda mais importante.

“O papel central do Chief Happiness Officer (CHO) é colocar a felicidade do trabalhador na pauta da empresa e construir uma cultura humanizada”, resume Denize Savi, a ocupante do cargo na Chilli Beans.

Especializada em ciência da felicidade e com MBA em Psicologia Positiva, Neurociência e Comportamento, Denize vê a criação do cargo como uma consequência do amadurecimento das discussões sobre bem-estar no mundo corporativo. Segundo ela, um trabalhador infeliz sente-se desmotivado, produz menos e, om o tempo, vai adoecendo. Em última instância, surge a Síndrome do Esgotamento Profissional (o burnout).

“Só no Brasil o estresse crônico do trabalho custa à economia US$ 80 bilhões por ano. Para reverter esse cenário é preciso lançar um novo paradigma: o da felicidade de quem trabalha. As pessoas precisam ter a percepção de que o tempo no trabalho é bem vivido. E como fazer isso? Construindo uma cultura humanizada”, define aa chief happiness officer.

Felicidade na empresa e fora dela

Diretoria de felicidade

Livia Azevedo, diretora de felicidade da Heineken (Crédito: Divulgação)

Quando escolheu a psicóloga e profissional de Recursos Humanos, Lívia Azevedo, para liderar a nova diretoria de felicidade, a proposta da Heineken também era criar ambientes mais positivo para seus mais de 14 mil colaboradores no Brasil.

Segundo a profissional, isso passa pela construção de mais possibilidades de realizações não apenas no trabalho, mas também na vida pessoal.

“Felicidade é intencional, única e individual. Existe uma ciência por trás que estuda isso e de acordo com os levantamentos que fizemos acreditamos nisso e queremos colocá-la em prática, pois é de fato o que vamos buscar de forma intencional para nossas pessoas”, disse Lívia, em entrevista ao Meio & Mensagem neste mês.

Proporcionar um estado de bem-estar não somente no ambiente profissional, mas também entender como extrapolar a felicidade para a vida pessoal é um dos pontos que difere o trabalho de um chief happiness officer dos profissionais tradicionais de recursos humanos, de acordo com Denize Savi.

diretoria de felicidade

Denize Savi, a chief happiness officer da Chilli Beans (Crédito: Divulgação)

A especialista explica que muitas das atribuições da área de gestão de pessoas entram em seu ofício de chief happiness officer, como foco no trabalho em equipe, comunicação, etc. “Mas, para além disso, há também a integração vida pessoal-trabalho, a construção de um ambiente com segurança psicológica, empatia e relacionamentos de qualidade e confiança.

De modo geral, Denize considera a lógica de seu trabalho simples. Afinal, segundo ela, promover o bem-estar dos colaboradores, automaticamente, gera maior rendimento no trabalho.

O que faz um diretor de felicidade?

No caso da Chilli Beans, o trabalho de Denize com a equipe de colaboradores teve início em janeiro, primeiro com uma consultoria, realizada por seu parceiro de trabalho – e também especialista em felicidade, Vinícius Kitahara. A partir dessa avaliação, foi estabelecido um conjunto de iniciativas e práticas, que serão acompanhadas pela CHO, por meio de reuniões semanais para a definição de programas e projetos que serão implementados não apenas para os 400 funcionários da matriz como também para os 5 mil colaboradores das lojas da marca.

Na visão de Denise, criar esse cargo de diretor de felicidade no organograma já é realidade nos Estados Unidos e em alguns países da Europa e tende a ser uma tendência também no Brasil. Ela admite, contudo, que em um primeiro momento o termo chief happiness officer pode causar estranhamento.

Porém, ela considera que as pessoas estão buscando cada vez mais trabalhar em ambientes que as coloquem em primeiro lugar, onde exista respeito e que as desenvolvam como profissionais e pessoas.

“Passamos a maior parte do nosso tempo no trabalho. Precisamos ter relacionamentos de qualidade e confiança nesse ambiente. Um dos principais trabalhos de um CHO é criar conexões sociais para que a cada vez que o trabalhador põe os pés na empresa, tem a chance de formar ou fortalecer uma relação com alguém”, conclui.

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