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O arco-íris no calendário enfraquece o Outubro Rosa?

Instituições e especialistas comentam os efeitos da proliferação de campanhas em torno de causas sociais e de saúde atreladas a cores em diferentes meses do ano


16 de outubro de 2024 - 6h00

A Catedral Metropolitana de Brasília, um dos monumentos iluminados na campanha de prevenção ao câncer de mama (Crédito: Henrique Ferrera/ Shutterstock)

Nos últimos anos, a multiplicidade de campanhas de saúde pública no Brasil, cada uma com sua cor e mês designado, tem gerado um debate sobre a eficácia dessas iniciativas. O Outubro Rosa, criado em 2002 para promover a conscientização sobre a prevenção ao câncer de mama, parece enfrentar uma “disputa de atenção” no calendário, que está cada vez mais colorido com outras causas – somente o mês de setembro, por exemplo, ganhou as cores amarela (prevenção ao suicídio), verde (inclusão de pessoas com deficiência) e vermelha (prevenção de doenças cardiovasculares) .

Mas essa diversificação enfraquece o impacto do movimento? Para Mirna Hallay, gerente geral da ONG Américas Amigas, uma das pioneiras no movimento do Outubro Rosa, isso não compromete a força da campanha: “O calendário com cores para diversas doenças não enfraquece o Outubro Rosa, que é uma campanha consolidada mundialmente, reconhecida pelo público e vital para alertar sobre uma das doenças que mais mata mulheres por câncer.”

A preocupação com a diluição do impacto não é isolada. Segundo João Consorte, presidente do IPG Health Brasil, o desafio está na comunicação diferenciada em cada causa: “O problema é querer chamar a atenção da mesma forma que foi feito antes, esperando o mesmo impacto. É necessário entender o problema que precisa ser comunicado e criar uma conexão significativa com o público.”

No entanto, a multiplicidade de campanhas pode, na verdade, representar um aumento na conscientização geral, como defende Daniela Grelin, diretora-executiva do Instituto Natura: “Essa diversidade demonstra o aumento da conscientização sobre a saúde em diversas frentes, o que é benéfico. A questão não é só pintar tudo de rosa ou azul, mas garantir que as campanhas levem informação de qualidade e ajudem as pessoas a enfrentarem suas dificuldades.”

Apesar da competição por espaço no calendário, todas as entidades concordam que a relevância do Outubro Rosa se mantém forte, não apenas pela mobilização em torno do mês de outubro, mas pelo trabalho contínuo ao longo do ano. “Nossa campanha vai muito além do mês de outubro”, afirma Mirna Hallay. “Em 2023, circulamos com unidades móveis em 11 localidades do Estado de São Paulo, oferecendo exames gratuitos a comunidades carentes.”

A Américas Amigas e o Instituto Natura também se destacam pelos resultados mensuráveis de suas ações. A ONG contabiliza mais de 1,2 milhão de mamografias realizadas e 24 mamógrafos doados desde sua fundação, enquanto o Instituto Natura promoveu 2,7 milhões de mamografias em duas décadas de atuação. Esses números são um lembrete de que, mesmo com outras causas competindo por atenção, o Outubro Rosa continua salvando vidas.

A pergunta que resta é como manter essa força, considerando as campanhas que agora dividem o calendário. Para Consorte, a chave está na inovação: “Precisamos buscar formas que tenham uma conexão significativa com o público e manter a mobilização focada durante o mês, para que a conversa se prolongue e continue a gerar impacto ao longo do ano”.

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