Setor de audiolivros vê oportunidades de crescimento no Brasil
De 2021 para 2022, os livros digitais, que incluem e-books e audiolivros, cresceram 15%, no Brasil, segundo a Câmara Brasileira do Livro, mas ainda há espaço para crescer
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Amanda Schnaider
5 de junho de 2024 - 6h20
O mercado brasileiro é um grande consumidor de áudio. Segundo o estudo “Inside Áudio 2023”, da Kantar IBOPE Media, 90% dos brasileiros consomem algum formato de áudio, como rádio, streaming ou podcast. Com isso, nos últimos anos, o setor de audiolivros vem ganhando força no País.
“O público brasileiro consome muito conteúdo de áudio, principalmente podcast. As pessoas estão aprendendo a valorizar esse outro tipo de experiência”, comenta Maria Stockler Carvalhosa, fundadora da Supersônica, produtora e editora de audiolivros.
De acordo com a pesquisa mais recente da Câmara Brasileira do Livro, de 2021 para 2022, os livros digitais, que incluem e-books e audiolivros, cresceram 15%. Além disso, o estudo Audible Compass 2023, desenvolvido pela Kantar e encomendado pela Audible – serviço de audiolivros da Amazon – revelou que 95% dos brasileiros acreditam que podem consumir mais livros por escutarem audiolivros e 90% relatam já ter ouvido conteúdo em áudio por meio de podcasts ou audiolivros.
De olho nesse cenário otimista, a Audible desembarcou no Brasil em outubro de 2023. Nesses pouco mais de sete meses no Brasil, a companhia já produziu mais de 1.700 audiolivros, gerando mais de 16.600 horas de conteúdo.
Por um valor de assinatura de R$ 19,90 mensais, o assinante brasileiro do serviço tem acesso a um acervo com mais de 100 mil audiolivros, sendo 4 mil narrados em português. Além disso, dos 500 mil títulos do catálogo adicional da Audible, mil estão em português.
“Trabalhamos mais de um ano e meio porque nossa principal preocupação era ter um catálogo que fosse atraente para o público brasileiro”, explica Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible no Brasil.
Segundo ela, esse catálogo precisaria ter não só um número relevante de títulos, mas títulos de qualidade. “E isso leva um tempo, porque é um segmento que está começando no Brasil”, reforça.
A Supersônica também foi lançada em 2023, mais precisamente em agosto de 2023, após uma inquietação de Maria, cega desde os 13 anos, ao observar a pouca oferta de audiolivros em português. Foi então que a produtora e editora nasceu, em parceria com Daniela Thomas, Beatriz Bracher e Mariana Beltrão.
Neste contexto de crescimento de mercado, Clayton Heringer, produtor artístico da Tocalivros, produtora de audiolivros brasileira, explica que “é cada vez maior a abertura dos catálogos das editoras para suas adaptações em audiolivros, assim como a ampliação de gêneros”. A Tocalivros conta com 2.500 audiolivros, sendo mais de 1.200 produções próprias dos clássicos da literatura e 50 mil e-books.
A mesma pesquisa da Audible com a Kantar mostrou que 51% dos brasileiros ouvem histórias para relaxar, 27% enquanto realizam tarefas domésticas e 27% enquanto cozinham. Apesar disso, fazer o público entender as ocasiões de uso tem sido um dos principais desafios da Audible no Brasil.
“O desafio é, de fato, conseguir comunicar os momentos de usabilidade para as pessoas. Parece uma coisa óbvia, mas não é. Esse pensamento automático de ‘estou num trânsito, é uma oportunidade de escutar um audiolivro’ ainda não é tão imediato. Conectar essa otimização saudável do tempo ainda é um trabalho que precisa ser feito. Isso leva tempo”, salienta Adriana.
Na visão de Heringer, entender o ouvinte brasileiro, sua cultura em ouvir uma boa história e respeitar esses aspectos sócios culturais na produção em audiolivro são os principais desafios do mercado de audiolivros brasileiro atualmente.
O mercado de audiolivros também tem enfrentado uma turbulência com a popularização da inteligência artificial. Isso porque essa tecnologia tem sido utilizada para substituir vozes humanas nas narrações dos livros.
De acordo com a Bloomberg, 40 mil obras mais populares na Audible são narradas por inteligência artificial. Enquanto alguns autores vêm essa decisão com bons olhos, pois diminuem os custos, narradores e atores a desaprovam.
Apesar disso, Adriana, enfatiza que no Brasil, a Audible não utiliza IA para narrar, apenas humanos. No País, o serviço tem investido na comunidade criativa brasileira ao trabalhar com mais de 600 narradores, incluindo celebridades nacionais como Antônio Pitanga, Denise Fraga, Marcos Palmeira, Nathália Dill, Ícaro Silva, Bianca Bin, Clarice Falcão, Daniel Munduruku, Maitê Proença, entre outros.
A Audible também trabalha com narradores profissionais, como Mauro Ramos, com mais de 30 anos de experiência em direção de gravações, narração e dublagens de animações infantis famosas. Para produzir seus conteúdos, no Brasil, o serviço tem parceria com 13 estúdios e contrato com inúmeras editoras, entre elas Companhia das Letras, Grupo Record, Harper Collins Brasil, Intrínseca, Sextante e Buzz.
Por se tratar os audiolivros como projetos artísticos, a Supersônica também não utiliza inteligência artificial para narrar seus livros. “Por mais que IA leia o texto de uma maneira muito próxima do humano, com entonação e com nuances, não é o humano e jamais vai ter a imprevisibilidade que um ator vai poder proporcionar”, ressalta Mariana Beltrão, diretora executiva da Supersônica. Apesar disso, a executiva não demoniza a tecnologia e sugere que seja utilizada em casos específicos, como em livros mais acadêmicos.
Da mesma forma, Heringer, acredita que o uso indiscriminado da IA pode conduzir uma freada no mercado, uma vez que a tecnologia, segundo seu ponto de vista, ainda não traz o entendimento necessário para um bom resultado final de audiolivro. “A mecanização sem um apuro na qualidade final, vai trazer um novo estranhamento e selecionando o leitor já que o mesmo não consegue se identificar com esse tipo de leitura”, reforça. Com isso, a Tocalivros também opta por um processo de interpretações de livros, narrados com locutores.
Além da chegada da Audible, com maior poderio de marketing, Mariana entende que a chegada dos audiolivros em português no Spotify poderia contribuir para o crescimento do setor no Brasil. A plataforma de streaming de áudio lançou, em março deste ano, um plano nos Estados Unidos voltado exclusivamente para audiolivros, que conta com mais de 200 mil títulos, por US$ 9,99 por mês.
Adriana, da Audible, enxerga uma oportunidade de crescimento do setor maior do que em outros países nos quais o serviço da Amazon está presente, uma vez que o Brasil tem a característica de rápida adoção de novas ferramentas e tecnologias, como aconteceu com as redes sociais. “O brasileiro tem uma adoção muito rápida. Tudo indica que o Brasil vai virar o primeiro país”.
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