Após 103 anos, Folha de S.Paulo muda formato do impresso

Renan Honorato
9 de agosto de 2024 - 15h41

O diretor de marketing da Folha de São Paulo, Marcelo Benez, explica quais os próximos passos da publicidade no jornal (Crédito: Divulgação)

Atualizada em 12/8, Às 10h09*

Após 103 anos de circulação no formato tradicional dos jornais (standard), a Folha de S.Paulo passa por uma mudança e adotará um novo visual a partir de 1º de setembro. O veículo passa a ser impresso no modelo berliner, com 44 cm de altura, aproximadamente (a página do modelo tradicional tem cerca de 55 cm).

As novidades foram reveladas na primeira edição do Folha Day, evento promovido pelo veículo nesta sexta-feira, 9, para anunciantes. agências e parceiros do mercado publicitário.

A partir da adoção desse novo modelo, que considera mais ergonômico e moderno, a empresa espera se aproximar das novas gerações de leitores. Com o acréscimo de 16 páginas, a Folha de S.Paulo irá circular com 64 páginas, no total. Para complementar o conteúdo, o jornal vai retomar a publicação impressa de alguns cadernos, como o Guia da Folha, que se une à editoria Comida e vai circular sempre às sextas-feiras.

Além disso, a edição infantojuvenil do periódico, conhecida como Folhinha, também terá uma edição impressa mensal, que estará disponível aos sábados.  O conteúdo da editoria, contudo, continua sendo publicado no digital.

O jornal também apresenta as editorias Equilíbrio e Turismo, que serão publicadas às quartas e quintas-feiras, respectivamente, junto à Ilustrada. Por fim, Veículos e Folhainvest são integrados à editoria Mercado, veiculada às segundas e terças-feiras.

A mudança na qualidade gráfica de impressão também acompanha o formato berliner. Como mencionou Sérgio D’Ávila, diretor de redação da Folha, os leitores não vão mais ter o problema de sujar os dedos de tinta.

O que muda na publicidade da Folha de S.Paulo?

Com a otimização dos meios digital e impresso a partir da mudança, a publicidade e o conteúdo entram em harmonia, de acordo com o diretor de publicidade do Grupo Folha, Marcelo Benez,. “O jornal impresso documenta a informação, tem a credibilidade que é reconhecida. Porém, cada vez mais, ele integra a jornada do leitor de notícias que passa pela edição impressa e, ao longo do dia, consume o jornal pelos formatos digitais”, diz.

De fato, o jornal apresentou alguns novos formatos publicitários que passam a ficar disponíveis a partir de 1º de setembro. Além da sobrecapa em formato eyepatch, com duas folhas integradas às publicação, que não permitem que o leitor altere a ordem de leitura, o jornal apresenta uma sobrecapa gigante. Nesse formato, as quatro folhas dobráveis vão formar uma mapa de oito de páginas, que pode expandir a percepção do leitor sobre o anúncio.

Além disso, a Folha de S.Paulo integrou aos modelos de publicidade opções que raramente são vistas no jornalismo impresso. Entre os exemplos estão páginas aromatizadas, que permitem que o anunciante aplique perfumes em etiquetas ou nas próprias páginas da edição. Junto com O Boticário, o jornal já trabalhou em um formato parecido com esse em 1993. Páginas serrilhadas, com foco ações com ingressos e vouchers, folhas origami e com raspadinha também aparecem como opções para publicidade.

Como a Folha de S.Paulo quer diversificar a receita?

Ao completar 103 anos, a Folha de São Paulo tem investido na diversificação de negócio, a partir da integração multiplataforma dos canais.

Desde junho deste ano, a Folha passou a ter sua circulação auditada pela PwC. Os primeiros números apresentados pelo veículo abrangem o segundo semestre de 2023 e apontam que, no período, a Folha teve uma circulação total média de 834.898 exemplares. Esse número compreende a média dos assinaturas, digital e impressa, além da venda avulsa de exemplares impressos.

Além disso, durante o evento realizado nesta sexta-feira, 9, Folha divulgou que a audiência mensal do veículo, em visualizações, chega a 154 milhões de acessos.

A partir desses dados de público, o grupo Folha tem apostado na integração entre áreas, como produções para marcas que utilizem de ferramentas do Datafolha aliados à produção dos Estúdios Folha. Ao mesmo tempo, os quase 30 podcasts já produzidos pela empresa já renderam mais de 240 milhões de plays nas plataformas de streaming. Outra frente que tem sido vista com potencial pela empresa é a Folhapress, a unidade responsável pelo licenciamento do acervo audiovisual do grupo.

* A versão anterior dessa reportagem trazia, de forma incorreta, dados de circulação da Folha de S.Paulo, referentes ao ano de 2023, atribuídos ao Instituto Verificador de Comunicação (IVC). Porém, o veículo desfiliou-se do Instituto ainda no ano passado. Os números apresentados pela Folha foram auditados pela PwC, consultoria com quem o veículo passou a trabalhar em 2024.