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Mídia

ChatGPT: ajudante ou inimigo dos criadores de conteúdo?

Ferramenta de inteligência artificial tem chamado a atenção dos creators, mas, ao mesmo tempo, despertado algumas preocupações


3 de fevereiro de 2023 - 13h10

O buzz ao redor dos assuntos que permeiam inteligência artificial não vem de hoje. Porém, o tema ganhou ainda mais força no final do ano passado e, principalmente, no início deste ano, com a popularização do ChatGPT.

O sistema de inteligência artificial da Open AI é capaz de elaborar textos e responder às perguntas automaticamente, em questão de segundos.

O diferencial da ferramenta frente perante outras tecnologias de IA, como chatbots, é a sua capacidade de oferecer respostas mais compreensíveis e com repertório mais extenso. Esse fator tem chamado a atenção da indústria de comunicação. Agências e marcas já estão testando a ferramenta para realizar anúncios e posts nas redes sociais.

Chatgpt criadores de conteúdo

Ator Ryan Reynolds utiliza ChatGPT para criar um anúncio de sua marca de telefonia (crédito: reprodução)

Justamente por ter essa finalidade de criar textos a partir de repertórios, a ferramenta também tem impacto no mercado de marketing de influência, ou seja, no trabalho dos criadores de conteúdo.

“É uma ferramenta que vai revolucionar e que vai estar no dia a dia do marketing de influência e não acho que vai demorar muito tempo”, afirma Gabriel Lima, co-fundador e diretor da MField. O ator Ryan Reynolds, por exemplo, utilizou o sistema para criar o roteiro de um dos vídeos de sua marca de telefonia, Mint Mobile.

Veracidade das informações

O uso da ferramenta, entretanto, tem gerado discussões na mídia e redes sociais a respeito dos limites de sua aplicação e questões éticas envolvendo plágio e disseminação de informações falsas.

Na visão da fundadora e COO da Brunch, Ana Paula Passarelli, a questão delicada ao se trabalhar com essa ferramenta para criar conteúdo é justamente o fato de que ela sempre irá depender do conteúdo que já está público na internet e que nem sempre é verificado e checado. “Sempre fomos incentivados a construir conteúdo gratuito e público. Corta para 2023, temos uma inteligência artificial criando conteúdo com base no que disponibilizamos de graça”, reforça.

Lima, co-fundador e diretor da MField, entende que outro ponto “negativo” do uso do ChatGPT ou outras ferramentas de criação de conteúdo automático para os creators possa ser a perda de criatividade e de conexão com a sua audiência, visto que o sistema não conhece aquele criador a fundo, muito menos a sua audiência. Ou seja, o conteúdo pode perder uma das principais características dos creators que é a autenticidade.

Um aliado

Apesar desses pontos, ambos concordam que a ferramenta tem muito mais vantagens a oferecer do que desvantagens, se for utilizada da forma correta. Mas o que seria fazer o uso correto dessa ferramenta? Para Vinicius Machado, CEO e fundador da Sotaq Creators, o criador de conteúdo precisar usar o ChatGPT da mesma forma que usa o Google.

Além de funcionar como um pesquisador automático, o ChatGPT pode ser útil para o criador ganhar agilidade no seu dia a dia, segundo Ana Paula, COO da Brunch. O co-fundador da MField concorda com ela. “Vai ajudar muito quando falamos de roteirização, briefing, na agilidade, no conhecimento técnico de pessoas que não tem tanto conhecimento na parte de atendimento, mas nada vai substituir a criatividade humana”, pontua.

Nessa linha, Ana Paula reforça que “por mais que exista muito inventário público, que essa inteligência artificial possa consultar para construir esse conteúdo, o conteúdo novo sempre é uma nova oportunidade para que possamos criar uma conexão com a audiência”. Para ela, inteligências artificiais são aliadas desde que o criador respeite a sua verdade e dê o seu toque final nos conteúdos.

O CEO da Sotaq Creators concorda com a COO da Brunch no sentido que é preciso combinar o uso da inteligência artificial com a inteligência humana. “A mistura pode ser muito vantajosa se soubermos usar. Um erro vai ser copiar o que o chat fala sem colocar você. A tendencia é sempre a tecnologia mais as pessoas, porque a particularidade de cada pessoa não dá para ser substituída por um robô. É mistura que vai fazer dar certo”.

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