Elon Musk desiste de acordo com Twitter; relembre trajetória
Empresário questiona dados da plataforma, que pretende tomar medidas legais para cumpir o acordo
Elon Musk desiste de acordo com Twitter; relembre trajetória
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Depois de três meses do seu primeiro passo no plano de adquirir o Twitter, nesta sexta-feira, 8, Elon Musk informou ao SEC (Security and Exchange Comission), órgão regulador do negócio nos Estados Unidos, que deixará de seguir com a proposta de compra da rede social por US$ 44 bilhões.
Segundo o empresário, o Twitter não cumpriu com obrigações contratuais, como ceder dados e informações para que realizasse uma avaliação sobre contas falsas e spam na plataforma, que são fundamentais para a performance da empresa em termos de negócios. Na carta que enviou, o CEO da Tesla afirma que o Twitter ignorou ou recusou seus pedidos.
Membro do conselho do Twitter, Bret Taylor, atual co-CEO da Sales Force, publicou em seu perfil na rede que a plataforma formalizará uma ação legal para que o acordo de aquisição seja cumprido. “O Conselho do Twitter está comprometido em fechar a transação no preço e nos termos acordados com o Sr. Musk e planeja entrar com uma ação legal para fazer cumprir o acordo de fusão. Estamos confiantes de que prevaleceremos no Tribunal de Chancelaria de Delaware”, afirmou. O CEO do Twitter, Parag Agrawal retuitou a publicação.
The Twitter Board is committed to closing the transaction on the price and terms agreed upon with Mr. Musk and plans to pursue legal action to enforce the merger agreement. We are confident we will prevail in the Delaware Court of Chancery.
— Bret Taylor (@btaylor) July 8, 2022
Até o momento, Elon Musk não usou o Twitter para se manifestar sobre a ruptura contratual, como tem feito durante toda a negociação.
A aquisição inclui uma taxa de US$ 1 bilhão no caso de ‘rompimento’ do acordo para cada uma das partes. O acordo inclui uma cláusula específica de desempenho que permite que o Twitter force Musk a cumprir o acordo. Isso significa que, ainda que o caso termine no tribunal, o Twitter pode exigir que Musk conclua a compra, em vez de receber uma compensação monetária.
Antes mesmo de rescindir o acordo, Musk já havia alertado para o problema dos bots na sua relação com o Twitter. O empresário alegava que os números apresentados pela plataforma eram muito baixos (menos de 5% das contas). Isso fez com que Musk ameaçasse desistir do acordo e pedir uma auditoria sob os números informados. A equipe de Musk concluiu que o Twitter não é capaz de verificar suas contas de spam e “parou de se envolver” nas discussões em torno do acordo.
A relação entre Elon Musk e Twitter foi — e continua sendo — alternada entre interesse e ataques. No final de março, o empresário usou seu perfil no Twitter para criticar a plataforma, acusando-a de vetar a liberdade de expressão. Ao ser questionado por um usuário se consideraria construir uma nova plataforma de mídia social com um algoritmo de código aberto na qual a liberdade de expressão teria prioridade, o CEO respondeu: Estou pensando seriamente nisso.
Logo em seguida, em 4 de abril, o bilionário adquriu 9,2% das ações do Twitter Inc., tornando-se, com isso, o maior investir da plataforma, o que fez com que as ações do Twitter subissem 26%. O cofundador e ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, respondeu a um usuário que queria o executivo no board há muito tempo e o atual CEO do Twitter afirmou que o fato de Musk ser crítico da rede é algo que a empresa valoriza. “Através de conversas com Elon nas últimas semanas, ficou claro para nós que ele traria grande valor para o nosso conselho. Ele é um crente apaixonado e um crítico intenso do serviço que é exatamente o que precisamos no Twitter, e na sala de reuniões, para nos tornar mais fortes a longo prazo”, afirmou.
Em 11 de abril, Musk desistiu de fazer parte do conselho da empresa, apesar de ter sua entrada aprovada pelos demais membros. “Acredito que isso tenha sido o melhor. Sempre valorizamos e continuaremos valorizando a colaboração de nossos acionistas, independentemente de fazerem ou não parte do conselho. Elon é nosso maior acionista e continuaremos abertos a suas contribuições”, escreveu Agrawal.
Em 14 de abril, o empresário propôs a aquisição do Twitter por US$ 54,20 por ação (cerca de R$ 255), o que resultaria em um montante de US$ 44 bilhões. Em carta à companhia, ele expressou a crença no potencial da plataforma de ser voltada para a liberdade de expressão em todo o mundo e que isso só poderia ter seguimento caso o Twitter Inc. se tornasse uma empresa de capital fechado. “Se o negócio não der certo, já que não tenho confiança na administração nem acredito que possa conduzir a mudança necessária no mercado público, precisarei reconsiderar minha posição como acionista”, alertou.
No final do mês, o Twitter aceitou a oferta de compra da plataforma. Em comunicado, Musk disse que queria tornar o Twitter melhor, incluindo a criação de novos recursos, enfrentando bots de spam e na criação de algoritmos de código aberto. Em sua conta pessoal na plataforma, Musk sugeriu a criação de um botão de edição e divulgação de anúncios do Twitter Blue, reduzindo seu preço de assinatura e adicionando Dogecoin como opção de pagamento. O empresário também garantiu US$ 7,1 bilhões em investimentos para apoiar a oferta a partir do apoio de empresas como a Binance, os Brookfield Asset Management, Fidelity Management & Research e Qatar Holding e do empresário e cofundador da Oracle, Larry Ellisson.
Durante essas negociações, o CEO da Tesla afirmou que reverteria o banimento de Donald Trump do Twitter e disse acreditar que a empresa com sede em São Francisco excedeu no policiamento da fala dos usuários e que queria empurrá-la para uma abordagem mais focada na liberdade de expressão.
No entanto, em 13 de maio, Elon Musk usou o Twitter para dizer que a compra da plataforma estava temporariamente suspensa porque dependia da confirmação, por parte da rede social, de que o total de contas falsas e e robôs correspondam a menos de 5% da base total de usuários da plataforma. As ações da rede social caíram. Posteriormente, o Twitter afirmou que as negociações continuavam.
O CEO do Twitter chegou a discutir publicamente com Musk a respeito dos bots da rede social. Agrawal disse que a plataforma conta com revisores humanos para avaliar milhares de contas e determinar a presença de bots, mas acrescentou que ele não pode dar informações mais específicas por conta de regras de privacidade. “Infelizmente, não acreditamos que essa estimativa específica possa ser realizada externamente, dada a necessidade crítica de fazer uso de informações publicas e privadas”, escreveu o CEO.
Já no início de junho, Elon Musk acusava a rede social de violar os materiais da fusão, descredibilizando as metodologias de teste da companhia, as informações fornecidas e acusando a possibilidade de não concluir a aquisição.
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