3 de março de 2025 - 15h08
A mobilidade urbana está passando por uma revolução impulsionada pela digitalização, pela inteligência artificial (IA) e pela conectividade avançada, como o 5G e, em muitos casos, o 5.5G. No Mobile World Congress (MWC) Barcelona 2025, o tema ganha destaque, refletindo transformações que estão redefinindo o transporte urbano globalmente. Experiências internacionais de sucesso, com destaque para as da China, mostram um futuro onde os deslocamentos serão mais rápidos, seguros, confortáveis e sustentáveis.
Nos últimos 40 anos, cidades como Pequim, Shanghai e Shenzhen passaram por uma transformação sem precedentes. Shenzhen, por exemplo, era uma vila de pescadores nos anos 1980 e se tornou uma das metrópoles mais avançadas do mundo, com mais de 17 milhões de habitantes. Com esse crescimento, serviços essenciais, como transporte, se tornaram desafios complexos. A resposta foi a implantação de soluções integradas baseadas em tecnologia da informação. Sistemas conectados, infraestrutura digitalizada e análise de dados em tempo real revolucionaram a forma como as pessoas se deslocam, seja com seu carro individual ou de transporte público. A cidade tem adotado redes de transporte baseadas em plataformas de análise de tráfego que utilizam inteligência artificial para prever congestionamentos e otimizar os fluxos de veículos. Com isso, os tempos de deslocamento são reduzidos e a emissão de poluentes é minimizada.
Em Shanghai, projetos de corredores inteligentes para veículos autônomos estão sendo implementados, permitindo que carros sem motorista trafeguem com maior precisão e segurança. A combinação de sensores de alta precisão, comunicação e infraestrutura urbana conectada possibilita que os sistemas de transporte sejam otimizados, reduzindo a taxa de acidentes. Além disso, redes de alta conectividade estão sendo aplicadas em rodovias, permitindo que sistemas avançados de monitoramento e resposta sejam utilizados para melhorar a segurança e o conforto das viagens.
Pequim implementou sistemas de semáforos inteligentes que ajustam automaticamente os tempos de abertura e fechamento com base nos fluxos de trânsito em tempo real. Essa tecnologia melhora a fluidez viária e reduz o tempo de viagem para milhares de passageiros diariamente. Além disso, plataformas baseadas em big data analisam o comportamento dos motoristas e corrigem as estratégias de mobilidade de forma dinâmica. Isso garante um controle mais eficaz do fluxo de veículos e do transporte coletivo, promovendo ajustes de acordo com as condições locais. A integração de inteligência artificial a esses sistemas é outro fator positivo, pois permite o gerenciamento automatizado e preciso, além da redução de custos.
Com algoritmos avançados, a IA chega a prever congestionamentos, a recomendar rotas alternativas e a coordenar os sistemas de transporte público para que possam minimizar os atrasos. Em Shenzhen, sistemas integrados monitoram o sistema em tempo real e ajustam automaticamente as frequências dos veículos com base na demanda dos passageiros. Isso permite maior agilidade nas viagens e reduz o tempo de espera. Além disso, iniciativas de transporte inteligente incluem a modernização logística, permitindo que mercadorias sejam transportadas mais rapidamente, otimizando a cadeia de suprimentos com o uso de tecnologias baseadas em Internet das Coisas (IoT) e big data.
Nos aeroportos, sistemas de gerenciamento com essas tecnologias avançadas estão tornando as operações mais ágeis. No complexo Pequim-Daxing, soluções de reconhecimento facial fazem o controle de embarque, reduzindo filas e esperas desnecessárias. Além disso, plataformas de análise de dados em tempo real monitoram o fluxo de passageiros e ajustam os serviços para garantir uma experiência mais fluida e ininterrupta. A digitalização dessas infraestruturas melhora a experiência do usuário e reduz a necessidade de intervenção humana, tornando a viagem mais tranquila e as operações mais baratas e mais seguras.
A sustentabilidade avança com o uso de veículos elétricos, aliado a sistemas de recarga otimizados, que reduzem significativamente as emissões de carbono. Em Shenzhen, a eletrificação completa da frota de ônibus já é uma realidade. Com mais de 16 mil ônibus elétricos em operação, a cidade conseguiu reduzir os níveis de poluição e melhorar a qualidade do ar. Esse modelo serve de inspiração para outras regiões que buscam alternativas mais limpas para o transporte urbano. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias para carregamento rápido de baterias e a implementação de redes elétricas inteligentes estão permitindo operações mais rápidas.
A cidade de São Paulo também tem investido na eletrificação de sua frota de ônibus como parte de uma estratégia para promover a sustentabilidade e reduzir as emissões de carbono. Em janeiro de 2025, a prefeitura elevou para 428 o total de veículos elétricos em circulação, além dos 201 trólebus já em operação, totalizando 629 veículos independentes de combustíveis fósseis. Com uma frota de mais de 12 mil ônibus e sete milhões de passageiros, os obstáculos enfrentados estão nos altos custos dos ônibus elétricos e na necessidade de infraestrutura adequada para recarregar as baterias. Para superar essas barreiras, a prefeitura implementou um modelo de subsídio e está trabalhando na expansão da infraestrutura de recarga para atender à crescente demanda.
As inovações apresentadas no MWC Barcelona 2025 reforçam que a mobilidade urbana do futuro será marcada por inteligência, conectividade e sustentabilidade. A adoção crescente de IA, IoT e a popularização do 5G otimizam os sistemas de transporte e redefinem a forma como as cidades planejam suas infraestruturas, mitigam congestionamentos e reduzem impactos ambientais. Países que lideram essa transformação demonstram que a digitalização pode reduzir as emissões de carbono, diminuir o tempo dos deslocamentos e melhorar a qualidade de vida. No Brasil, apesar dos desafios estruturais e financeiros, iniciativas como a eletrificação da frota paulistana indicam um avanço promissor. A convergência das tecnologias nos próximos anos deve tornar os serviços urbanos mais adequados às necessidades da população, garantindo um transporte cada vez mais ágil.