6 previsões para o ano de contradições que será 2027
WGSN lista a incorporação de IA e a construção de comunidades a partir da epidemia da solidão como movimentos sociais e econômicos nos próximos anos
WGSN lista a incorporação de IA e a construção de comunidades a partir da epidemia da solidão como movimentos sociais e econômicos nos próximos anos
Bárbara Sacchitiello
14 de janeiro de 2025 - 6h00
O mundo estará mergulhado em um mar de contradições em 2027. Ao mesmo tempo em que as pessoas confessam estar se sentindo mais sozinhas do que nunca, as novas gerações, sobretudo a Alpha, demonstram mais vontade de conviver com os amigos e socializar. E apesar de muitas pessoas ainda não terem despertado para a crise climática, em dois anos será praticamente impossível pensar na própria saúde sem levar em conta o estado geral do planeta.
Esse complexo e desafiador panorama foi apresentado pela WGSN na edição de 2025 na NRF. Como já se tornou tradição, a consultoria especializada em tendências reserva para o evento a divulgação de um estudo de tendências e previsões calcadas em seis pilares, que foram chamados pela companhia de STEPIC (sigla em inglês para Sociedade, Tecnologia, Meio-Ambiente, Política, Indústria e Criatividade).
A consultoria, representada por sua senior strategist, Cassandra Napoli, apontou as principais tendências comportamentais e sociais para cada um desses tópicos, com indicações de como a indústria pode entender e aprender a lidar com consumidores que tendem a vivenciar, provavelmente, uma das eras mais complexas em termos de convivência social, tecnologia e consciência coletiva.
Veja, abaixo, as seis principais previsões apontadas pela WGSN como aquelas que nortearão o comportamento do mundo e dos negócios em 2027:
A epidemia da solidão já é uma realidade. De acordo com dados apresentados pela WGSN, 23% das pessoas respondem que se sentem sozinhas ao longo do dia. Em 2027, essa imensa sociedade de indivíduos será interconectada, já que a responsabilidade e o senso de coletividade começaram a se sobressair diante desse sentimento de isolamento.
Essa mudança se dará, também, pela inclinação mais sociável dos membros da geração Alpha e dos mais jovens representantes da geração Z. Para 66% deles, a atividade mais interessante é passar um tempo com os amigos, o que indica que a conexão física não será substituída.
Cassandra alertou que, para as empresas e a sociedade, de forma geral, a coletividade ocupará o lugar daquilo que, por algum tempo, foi visto como competição. “A colaboração será a chave, assim como tornar os espaços físicos e locais mais adaptáveis e adequados às pessoas de diversas idades e perfis. Até mesmo marcas concorrentes já descobriram o poder da colaboração para fortalecer suas mensagens”.
Com a inteligência artificial já fazendo parte de algumas das principais atividades cotidianas, pensar em aceitar ou não a IA não será mais um ponto de discussão: em 2027, as pessoas terão de aprender as melhores maneiras de se alinhar a ela, para equilibrar a sabedoria humana com o avanço da máquina.
A especialista da WGSN aponta que 82% das pessoas têm desejo de conhecer mais sobre a inteligência artificial. “Isso demandará mais transparência, uma vez que a IA seguirá evoluindo, possibilitando aos consumidores mais acessos e possibilidades de navegar em universos. O foco estará em trabalhar junto com a IA, para fazer com que tenhamos mais benefícios e personalização”, pontuou.
Enquanto os Estados Unidos vivenciam um período de incertezas em relação às novas políticas de imigração, que deverão se restringir a partir do novo governo de Donald Trump, a nova organização econômica e social global tende a ser multipolar. Grandes blocos e regiões, como América Latina e África, tendem a se fortalecer e a disputar espaço e poder com os tradicionais líderes mundiais, como Europa e Estados Unidos.
Em meio a essa mistura cultural, o grande desafio será tentar equilibrar as polarizações e criar uma convivência possível entre pessoas que pensam e se relacionam de formas diferentes. E tudo isso em meio a um ambiente digital que estimula e até incentiva comportamentos raivosos. Para as empresas, empatia passa a ser ainda mais uma palavra-chave, sobretudo para as funções de treinamento de pessoas. Saber lidar com seres humanos e seus diferentes pensamos será algo essencial.
Em 2027, não se falará tanto mais sobre as possibilidades de alterações e eventos climáticos extremos, mas sim em formas de conseguir adaptar-se a eles. “A crise climática já é uma realidade e, em 2027, o foco da sociedade estará em tentar cuidar do planeta”, disse Cassandra.
A especialista pontuou um dado que aponta que 56% dos consumidores no mundo afirmam que pensam na questão da emergência climática semanal ou diariamente. E isso não ficará de fora de nenhuma esfera social e nem do ambiente de negócios.
Segundo ela, haverá uma conexão entre as pautas de saúde e emergência climática, uma vez que o aquecimento global, por exemplo, já está mudando a rotina das pessoas e impactará diversas cadeias de negócios. Cuidar do planeta será tão essencial quanto prestar atenção às questões próprias de saúde e os consumidores darão preferências às marcas que também adotarem essa postura.
O ano de 2027 será o período de experimentar modelos de negócios mais flexíveis e toda a variedade de tecnologias ‘open’ e colaborativas. A demanda por autenticidade será maior do que nunca e, para isso, as empresas terão de ser capazes de entregar a sensação de bem-estar que os consumidores tanto buscam.
O compartilhamento de tecnologia será importante também para a conexão com diferentes gerações, que buscam, muitas vezes, situações de conforto inspiradas no passado, com forte elemento nostálgico. Outro dado da WGSN mostrou que 57% dos consumidores gostariam de que o País em que vivem fossem do jeito que eram em tempos passados. Alinhar-se a esses status e valores será importante para acompanhar os valores culturais que emergem.
Os jogos, entretenimento e o lúdico estarão em posição de destaque em 2027 e não apenas no que diz respeito ao entretenimento. Engajar as pessoas por meio de criatividade, diversão e, principalmente, bem-estar, será a chave para as empresas conseguirem a produtividade que almejam.
Nesse conceito, de acordo com a WGSN, o “play” não está apenas atrelado à diversão. A ideia de brincar e jogar será um alicerce para a criação de conexão entre as pessoas e criação de maior resiliência.
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