Além dos padrões estéticos: uma reflexão sobre Feios
Na sociedade contemporânea, o culto à beleza atinge níveis alarmantes, influenciando comportamentos e decisões pessoais, e as mulheres são as que mais sentem o peso das pressões
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No último final de semana assisti ao filme Uglies (Feios), lançado recentemente, que nos coloca frente a uma realidade distópica que, apesar de fictícia, tem paralelos inquietantes com o mundo atual. Na trama, baseada no romance Uglies, de Scott Westerfeld, jovens são mantidos em isolamento até completarem 16 anos, quando passam por procedimentos estéticos para atingir um padrão de beleza imposto pela sociedade. A sinopse me despertou a curiosidade. Como a narrativa da pressão estética e seu impacto negativo, especialmente sobre as mulheres, seria abordada e discutida?
Na sociedade contemporânea, o culto à beleza atinge níveis alarmantes, influenciando comportamentos e decisões pessoais. Embora ambos os gêneros sofram com expectativas em relação à aparência, as mulheres são as que mais sentem o peso dessas imposições. Desde cedo, são bombardeadas com imagens e mensagens que ditam o que é considerado bonito e aceitável, levando muitas a acreditarem que sua autoestima e valor, não somente pessoal, mas até mesmo profissional, estão intrinsecamente ligados à sua aparência e aos padrões.
Uma pesquisa realizada no início deste ano pela The Body Shop, em parceria com o Instituto Plano de Menina, revelou dados preocupantes. Segundo o estudo, 69% das mulheres já sentiram alguma forma de pressão estética no ambiente de trabalho, principalmente de colegas e, em alguns casos, de seus superiores. A pesquisa também apontou que 68% das mulheres sentiram pressão relacionada ao peso; 58% se sentiram pressionadas por não estarem maquiadas; e 32% foram pressionadas por conta do tipo de cabelo. Esses números escancaram o quanto as mulheres enfrentam julgamentos baseados em sua aparência, mesmo em ambientes que deveriam ser focados em suas habilidades e competências.
Essa pressão estética tem consequências graves e, nos dias de hoje, já existem dados que sugerem uma ligação entre a obsessão por uma aparência perfeita e problemas de saúde, como distúrbios alimentares, depressão e ansiedade. A constante comparação com padrões idealizados pode levar a um sentimento de inadequação e insegurança, minando a confiança e a autoestima das pessoas.
Feios nos lembra da importância de questionar e resistir a esses padrões, algo que os próprios personagens da trama começam a fazer ao longo da história. Eles questionam os
padrões estéticos impostos e discutem a importância da autoaceitação, abrindo espaço para uma reflexão mais profunda sobre o que significa ser verdadeiramente bonito. A partir disso, fica claro que precisamos promover uma cultura que celebre a diversidade e a inclusão, encorajando as pessoas a aceitarem suas características únicas. A beleza real reside na autenticidade e na diversidade de experiências e perspectivas. Em vez de nos conformarmos a padrões impostos, devemos valorizar a beleza que vem da autoconfiança e da aceitação.
A estética não deve definir quem somos. Precisamos mudar a narrativa para que futuras gerações cresçam em um mundo onde a aparência não é o principal critério de valor. O verdadeiro desafio, e a verdadeira beleza, reside em celebrar a autenticidade de cada um de nós.
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