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Opinião

O gerente de produtos já está no futuro

Carreira será cada vez mais requisitada, por fazer o meio de campo entre tecnologia e negócios


9 de junho de 2021 - 15h33

(crédito: OstapenkoOlena/iStock)

Pense em um setor que está crescendo muito, independentemente da crise provocada pela pandemia. E em um segmento que movimentou R$ 18,1 bilhões, em 2020 — 17% a mais do que no ano anterior, e a maior cifra desde 2011, segundo o Distrito, empresa de inovação. Acertou quem pensou em tecnologia e, em especial, no universo das startups.

Não à toa, o mercado tem requisitado um número crescente de profissionais de TI e áreas correlatas. Algumas dessas profissões já têm lugar garantido no futuro. Embora a demanda por desenvolvedores de softwares seja maior — para cada sete desenvolvedores, um gerente de produtos é contratado — a busca pelo product manager é crescente. Em 2018, o Brasil oferecia cerca de 500 vagas para gerente de produtos e, em 2020, o número dobrou.

A importância da função justifica a procura, pois é esse gerente quem faz o meio de campo entre a tecnologia e os negócios. Ele define a tática e a execução do produto, e possui um papel importante na definição da estratégia. Apesar de ter certa autonomia, muitas decisões não cabem somente aos gerentes de produto — via de regra as coisas precisam ser alinhadas com outras áreas da empresa antes de avançar. Profissionais do meio costumam brincar dizendo que, muitas vezes, os gerentes de produto possuem mais responsabilidade do que autonomia.

As oportunidades de trabalho para gerente de produtos na maioria das vezes se encontram em startups, empresas de tecnologia e inovação, especialmente nas que já receberam aportes. Os salários têm uma variação grande. Um iniciante pode começar com remuneração de R$ 4 mil e os mais altos salários chegam a R$ 30 mil. Mas, em média, o gerente recebe entre R$ 8 mil e R$ 20 mil.

Como entrar na profissão

Um gerente de produtos não necessariamente precisa ter formação em tecnologia. Ser da área ajuda muito, mas para quem não veio de tecnologia e deseja migrar, por exemplo, é totalmente possível fazer o movimento. Hoje, a quantidade de material de qualidade e acessível pela internet, cursos e livros é grande. Bem diferente de como era há alguns anos.

É importante ter em mente que esse cargo, como diz o nome, é de gerência. E o olhar do gerente requer certa maturidade. Por isso, é mais difícil para pessoas mais novas ocuparem o posto. Nesse caso, o cargo de analista de produtos pode ser uma opção para o profissional iniciar na área e depois passar para o degrau seguinte de product manager.

Algumas empresas têm projetos que visam formar seus gerentes de produtos internamente. A OLX, por exemplo, já ofereceu um programa de treinamento para os jovens profissionais em que o contratado passa três meses em cada área da empresa, justamente para adquirir o olhar mais amplo que o gerente precisa ter.

Uma forma de aumentar as chances para entrar como analista ou gerente de produto numa empresa boa, mesmo sem experiência, é criar um projeto paralelo, como ter um blog de tecnologia, um podcast ou um site para vender algo. Na verdade, o que vale é que seja um projeto que traga prazer e desafios em termos de conhecimento e gestão. Dessa forma, a pessoa pode contar de maneira muito mais aprofundada o que aprendeu, apresentando um case de verdade, sem a pressão de investidores, com liberdade e tempo para testar, acertar e errar. Além disso, a pessoa pode se dedicar a este projeto paralelo nas horas vagas, sem perder a segurança do atual emprego até que chegue o momento de se lançar na nova profissão de gerente de produto.

Habilidades necessárias

– Lidar com pessoas. O gerente de produtos precisa saber se comunicar, ouvir e se expressar bem, já que no seu dia a dia vai se relacionar com profissionais de diversas áreas da empresa;

– Lidar com estresse e pressão. O trabalho do gerente é quase sempre feito sob pressão da direção e das demais áreas da empresa. E o fato de precisar alinhar diversos interesses e necessidades poderá colocá-lo em situações estressantes, o que exigirá também autocontrole e calma;

– Conhecer bem o negócio. É fundamental entender os objetivos, os problemas e como alcançar os resultados. Ele vai ter que trocar informações com áreas diversas como engenharia, tecnologia e marketing, só para citar alguns;

– Ter um olhar holístico. Isso se aplica tanto para a empresa e as áreas, quanto para as necessidades do mercado, da sociedade e experiência do usuário.

Há certa tendência à glamourização da profissão de gerente de produto pelo mercado. Eu diria que é um trabalho difícil, com muitos desafios. Tem até alguma incidência de burnout. Por outro lado, pode ser considerada uma profissão do futuro. Lá fora, todas as empresas têm o seu gerente de produtos. Aqui no Brasil, a procura já está crescendo e, para quem deseja desenvolver essa carreira, pode esperar por boa remuneração, empregabilidade e valorização.

**Crédito da imagem no topo: koto feja/iStock

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