Qual o futuro da IA e o papel dos executivos na era da governança e da sustentabilidade?
As principais reflexões do Gartner IT Symposium 2024 passaram por consumo energético, deepfakes e CIOs em ação
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Participar de um dos principais eventos globais de tecnologia como o Gartner IT Symposium 2024 nos faz questionar como a inteligência artificial (IA) e novas tecnologias moldam os negócios não só em termos financeiros, mas também em relação a:sustentabilidade, ética e impacto humano.
Isso porque o que decidimos hoje vai além da adoção de tecnologias de ponta; as escolhas também demandam um compromisso com práticas que assegurem o futuro do negócio e respeitem o bem-estar dos colaboradores e do planeta.
Tive o prazer de estar presente no Gartner IT Symposium 2024 através do projeto Brasil IT+, da Softex, e compartilho no artigo de hoje os principais insights que o evento, um dos mais esperados do ano, me proporcionaram sobre o que podemos esperar da tecnologia e dos cargos de liderança no futuro.
Sustentabilidade e consumo energético: à procura de uma IA responsável
A IA já se tornou tão popular que não há como mais fugir dela. Prova disso é a pesquisa “The state of IA in early 2024”, da McKinsey, que destaca o aumento no interesse no uso da IA nos últimos seis anos. Em 2024, são 72% das empresas globais adotando essa tecnologia. O aumento em relação a 2023 é de 17%.
Importante ressaltar que a pesquisa foi divulgada em junho e, com a corrida tecnológica que as organizações vivenciam, podemos esperar um número maior para o segundo semestre deste ano.
No evento da Gartner, é claro que esta pauta não estaria de fora.
No entanto, o destaque foi para abordar seu consumo energético e a sustentabilidade da IA, aspectos que emergem como desafios urgentes no mundo corporativo.
Como podem imaginar, os modelos de IA exigem vastos recursos computacionais, pressionando as metas de emissões de carbono. Entendo, como CEO de uma empresa de tecnologia, que nosso papel como líderes é abraçar a IA de forma consciente, assegurando que cada avanço tecnológico se alinhe aos compromissos ambientais.
Para ficar mais evidente a importância dessa reflexão, perguntamos ao Chat GPT quanto ele utiliza de água para cada consulta feita. O resultado foi alarmante e compartilhamos logo abaixo:
Como um modelo de inteligência artificial, o Chat em si não consome água diretamente durante as interações com os usuários. É a infraestrutura que comporta o seu funcionamento – como data centers que abrigam os servidores, que exigem esta vasta quantidade de água, seja para refrigeração ou manutenção.
Ter a noção desse consumo nos leva a considerar com mais cautela o consumo de recursos naturais e as aplicações de tecnologia que fazemos nas empresas. À medida que a tecnologia avança, é essencial olhar e refletir sobre como esses sistemas podem ser mais sustentáveis e igualmente funcionais.
Afinal, trata-se de consciência e de como integrar inovação e sustentabilidade, conceitos que não podem nunca ser desligados.
Deepfakes e os riscos à reputação corporativa
A palestra de Davi Furlonger, intitulada “Maverick Research: Persistent Live Longing is the antidote to deepfakes and fake news” apresentou uma visão ousada sobre como enfrentar o excesso de informações e, ainda, o excesso de informações não confiáveis dos meios digitais.
Segundo dados compartilhados no evento, até 2027, o uso malicioso dessa tecnologia pode resultar em uma perda de mais de 1 trilhão de dólares em valor de mercado. E além de finanças, estamos falando também de um ataque à confiança.
O potencial de criação de “deepfakes” por IA ameaça diretamente a reputação das marcas. Na palestra do Davi, foi mencionado o caso de uma empresa de saúde que teve seu CEO “replicado” digitalmente em um vídeo de instruções para médicos – um conteúdo falso, com informações prejudiciais.
Este cenário é um alerta urgente para executivos de empresas, que devem estar atentos aos riscos de fake news e deepfakes, e investir continuamente em políticas preventivas, monitoramento constante e tecnologias, como a IA propriamente dita, capaz de identificar manipulações de forma ágil. Ainda que esses antídotos tenham desafios, o caminho da prevenção é o que permite preservar a integridade corporativa e, mais uma vez, líderes precisam ficar de olhos abertos nas possibilidades de segurança.
Agentes Supervisionando Agentes: IA como Parte do Time
Uma inovação promissora e que também foi destaque no Gartner IT Symposium 2024 é o uso de IA como agentes que supervisionam outros agentes.
Para simplificar, imagine uma empresa onde um “Agente Recrutador” faz a primeira entrevista com um agente IA que representa o candidato. Esse tipo de interação pode aumentar a eficiência do RH e garantir uma análise preliminar isenta de vieses humanos.
Uma pesquisa da Think World já analisou esse cenário em 2024 e constatou que 30% dos RHs brasileiros já usam IA. Entre os principais usos, a automação em recrutamento e seleção aparece em 4º lugar do Top 10, com uma presença de 42% das empresas entrevistadas.
Entretanto, ainda que a IA facilite e agilize muitos processos, oferecendo um caráter mais analítico às decisões de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, esta tecnologia também exige supervisão constante para manter a transparência e qualidade. A realidade é que IA e humanos se tornam colegas de trabalho, requerendo uma adaptação que vai além do operacional.
De olho na saúde mental e no impacto da tecnologia nas equipes
Com tantas mudanças no ambiente de trabalho e a crescente integração da IA, devemos considerar também o impacto psicológico nos colaboradores.
Imagine um colaborador novo e com baixa senioridade que, após seis meses de uso de IA, atinge produtividade comparável à de um colaborador experiente. Essa performance acelerada, impulsionada pela tecnologia, gera questionamentos sobre a adaptação emocional e as expectativas dos times.
Para nós, líderes, é essencial promover um ambiente que respeite e suporte a evolução humana ao lado da IA.Afinal, nenhuma tecnologia deve ser maior do que a colaboração entre equipes e o sucesso do pensamento humano. Precisamos espalhar a cultura de que a IA complementa e é controlada, ao invés de substituir e dominar.
Como CEO da Pulsus, a tecnologia faz parte do ar que respiramos. Ao mesmo tempo, equilibrar as ansiedades e grandes expectativas que são involuntariamente geradas com a chegada de novas tecnologias é parte do trabalho de garantir que todos cresçam juntos e aproveitem as oportunidades que a inovação traz de forma equilibrada, reforçando conquistas dos profissionais e investindo em treinamento para que todos se sintam mais confiantes e seguros ao navegar no novo cenário tecnológico do mercado.
CIOs em ação: a força do “Vanguard” e a colaboração estratégica
Em um ambiente onde a IA permeia todas as operações, a colaboração entre CIOs e outros executivos é essencial e o evento também destacou: CIOs que trabalham junto a seus pares — formando o “Digital Vanguard” — alcançam 71% mais sucesso nos projetos digitais.
Ao formarem alianças estratégicas, esses líderes conduzem suas empresas para a inovação sustentável, rompendo barreiras e promovendo avanços validados.
A liderança na era da IA e da sustentabilidade
Como executivos, enfrentamos um momento sem precedentes. Precisamos impulsionar a transformação digital, garantindo que ela seja ética e sustentável. Na Pulsus, acreditamos que o futuro dos negócios deve ser ancorado em práticas responsáveis e na criação de valor duradouro para equipes, clientes e sociedade.
Na prática, isso significa que a abordagem sustentável não se limita à adoção de ferramentas novas e ecológicas, mas que envolve a construção de uma cultura organizacional, que prioriza ética e responsabilidade social. É esta cultura que permite um processo transformador na adoção da inovação e abre portas para a reputação de uma marca consciente e visionária nos assuntos sustentáveis e de governança corporativa.
Por aqui, estamos comprometidos em liderar com transparência e inovação, além de estarmos preparados para os desafios e oportunidades que IA e novas tecnologias nos oferecem. Ter participado do evento deste ano colaborou ainda mais para obter insights e inspirações sobre como os executivos podem construir um futuro mais justo, equilibrado e devidamente moderno.
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