Transformação digital não é sobre tecnologia
Deficiências na cultura são um dos principais obstáculos para o sucesso das empresas
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A pandemia tornou urgente a transformação digital. A chegada em poucas semanas da maior crise sanitária da nossa época precipitou uma gigantesca modificação nos negócios, fazendo com que empresas de todos os portes, setores e geografias precisassem se adaptar a um novo cenário focado em tecnologia e constante inovação.
A transformação digital, no entanto, não significa simplesmente construir a infraestrutura de tecnologia e automatizar processos essenciais; é muito maior do que isso. Requer cultivar uma cultura que abraça a inovação. Parece básico, mas aqui está o desafio: para acompanhar as mudanças impulsionadas pela transformação digital, as organizações devem ser ágeis e adaptáveis, e a cultura organizacional é crucial para o sucesso de qualquer iniciativa digital.
Minha trajetória profissional no setor financeiro, de telecomunicações e marketing digital se confunde com o advento da internet, dos smartphones, das redes de alta velocidade e das redes sociais, que provocaram alterações estruturais nas organizações, dando um papel essencial para a tecnologia. Ao longo dessas experiências, aprendi que a transformação digital não é sobre software ou tecnologia – é sobre adaptabilidade e cultura organizacional. Compartilho aqui com vocês cinco importantes lições aprendidas ao longo dessa jornada e que seguem válidas para o que estamos experimentando agora:
1: O processo precisa estar espalhado por toda a empresa. Tire o peso da área de TI. Embora o CIO tenha um papel importante na transformação digital, a verdadeira mudança vem de uma mentalidade empresarial ampla. Ela também deve ser moldada pelo CEO, CFO, COO e cascateada para os demais executivos.
2: Crie uma cultura de aprendizado e adaptação para trazer familiaridade com as mudanças. É importante que os funcionários não apenas entendam o motivo e os benefícios da transformação digital, mas compreendam também as tecnologias que estão sendo implementadas, independentemente de precisarem ou não interagir diretamente com elas. Muitas vezes, o medo do desconhecido pode ser um terreno fértil para a resistência.
3: Inclua os erros na sua previsão para o futuro. É fundamental que as empresas se tornem organizações adaptáveis que usam o método de tentativa e erro para inovar. É claro que os erros não precisam vir em escala catastrófica para serem benéficos, mas falhas pequenas e parciais fazem parte do processo de experimentação.
4: Reconheça o pensamento inovador vinculando-o ao sistema de recompensa. As pessoas não devem apenas ser livres para compartilhar ideias sem medo de falhar, mas ser incentivadas a fazê-lo. É importante ir além do desempenho individual e recompensar as realizações em equipe. As recompensas podem ser financeiras ou não, o que vale é encontrar formas de estimular comportamentos inovadores e de preferência colaborativos.
5: Meça o resultado ao longo do caminho. Ter uma cultura de inovação não significa defender ou manter uma nova iniciativa a todo custo, mas medir seu sucesso e saber quando seguir em frente ou pivotar.
Essas iniciativas devem ser construídas desde o início em torno de um só foco: o cliente. É muito importante garantir que a tecnologia se adapte ao problema e às necessidades do público-alvo.
Deficiências na cultura são um dos principais obstáculos para o sucesso das empresas na era digital. A tecnologia é parte da transformação digital que estamos experimentando, mas é fundamental ganhar o coração e a mente das pessoas ao longo do processo. As empresas que estão prosperando em sua jornada de transformação voltaram aos fundamentos básicos: se concentraram em mudar a mentalidade dos seus times, a cultura e os processos organizacionais antes de decidir quais ferramentas digitais utilizar e de que forma.
*Crédito da foto no topo: Pexels /Francesco Ungaro
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