4 de setembro de 2024 - 6h00

Neste mês me despeço da associação em que fui CEO por quase 12 anos. E reparei que vivemos juntos uma grande simbiose.

Construí o IAB Brasil do jeito que ele é hoje? Sim. Mas também fui construída por ele.

A cada passo que dei, crescemos juntos. Foi assim quando me dediquei a fazer uma administração cuidadosa, com atenção aos recursos e uma governança que preza pela alternância de poder. Aprendi as melhores formas de gerenciar empresas do terceiro setor e apliquei os novos conhecimentos na prática.

Este crescimento, que agora vemos como estruturado, é resultado de vários pequenos movimentos, quando testamos modelos e definimos qual seria nosso lugar e nosso papel na formação dos profissionais da publicidade digital.

O mesmo aconteceu quando passamos a ter uma área  de relações governamentais. Era nítido que precisávamos nos aproximar dos decisores do país, mas como é que a gente se posiciona para que o nosso governo nos ouça? Procurei entender como fazer isso ao conversar com as associações de taxistas, dos comerciantes, ouvindo o grupo que defende os ambulantes e falando com coletivos de empreendedores inovadores, como dos apps de patinete, que precisam de autorizações do poder público para melhor usufruir do espaço urbano. A cada conversa, um novo insight, uma nova ideia e uma inspiração de como colocar o IAB Brasil nas discussões nacionais relevantes para o nosso setor.

Fato é que todas as vezes que tive que aprender algo para o IAB Brasil, eu aprendi também.

Foram diversas formas de aprender formalmente como estruturar e gerenciar conselhos, como administrar uma organização de impacto global, como fazer relações governamentais, mediação de conflitos e mesas de negociação estratégica.

A verdade é que desenvolvi uma instituição forte, mas também fui forjada por ela. Não havia caminho pronto para ser CEO da associação que eu imaginava ser possível. O que eu fiz foi confiar no que conseguia visualizar na minha mente e tentar transformar o que eu via em realidade.

Olhando para trás, a falta de aprendizado linear foi a minha maior riqueza. Ela me permitiu “aprender a aprender”, fazendo o que eu imaginasse que era necessário para progredir.

A ignorância me enchia de medo, mas também me motivava a buscar respostas, a estudar e pedir suporte a quem pudesse ser benchmark do que eu gostaria de fazer.

Encerro o meu percurso como CEO do IAB Brasil com a certeza de ter feito o meu melhor trabalho. Agora, passo a vez para a próxima liderança, que fará sua própria jornada e terá suas próprias conquistas.

Se pudesse dar um conselho para a próxima pessoa que terá a oportunidade de aprender tanto quanto eu aprendi, diria para que observe a causa como sua responsabilidade, mas não como seu espaço

Sei que é pesado dizer isso, mas é mesmo tudo responsabilidade de quem lidera. Isso é algo que ao mesmo tempo te assusta e te motiva? Que bom! É provável que você esteja no lugar certo.

Porque quando você entende que tudo é sua responsabilidade, você se dedica a encontrar recursos, criar o melhor time, desenvolver áreas inéditas, garantir a alternância de poder e lidar com o desconhecido. Acima de tudo, lembre-se diariamente de que este espaço é e sempre será dos outros. Daquelas empresas e dos indivíduos que precisam deste lugar seguro chamado IAB Brasil.

Digo isso porque ocupei essa cadeira ao longo de mais de uma década e não teve um dia em que não acordasse pensando no que fazer diferente para dar certo.

Você vai ver que tem limitações. Que precisa de ajuda, suporte, informações, recursos.

Mas também vai poder voar, abrir portas e entender a potência de um coletivo.
E isso, ah, isso é um enorme privilégio!

Considere esse texto minha carta branca para que você crie o futuro do setor.
Faça-o com nobreza. Faça-o com intenção, um passo de cada vez.

Com confiança e coragem, sabendo que você poderá transformar histórias: a sua e a do IAB Brasil. Eu estarei no conselho para te apoiar como eu puder. Boa sorte!