Potencialidades do uso de QR Codes vão além do phygital
Rafael Krausz, do Yahoo Brasil, e Francisco Carvalho, da Gerencianet, detalham como isso pode ocorrer
Potencialidades do uso de QR Codes vão além do phygital
BuscarRafael Krausz, do Yahoo Brasil, e Francisco Carvalho, da Gerencianet, detalham como isso pode ocorrer
Renan Honorato
18 de novembro de 2022 - 6h03
As marcas e anunciantes encontram-se no cenário em que as métricas, quantificação e projeções são as diretrizes que marcam os passos das inovações. Ferramentas que auxiliam nessa mensuração e incentivem a interação B2C são rapidamente adotadas, como tem sido o caso do QR Code.
O principal benefício que as imagens em QR Code permitem aos usuários é a integração entre o mundo físico e o digital. Ou seja, uma ponte entre aquilo que é visto em mídias out-of-home (OOH) com as possibilidades das plataformas online. “O QR Code é a única forma que temos para capturar o momento em que usuário está em uma segunda tela e se permite interagir de forma ativa com determinado conteúdo”, diz Rafael Krausz, head of industry do Yahoo Brasil, ao explicar as praticidades da tecnologia.
Recentemente, em campanha para o WhatsApp (Meta), o Yahoo for Business usou códigos de QR para distribuir pesquisa por meio de TV conectada. Segundo dados disponibilizados, a iniciativa gerou CTR de 0.21%, com 77% de completion rate (11% acima do benchmark brasileiro) e 66 milhões de usuários impactados.
A tecnologia QR Code foi criada a fim de basear uma interação digital mais rápida e eficiente. Conhecido como Quick Response Code, os códigos barramétricos são evolução dos tradicionais códigos de barra. Enquanto esse último apenas conseguia trazer informações e variáveis em apenas uma direção (horizontal), os códigos QR conseguem armazenar dados verticalmente e horizontalmente. Em outras palavras, os QR Codes permitem que o desenvolvedor armazene muito mais informações naqueles quadriculados em preto e branco.
Em resumo, os QR Codes são metadados, ou seja, são imagens que carregam informações, como links de acesso e direcionamento bancário. Metadados são agrupamentos de informações, por exemplo: uma prateleira de livros pode ser considerada um metadado na medida que sustenta algumas unidades de dados (livros). O QR Code, à sua maneira, serve como vitrine que reúne nos quadriculados que formam o código em símbolos em uma estante.
As potencialidade de uso de QR Code, portanto, são vastas, tendo em vista que são os desenvolvedores que escolherão quais livros colocar na prateleira. Recentemente, o uso dos códigos bidimensionais foram alavancados pelo uso do Pix. “O QR Code é uma comodidade para o desenvolvedor que não quer imputar o código na plataforma”, explica o gerente de produtos do Pix da Gerencianet, Francisco Carvalho.
O desenvolvimento do Pix pelo Banco Central ocorreu colaborativamente entre bancos e instituições financeiras. “Todas as instituições de pagamento passaram pelo mesmo momento de pandemia, dos prazos curtos e do fazer acontecer para o lançamento em novembro”, comenta Carvalho. A proposta do Banco Central era arrojada: criar uma ferramenta que permitisse a transferência de valores por meio de sistemas totalmente digitais e de maneira instantânea.
Em suma, a construção colaborativa foi importante porque era necessária que todos os elos estivessem em sincronia para que fosse possível não apenas enviar, mas receber o Pix. “Era preciso que o banco do outro lado tivesse feito o dever de casa bem-feito, porque, se não, o arranjo não funcionaria”.
O Banco Central apelidou a forma de pagamento via Pix que é associado à imagem em QR de “Pix Cobrança”. No âmbito financeiro, os QR Codes podem ser usados de três maneiras principais: estáticos, dinâmicos para pagamento imediato e, segundo projeções, dinâmicos para cobranças futuras.
A principal diferença entre os QR Codes dinâmicos e estáticos é que, enquanto esse último carrega apenas informações primárias, os códigos dinâmicos carregam variáveis, como juros, data de vencimento e afins. “O QR Code permite um leque de configurações que ficam disponíveis para todos os participantes do sistema financeiro”, ressalta o especialista em modelos de pagamento via Pix.
Na esfera dos QR Codes dinâmicos, existem duas aplicabilidades previstas. O QR Code para pagamento imediato surgiu meses depois do lançamento do Pix, quando os e-commerces passaram a integrar o modelo de pagamento digital em suas plataformas. O comprador paga usando o Pix e, nos bastidores, há um arcabouço programático que libera uma série de autorizações que levam à efetivação do pagamento.
Por outro lado, os QR Codes de cobrança futuras funcionam a partir de um conceito programático conhecido como cobrança com vencimento (CobV). Nesse caso, o grande diferencial é que a imagem QR acaba servindo como um boleto, porém, com muitas outras funcionalidades agregadas, como códigos de juros, abatimentos automáticos e datas de vencimento.
Em outras palavras, nessa prateleira programática, os livros são colocados em determinada ordem que é acionada apenas por meio de comandos específicos. “O grande diferencial do Pix Cobrança para pagamentos futuros em relação ao boleto é liquidez imediata dos valores” comenta Carvalho.
“O QR Code é a forma mais direta de orientar o usuário a aplicar determinada ação” ressalta o head of industry do Yahoo Brasil. A tecnologia QR permite que as empresas tenham interação mais eficiente, entretanto, essa relação depende exclusivamente do usuário, portanto, pensar em estratégias que possam incentivar essa interação é um dos grandes desafios de marcas que queiram apostar nessa ferramenta.
Nas equipes criativas do Yahoo também existe o receio de as pessoas não engajarem com a campanha propagandeada por uma série de pormenores que podem ocorrer durante a comunicação. Por isso, para Krausz, há algo que pode ajudar a superar essas barreiras: a criatividade integrada às estratégias OOH. “Um QR Code alinhado com a mensagem é muito eficiente. A publicidade precisa pensar no meio em que será veiculada”, explica.
Um exemplo disso são as ações da Natura para divulgar o patrocínio ao Rock in Rio de 2022. A campanha aproveitou as telas programáticas para realizar a campanha em locais estratégicos. Um relatório do IAB (Internet Advertising Bureau), de novembro de 2020, apontou uma expectativa de aumento, até 2024, de 38% para o setor de digital out-of-home (DOOH). O segmento foi ampliado em 3,19% no Brasil durante o primeiro semestre deste ano.
Krausz, do Yahoo, aponta que um dos maiores desafios a serem superados, pensando em empresas multinacionais, é a estratificação criativa. “Muitas vezes, vêm um material globalmente direcionado que dificulta a atuação local da campanha, mas temos um time integrado que ajuda nessa interação”, comenta.
Segundo projeções futuras, o Banco Central pretende lançar outra funcionalidade associada ao modelo de pagamento imediato via imagem: o QR Code off-line. “Com o QR Code do pagador, começamos a falar de pagamentos off-line que vai representar uma autorização de pagamento para aquela pessoa que não está conectada à internet”, projeta Carvalho.
As instituições financeiras que estão no quadro de empresas parceiras do Banco Central pagam uma tarifa de R$ 0,10 para cada Pix realizado. “Se compararmos com tarifas de cartões e boleto, as tarifas do Pix são infinitamente mais baratas justamente porque, desde a concepção, o Pix foi pensado para ser um modelo de pagamento bom e barato”, ressalta o especialista da Gerencianet.
Outra aplicabilidade financeira futura dos códigos QR é o uso pelo varejo no open finance. O sistema financeiro aberto é a possibilidade de compartilhamento de informações de clientes entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central. Em contrapartida, no modelo vigente, uma instituição não consegue visualizar o relacionamento entre clientes e instituições.
“Com o open finance, o consumidor ao clicar no botão de compra será redirecionado imediatamente ao banco para autorizar o pagamento. Depois disso, retorna para a mesma página para conferir a efetuação do pagamento”, comenta Carvalho. E acrescenta: “É uma ferramenta sensacional e sem fricção que vai aumentar a conversão e vendas com toda certeza”.
Compartilhe
Veja também
Canva: sete tendências de design para 2025
Relatório identifica sete tendências que mostram como será o trabalho e a criatividade no ano que vem.
O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?
Ecossistema encara desafios como custo e aquisição de novos receptores e sincronia entre redes das geradoras e retransmissoras