Cofundador do Twitter volta ao SXSW para promover conexão na vida real
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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Cofundador do Twitter volta ao SXSW para promover conexão na vida real

Ev Williams refletiu sobre as transformações nas redes sociais e divulgou seu novo aplicativo, Mozi


8 de março de 2025 - 23h23

Em 2007, um ano após o lançamento do Twitter, os fundadores da plataforma, Ev Williams, Jack Dorsey, Biz Stone e Noah Glass estavam em Austin para o South by Southwest (SXSW). O site ganhou o Web Award daquele ano e sua presença ali dominou a conversa local. A revista Wired chegou a reportar que a melhor forma de entrar em contato com seus amigos no SXSW não era pelo telefone ou por email, e sim pelo Twitter. Dezoito anos depois, Ev Williams voltou ao SXSW, desta vez para lançar um novo aplicativo, o Mozi, mas com uma proposta oposta: usar a internet para conectar pessoas “na vida real”.

Baratunde Thurston entrevistou a CEO do Mozi, Molly Swenson, e Ev Williams

Baratunde Thurston entrevistou a CEO do Mozi, Molly Swenson, e Ev Williams (Crédito: Thaís Monteiro)

Além de sua contribuição como cofundador, CEO e membro do conselho do Twitter, Williams também é cofundador do Blogger, do Medium — em ambas as empresas, ele foi CEO — e da Obvious Ventures, venture capital que investe em startups. Williams também trabalhou para o Google, Odeo Inc e The Obvious Corporation. Atualmente, ele é chairman do Medium e do Mozi, mas investe em uma série de outras empresas de tecnologia, incluindo o Bluesky.

Ao fundar essas empresas, Williams relatou que não buscava criar conexões e sim fomentar a troca de conhecimentos. “Eu cresci em uma fazenda no Nebraska, não tinha muitos livros. Vi a internet como a maior biblioteca do mundo. Era mais intelectual do que social”, contou. O Twitter começou como um espaço em que era possível seguir outras pessoas para conseguir informações. Hoje, a internet como um todo se tornou social. Um dos momentos críticos para essa mudança foi a criação do Facebook, que tornou a vida privada algo público.

Até então, os usuários viravam amigos ou seguiam colegas. Quando as empresas começaram a perceber que uma bolha limitada de pessoas conhecidas não produzia conteúdo suficiente para manter a atenção e tempo dos usuários, mudaram os algoritmos para que o usuário recebesse conteúdo interessante e engajador de desconhecidos. “Hoje você pode seguir pessoas, mas não vai estar muito relacionado com o que você vai ver”, afirmou Williams.

Para ele, o Bluesky é um bom exemplo de plataforma que vai na contramão do algoritmo de recomendação, pois é possível escolher a forma como o algoritmo funciona, portanto, sem ficar sujeito a ele.

Com o passar dos anos, a vontade de se conectar foi substituída pela vontade de consumir. O executivo reconhece que as redes sociais mais populares ainda são úteis de diversas maneiras, como para ver conteúdo interessante e para naturalizar diferentes padrões de corpos e de beleza — uma vez que a mídia mainstream e centralizada dominava essa narrativa antes das redes sociais. Para ele, a mesma nuance existe no modelo de venda de espaços publicitários. “Monetização por publicidade é fonte de comportamentos muito disfuncionais, mas é o que torna as redes sociais gratuitas”, disse.

Para os fundadores do Mozi, já não é mais possível retomar o aspecto sociável das redes sociais. Mozi não se denomina uma rede social. “As redes sociais não foram criadas para conexão real. Foi desenhada, no melhor cenário, para ajudar pessoas a compartilharem ideias e informações e aumentar a lista de pessoas que você conhece. Os replies e curtidas são features que dão a sensação de conexão, mas não era o objetivo. O design das redes sociais foi criado para maximizar o consumo”, refletiu Ev.

O que o Mozi?

Williams cofundou o Mozi com Molly Swenson, CEO do aplicativo. O sistema acessa a lista de contato telefônica do usuário para criar uma espécie de rede social privada, em que as publicações só estão disponíveis para os contatos do usuário. Não há como os demais usuários descobrirem seu perfil, a não ser que ele seja seu contato. O objetivo da plataforma é transformar as trocas ali em encontros no mundo externo e fora do digital.

A sua criação partiu de problemas enfrentados pelos cofundadores, que perceberam que não sabiam mais onde seus amigos estavam morando e nem como encontrá-los. Para Williams, as redes sociais não são realmente sociais, assim como performar conteúdos, ser social é estar em contato e fomentar encontros. “Estamos criando o Mozi para que você não fique no app. Não achamos que a conexão digital pode substituir o contato real”, explicou Molly.

Para Molly, as redes sociais atuais funcionam em uma dinâmica aditiva, em que o usuário faz uso da plataforma mesmo quando não faz sentido ou lhe faz mal. Nessa dinâmica, o usuário é sugado para o consumo de conteúdo e produtos desnecessários para seu dia a dia.

Por enquanto, o Mozi se mantém a partir de investidores. Não possui modelo de anúncios ou assinaturas. A lista de investidores é estrelada. Contêm fundadores do Foursquare, do Musical.ly, o CEO do OnlyFans, entre outros. “São empresários incríveis e pacientes, que esperam nós entendermos qual modelo de negócio vamos seguir”, explicou Molly.

A empresa estuda criar ferramentas premium, mas não quer implementar tais soluções antes de ter uma base robusta, pois modelos pagos podem afastar potenciais usuários. Molly dividiu que muitos usuários são avessos à publicidade na plataforma e dizem preferir pagar à receber publicidade.

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